Em 2017, fomos surpreendidos pelo retorno de Bubsy, um mascote semi-esquecido da época dos 16-bit. O jogo em questão, The Woolies Strike Back teve uma recepção bastante agressiva da crítica. Eu, embora veja seus problemas, ainda me diverti com ele. Mais surpreendente do que seu retorno 21 anos depois do quarto jogo, no entanto, é que em menos de dois anos ganhamos uma continuação. Esta é minha análise Bubsy: Paws on Fire!
ANÁLISE BUBSY: PAWS ON FIRE!
Este sexto Bubsy reinventa a roda. Ele mudou de desenvolvedora e de gênero. A nova criadora é a Choice Provisions, da tão divertida quanto hardcore série Runner. Esta seria uma boa oportunidade para a Choice Provisions mudar de gênero e mostrar que é mais do que um pônei de um truque só. Porém, ela resolveu ficar na sua zona de conforto. Ao invés de mudar o gênero em que trabalha, mudou o gênero do Bubsy.
Ou seja, nada de exploração. Paws on Fire! é um jogo de ritmo. Seus personagens correm automaticamente para direita e você deve apertar botões bastante específicos para se manter vivo. Se você jogou os anteriores da Choice Provisions, sabe o que vai encontrar aqui. Ele na verdade é bem mais próximo de um Runner4 do que de um Bubsy 6.
Até as animações dos personagens corredores parecem ser as mesmas do Commander Video e sua turma, apenas com skins tematizadas do Bubsy. Há, porém, bem mais variação. São quatro personagens jogáveis, e todos são controlados de formas diferentes e têm fases únicas.
OS CORREDORES: BUBSY E VIRGIL
Bubsy, o protagonista, é praticamente o Commander Video de Runner. Ele pula alto, plana, soca. É o personagem padrão, e o ponto de entrada para o jogo.
Virgil é mais técnico. Seu salto é mais baixo, mas ele tem pulo duplo. Ele também é capaz de se abaixar e de se jogar com força em trampolins que o arremessam ao alto.
Basicamente, as fases de Bubsy são o modo normal, e as de Virgil o hard. Embora parecidos, eles têm algumas diferenças pontuais nas mecânicas que os tornam suficientemente diferentes para causar uma estranheza quando você passa de um para o outro. Por exemplo, para o Bubsy pular alto, você segura o botão. Para o Virgil, é necessário apertar duas vezes.
CHEGOU O DISCO VOADOR: WOOLIE E ARNOLD
Woolie vem em um disco voador e traz uma experiência completamente diferente dos corredores. Com ela, você voa e atira. Sim, o jogo da Woolie é um game de navinha estilo R-Type.
Você pode se movimentar livremente pelo cenário e mata os inimigos a tiros. Tem até power-ups para a sua arminha, que aumentam o dano ou o espaçamento das suas balas. É bem interessante e bastante divertido.
Por um lado, é a campanha mais fácil de sobreviver de Paws on Fire!. Por outro, é a mais difícil de fazer 100% nas fases, pois parece quase impossível coletar todos os novelos.
E daí temos Arnold. Arnold é um tatu e suas missões são em 3D. Lembra das fases bônus do Sonic 2, do Mega Drive? É literalmente igual.
Arnold rola em alta velocidade em um tubo e joias vêm na sua direção. Tente pegar todas e evite os obstáculos que bloqueiam sua visão. Para liberar uma fase com Arnold, é necessário coletar três partes de um medalhão com cada um dos três personagens “normais”.
Em suas fases, não dá para morrer, então se você conseguir liberar uma delas, é praticamente uma medalha grátis que o jogo dá para você.
MEDALHAS
As medalhas são importantes. Cada vez que você cruza o final de um estágio, ganha uma. Para acessar o estágio seguinte, sempre há um requerimento de medalhas. No primeiro mundo, por exemplo, você precisa conseguir duas das quatro medalhas possíveis para avançar para o próximo ato. Depois a coisa vai ficando mais cascuda.
Isso significa que é necessário alternar entre os personagens para progredir, na prática jogando cada fase de duas a quatro vezes, dependendo do próximo requerimento. Isso não chega a ser exatamente um problema, uma vez que cada personagem tem estágios diferentes na mesma casa do mapa. Na minha experiência, eu também consegui chegar ao fim sem precisar ficar fazendo grinding, pois os requerimentos são baixos o suficiente para você poder pular algumas fases e continuar avançando.
MENOS HARDCORE
Runner3 era um jogo ridiculamente hardcore. Você morria tanto em suas fases de dois minutos que quando ia ver, já estava na mesma há mais de uma hora. Felizmente, Paws on Fire! dá uma bela aliviada nisso. Há agora três checkpoints por estágio (em Runner era apenas um), e tiraram tudo que era desnecessário, como colecionáveis escondidos que liberavam fases secretas ou o tiro de canhão no final das fases.
Ainda é difícil fazer 100%, pois há 150 novelos de lã em cada missão. Graças à barba trançada de Tutatis, no entanto, estes novelos servem apenas para comprar skins, então dá para focar nos medalhões que liberam o Arnold – que nunca estão escondidos, mas às vezes exigem habilidade.
A única coisa relacionada à progressão na campanha são as medalhas, e esta você ganha simplesmente por cruzar a linha de chegada.
Até mesmo os troféus deram uma bela aliviada. Antes era necessário pegar tudo e fazer tudo. Agora a coisa é bem mais suave. O único troféu mais difícil é um que desafia o jogador a fazer a última fase do Bubsy sem morrer, mas com um pouco de estratégia consegui de primeira. Esta foi a platina mais rápida da história para mim.
BUBSY X CHOICE PROVISIONS
Fco em dúvida se este jogo diferente é uma boa notícia para fãs de qualquer uma das séries. Fãs mais casuais de Runner provavelmente não vão saber que este é praticamente uma continuação. Já quem gosta do Bubsy pode ficar decepcionado pela mudança de gêneros.
Eu me encontro entre os dois. Gosto de Runner e sou o único jornalista que conheço a escrever uma análise positiva para o The Woolies Strike Back. Desta forma, eu gostei de Paws On Fire!, mas receio que ele fique esquecido como aquela ovelha negra ou, vá lá, um simples spin-off do Bubsy.
