Eu comprei Dragon’s Crown quando ele saiu para o PS3 em 2013. Esperava um beat’em up, um dos meus gêneros preferidos. Para minha surpresa, no entanto, ele era também um RPG. E assim, acabou se tornando, ao lado de Borderlands, um dos primeiros RPGs nos quais eu realmente investi bastante tempo. Cinco anos depois, ele chega ao PS4, agora chamado de Dragon’s Crown Pro.

MAS O QUE REALMENTE MUDOU?

Muito pouco. Agora o jogo está em 4K para quem jogar no PS4, mas eu sinceramente não consegui ver melhorias comparando com o que tinha na minha memória (talvez ver um vídeo de comparação indique maiores diferenças). Dragon’s Crown era, no PS3, um dos jogos mais bonitos já lançados. Ele continua igualmente lindo nesta versão.

Dragon's Crown Pro, Delfos
Paga um pau pra essa coisa linda!

O visual é desenhado a mão, mas o que o torna especialmente lindo é o design dos personagens. O nível de detalhes é impressionante, além de ser tudo muito colorido e chamativo. Para completar, ele tem algumas das moças mais gostosas dos games. A feiticeira, aliás, talvez seja a personagem mais sexy e sexualizada desta mídia.

Dragon's Crown Pro, Delfos
E ela é mestre em ficar em posições que mostrem a bunda e os peitos ao mesmo tempo.

Muita gente se incomodou com este design sexualizado na época do lançamento e de fato a coisa beira o hentai. Mas é inegável a qualidade artística dos desenhos e a quantidade de talento e capricho em cada frame do jogo. Além disso, não é como se os homens tivessem escapado de terem proporções absurdas.

Dragon's Crown Pro, Delfos
E eles têm até polêmicos mamilos.

Algo que costuma ser melhorado em relançamentos de jogos em novas gerações são os framerates, mas acredito que neste caso não houve melhoras (até porque isso não está nos bullet points deste relançamento). Isso aqui não é uma questão de performance. Cada frame é desenhado a mão individualmente, como um desenho animado antigo, então para aumentar o framerate seria necessário novos desenhos.

Isso não significa que a animação é ruim. Por ser um jogo em 2D, 60 fps não é tão necessário, e os personagens ainda se movimentam como um animê. Para ser mais exato, é mais simples do que um desenho estadunidense, como um da Disney, mas ainda é bonito e impressionante.

Dragon's Crown Pro, Delfos

Além do visual em 4K, há outra novidade: todas as músicas do jogo foram regravadas, agora com uma orquestra. Parece que faria uma tremenda diferença, mas assim como os gráficos, a trilha já era excelente em sua forma sintetizada e continua excelente orquestrada. Este é um caso que dá para comparar diretamente, no entanto, pois você pode alternar entre as duas versões das músicas pelos menus.

NOVO, MAS NEM TANTO

Dragon’s Crown Pro traz algumas coisas dignas de nota para aqueles que já o possuíam no PS3. Ele não é cross-buy, mas é cross-save. Ou seja, dá para você baixar o seu save do PS3 e continuar seu personagem aqui. Isso é legal, pois embora eu não o jogasse desde 2014, eu tinha um personagem de nível 90 no qual investi quase 40 horas.

Dragon's Crown Pro, Delfos
O save da minha versão de PS3, ainda intacto depois de quatro anos.

O problema é que meu personagem era um mago chamado Magicus, a classe recomendada para jogadores de nível avançado. E eu não lembrava mais de todos os pormenores do gameplay com magia. Desta forma, resolvi começar um novo char, desta vez um com habilidades completamente diferentes. Então escolhi o lutador bombado, e batizei-o de Bombius.

Dragon's Crown Pro, Delfos
Bombius, delfonauta. Delfonauta, Bombius.

A classe lutador é recomendada para iniciantes, e ela de fato é muito mais simples do que as que usam magia. Basicamente, você tem ataque direto e defesa. O mago, por outro lado, precisa segurar quadrado para carregar a mana e então usar seus ataques mágicos devastadores. O lutador é mais old-school, mas jogar com o mago é bem mais divertido, uma vez que envolve invocar trovão, vento, fogo e outras habilidades absurdamente poderosas.

Dragon's Crown Pro, Delfos
Olha o design desse gênio!

