Pouco mais de um ano atrás, a Crytek nos abençoou com o relançamento do clássico Crysis, inspirador de tantos memes e piadas gamers. Infelizmente, a remasterização tinha sérios problemas, sendo quase não jogável no Xbox One X. Quem estivesse a fim de jogar toda a história de uma vez, no entanto, teve que esperar até outubro de 2021, pois finalmente foi lançada a coleção completa. É hora da nossa análise Crysis Remastered Trilogy.

ANÁLISE CRYSIS REMASTERED

O código de review que a Crytek enviou ao DELFOS dava acesso aos três jogos, em suas versões de Xbox One (que rodam de forma turbinada no Xbox Series X). Como eu já tinha Crysis Remastered na mesma plataforma, ele nem precisou ser baixado. A versão de Crysis que está nessa coleção é a mesma que eu analisei em 2020.

Análise Crysis Remastered: será que o Xbox One X roda Crysis?

Ela continua com framerates terríveis, e sérios problemas técnicos. Mesmo um ano depois, meu save que quebrou meu jogo continuava quebrado. Para essa análise, eu optei por reiniciar a última fase e jogá-la inteira de novo na esperança de chegar ao final antes de começar Crysis 2. E eu sofri bastante, viu? É incrível que, mesmo no Xbox Series X, a performance do primeiro Crysis continua fraca. Isso me desanimou muito quando estava para começar Crysis 2 Remastered. Porém, felizmente nele as coisas funcionam muito melhor.

ANÁLISE CRYSIS REMASTERED TRILOGY

Crysis 1 tem três modos de jogo: performance, qualidade e ray tracing. Todas apresentam problemas. Crysis 2 3, no entanto, têm um modo único. E este modo roda suave no Xbox Series X, finalmente possibilitando que a gente desfrute do espetáculo técnico que é a série Crysis.

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Cuidado com o terremoto!

Para não dizer que a coisa é tecnicamente perfeita, tem algo errado com a implantação do HDR/Dolby Vision. Crysis 2, em especial, é claro demais. A ponto de que você perde os detalhes de prédios e coisas mais distantes. E não há opção de desligar o HDR. Então eu fiz algo que nunca faço: diminui quase todo o brilho. O jogo continuou muito claro, mas agora dava para ver melhor. Crysis 2 é tipo o oposto de Doom 3.

MENOS “LINEAR LARGO”, MAIS ADRENALINA

Outra coisa que mudou entre Crysis e suas continuações é o level design. Agora ele não mais opta por aquelas fases super largas, com várias formas de abordar os combates. A coisa aqui é mais um linear tradicional. Cinematográfico como um Call of Duty. Aliás, a primeira metade do jogo, durante a qual você praticamente só luta contra outros humanos, é talvez um pouco parecida demais com Call of Duty.

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Podia ser uma imagem de Modern Warfare, mas é de Crysis 2 Remastered.

Eu absolutamente respeito sua opinião se você gostava mais do estilo próximo de um immersive sim do Crysis original. Todo mundo tem gostos diferentes, mas para mim essa “pequena” mudança elevou a diversão de Crysis 23 ao 11.

AINDA TÁTICO

Embora as fases sejam mais lineares, Crysis 2 não abandonou o lado tático de seu antecessor. Uma de suas habilidades é ativar o visor, que vai mostrar abordagens táticas para o combate, onde tem armas poderosas e mesmo áreas que você pode se infiltrar furtivamente ou no estilo “Rambo”.

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Cada destaque amarelo é uma abordagem diferente para o combate que se aproxima.

Crysis 2, no entanto, tem uma IA impiedosa. Você até consegue matar alguns inimigos furtivamente, mas não demora para a coisa ficar “all guns blazing“. Crysis 3 traz maiores possibilidades de você escolher um estilo de gameplay e ficar nele, ou alternar quando desejar.

CRYSIS 2 REMASTERED

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Para este review, eu joguei toda a campanha do Crysis 2. Vou investir mais profundamente em Crysis 3 no futuro, uma vez que eu o joguei no PS3 e lembro bem dele (e é ótimo!).

Se as imagens dessa matéria até agora mostram o jeitão Call of Duty de Crysis 2, a coisa muda radicalmente quando começam a aparecer os alienígenas.

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Olha esse cenário que bacana!

Os cenários ficam mais abstratos, mais verticalizados. E o próprio combate é bem diferente. Os humanos morrem com poucos tiros, como em Call of Duty, mas os ETs precisam de uma saraivada de balas, semelhante a um Gears of War. O jogo fica mais difícil quando os aliens entram na jogada, mas fica também mais especial. Se afasta do jeitão de shooter militar que tinha no começo, que também é bom, mas é consideravelmente mais comum.

ANÁLISE CRYSIS REMASTERED TRILOGY É UM PACOTÃO DE AÇÃO

Ainda hoje, eu tenho limitações em recomendar o primeiro Crysis Remastered, mesmo que você possa jogá-lo no Xbox Series ou no PS5. O retrabalho técnico feito nele simplesmente não foi o suficiente para que ele rodasse bem. Porém, essas limitações desaparecem completamente quando falamos das versões remasterizadas de Crysis 2 e 3.

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Crysis é remanescente de uma escola de game design que não existe mais. Hoje em dia está na moda fazer o jogador se sentir impotente, oprimido. Crysis, por outro lado, tem a intenção de dar poder ao jogador. Definitivamente Crysis não é um jogo fácil em sua dificuldade normal, mas apesar disso, ele permite que o jogador brinque de ser um super-herói quase invencível, o que anda simplesmente raro demais hoje em dia. Assim, se você sente falta de jogos de ação que dão um monte de superpoderes e habilidades táticas, vale muito a pena comprar Crysis Remastered Trilogy, mesmo que o primeiro jogo não esteja tecnicamente no mesmo nível dos outros dois.

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Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-crysis-remastered-trilogy-super-soldado-ftwDisponível: PS4, Xbox One, Windows, Switch<br> Analisada: Xbox Series X (retrocompatibilidade)<br> Desenvolvedora|: Crytek<br> Editora: Crytek<br> Lançamento: 15 de outubro de 2021<br> Gênero: FPS<br>