Foreclosed é um jogo de ação e tiroteio em 3D linear com foco na narrativa. Ele é criado por um time pequeno, mas esforçado, e ambiciona ser muito mais do que seu orçamento parecia capaz de produzir. Essa descrição serve exatamente para Past Cure, e a gente sabe como esse saiu. Será que este se deu melhor? Descubra na nossa análise Foreclosed.
ANÁLISE FORECLOSED HISTÓRIA
Foreclosed é, antes de qualquer coisa, uma história cyberpunk. Você controla um sujeito cujos implantes – a única forma de fazer compras e “existir” em sociedade – foram desativados. O jogo começa com um objetivo simples: esteja no tribunal até as quatro da tarde, ou será considerado hostil. Bora lá?
Acontece que, do mais absoluto nada, capangas contratados começam a caçar nosso heroi. O que está acontecendo? Como escapar? E como chegar no tribunal a tempo – e vivo? Esta é a história de Foreclosed.
ANÁLISE FORECLOSED GAMEPLAY
O gameplay de Foreclosed é de um third person shooter, convenhamos, fraquinho. A mira ou é muito rápida ou muito lenta (parece que do 0 para o 1 tem mais diferença do que do 1 para o 7) e os tiros carecem de impacto. Há apenas uma arma, mas você pode melhorá-la com vários poderes legais, como balas que explodem ou teleguiadas.
Há também alguns poderes, em geral focados na telecinese. Porém, isso não é Control. O gameplay de Foreclosed é muito mais travadão e menos cheio de adrenalina. A IA não é muito boa, e meio que graças a Deus, sabe? Porque se um inimigo chega perto de você, não há chance nenhuma de sobreviver, então é bom que, se você se abaixar atrás de uma cobertura, vai ficar praticamente imune.
Em seus melhores momentos, você mata um inimigo jogando um extintor nele com o poder da mente, enquanto levita outro e o enche de pipocos teleguiados. Porém, a ação em si é muito menos empolgante do que pode parecer por essa descrição.
A NARRATIVA DE FORECLOSED
O que realmente se destaca em Foreclosed é seu estilo narrativo. Os gráficos parecem de uma graphic novel. Aliás, digo mais, parecem os desenhos de Watchmen. A influência de quadrinhos adultos é enorme no jogo inteiro. É comum a câmera mostrar vários ângulos ao mesmo tempo, ou o que acontece em outros pontos do cenário. É a mesma tática de XIII, mas eu diria que Foreclosed lança mão disso com ainda mais qualidade.
E o melhor, praticamente toda sua história é contada dessa forma estilosa e sem interromper o gameplay. Veja só as imagens abaixo, e tenha em mente que todas elas foram capturadas enquanto eu controlava o personagem.
Quase todos os jogos indies contam suas histórias com desenhos estáticos. Foreclosed deixa claro que, com uma boa dose de criatividade, é possível criar narrativas muito mais estilosas e envolventes, sem precisar do enorme orçamento que o “estilo cinema” de um The Last of Us 2 exige.
Até a popular stealth kill, uma das habilidades mais comuns e batidas dos games, é feita com pompa por aqui. Se liga:
ANÁLISE FORECLOSED E O LEVEL DESIGN
O dinamismo não é passado para o combate. Este, como falei lá no início, é bastante truncado e lento. Os controles simplesmente não são muito bons. E quando o gameplay não é combate, é mais chato ainda, pois envolve ficar encontrando três ou quatro coisinhas guiado por um radar nada preciso. A porta de saída só abre quando você encontra todos.
As fases são lineares, mas isso não é um problema para mim. Este é o melhor jeito de contar uma história, afinal de contas. Mas os checkpoints podiam ser menos espaçados, e há alguns bugs bem pentelhos. Em especial, caso você pegue um colecionável (“sinais” que dão XP) e morra no mesmo checkpoint, seu XP some, e o colecionável também. Para piorar, o final verdadeiro exige pegar todos os colecionáveis, então se você morrer logo depois de pegar um, o final fica travado para você, mesmo que você pegue todos os outros. E sim, aconteceu comigo.
ENTRETENIMENTO DE UMA TARDE
Assim, Foreclosed não é exatamente um jogaço. É de mediano para bom, mas acaba sendo satisfatório por exalar tanto estilo o tempo todo. Ajuda o fato de jogos de tiro lineares e focados na história serem extremamente raros em 2021. E também ele ser curtinho. Para você ter uma ideia, eu comecei a jogar depois do almoço, terminei na mesma tarde, e ainda escrevi essa resenha, colocando o ponto final antes das 18h30m. E isso é bom. Eu prefiro muito mais um bom entretenimento de uma tarde do que um que me deixe entediado por semanas.
Com o estilo e ambição demonstrados aqui, sem dúvida a turma da Antab Studio pode ter um futuro brilhante. E eles conseguiram fazer muito com o que tinham disponível. Vamos ver o que essa turma vai aprontar agora.
CURIOSIDADE:
Olha que curiosa a diferença de tamanho entre as versões de PS4 e PS5. A de PS4 tem o dobro!