Outra coisa que me chamou a atenção é que, embora Dragon’s Crown Pro não seja cross-buy com sua versão baunilha, ele divide os mesmo troféus. Então, ao contrário de todos os remasters que joguei até o momento, não dá para aumentar seu gamerscore fazendo coisas que já fez antes e nem para conquistar um segundo troféu de platina. Não que eu tenha conquistado o primeiro.

MAS COMO É O JOGO?

Se você não jogou Dragon’s Crown no PS3, eu tenho inveja de você. Afinal, você terá a chance de descobrir este jogo fantástico. Uma boa forma de defini-lo é como a resposta para a pergunta: “E se Destiny fosse um beat’em up?”.

Dragon's Crown Pro, Delfos
E tivesse sereias cuja parte peixe começasse abaixo do bumbum?

Basicamente, o jogo se divide em duas partes distintas. As fases são um beat’em up tradicional. Ande para a direita e mate tudo que se mexe. Entre as fases, você volta para a cidade para a parte RPG. Lá, você vai conversar com os personagens, pegar novos quests e, principalmente, analisar seu loot e equipar o que popou de mais interessante na fase anterior.

A história é basicamente linear, com uma fase depois da outra e sidequests que pedem para você repetir as fases e cumprir desafios específicos. Boa notícia para quem já fez tudo antes: dá para pular as sidequests e receber os skillpoints, apenas abrindo mão do XP.

Dragon's Crown Pro, Delfos

Como eu já joguei bastante e o dinheiro é compartilhado, já tinha o suficiente para não fazer diferença. O XP dói mais para abrir mão, mas a história é suficientemente fácil para você não ficar underleveled.

Assim como Destiny, é depois da campanha que o jogo realmente começa. Dragon’s Crown te incentiva a continuar jogando e é aí que ele entra forte no modo RPG. Afinal, como a dificuldade começa a subir consideravelmente, se torna necessário usar equipamento pintudo e utilizar itens e magias com inteligência.

Dragon's Crown Pro, Delfos
Hehe, olha o bumbum do minotauro!

Aí entra também o coop. Dragon’s Crown Pro pode ser jogado em cooperativo online com pessoas jogando qualquer versão do jogo. E mesmo neste período pré-lançamento, a coisa já está funcionando muito bem, com jogadores entrando rapidinho.

Dragon's Crown Pro, Delfos
Dá para jogar Dragon’s Crown Pro em até quatro pessoas.

E mesmo que não tenha gente online, você pode jogar com NPCs que entram automaticamente no seu jogo ou podem ser escolhidos e recrutados. Conforme a dificuldade avança, ter um time azeitado se torna ainda mais importante. E a coisa fica muito melhor jogando com amigos.

DRAGON’S CROWN PRO

Dragon's Crown Pro, Delfos

Normalmente eu não sou muito de ficar repetindo as fases de um jogo para pegar loot, mas assim como Destiny, isso funciona bem em Dragon’s Crown simplesmente porque sua jogabilidade é muito gostosa.

Ele tem também uma progressão fácil de compreender. Embora, no final das contas, você repita as mesmas fases várias vezes, a dificuldade vai aumentando linearmente e o jogo dá desculpas narrativas para continuar sua aventura.

Dragon's Crown Pro, Delfos
Olha o nível de detalhes dessa água, meu!

Assim, ao contrário de Destiny, mesmo quando eu parei de jogar Dragon’s Crown, lá em 2014, eu nunca cheguei a ficar #chatiado com ele. Pelo contrário, guardei-o com carinho na minha memória como um dos jogos em 2D mais legais da geração passada.

Acho difícil que eu tenha tempo para investir nele hoje em dia a ponto de levar o Bombius até o mesmo nível para o qual levei o Magicus. Mas gostei da possibilidade de jogar mais um pouco dele nos consoles atuais.

Dragon's Crown Pro, Delfos

Verdade, sendo vendido a US$50, ele já era consideravelmente mais caro do que outros jogos 3D. Eu sei, é quase o preço de um AAA. Na época, porém, eu senti que ele justificou o preço e me diverti muito com ele. Hoje, considerando que se trata de um jogo de cinco anos atrás, é mais difícil justificar a compra. Porém, aqueles que investirem o dinheiro e o tempo necessário dificilmente vão se arrepender. Dragon’s Crown é deveras tremendão!