Blazing Chrome é um jogo que mostra a que veio nos seus primeiros minutos. Assim como Gato Roboto e Timespinner, é uma clara homenagem a um clássico antigo. Neste caso, o homenageado é Contra, aquele clássico de tirinho que foi adaptado para o cinema pelo DELFOS. E agora já sabe, chegou a hora da nossa análise Blazing Chrome.
CONTRA QUEM? Análise Blazing Chrome
Sabe, eu sou uma das poucas pessoas que conheço que cresceu jogando consoles de 8 e 16-bit, mas não tem uma relação afetiva com Contra. Sempre os achei difíceis demais, em especial pela fragilidade dos herois, que morriam ao encostar em um inimigo ou ao retroceder um pouquinho na fase.
Ao mesmo tempo, sempre fui um tanto fascinado pela série. Assim que ganhei um Gameboy, fui atrás de jogar Contra. Quando saiu um Contra para Mega Drive, dei um jeito de jogar. Eu nunca aguentava jogar muito tempo ou chegava muito longe, mas sempre dava um jeito de experimentar cada lançamento.
Achei que seria o caso com Blazing Chrome. Não foi. A sensação de jogar este é bem semelhante à de Contra assim como Horizon Chase Turbo imediatamente remete a OutRun. Porém, sabe que aqui deu liga pra mim? Algo na construção e no gameplay de Blazing Chrome fez com que ele me empolgasse de um jeito que Contra nunca empolgou.
ALTA TECNOLOGIA
Apesar da óbvia influência a Contra, Blazing Chrome funciona como um jogo de arcade. Ele tem, por exemplo, uma grande quantidade de vozes em bitragens baixas, dignas dos flipers dos anos 90. E eu acho isso muito legal.
Assim como estes arcades, ele também traz uma grande quantidade de efeitos que eram a maior novidade no início dos anos 90. Os inimigos, por exemplo, vêm para o campo de batalha da frente da câmera, revitalizando o zoom, uma das técnicas gráficas mais desejadas da época.
Tem até uma fase em que seu herói vai voando em um tunel “3D”, que literalmente me arrancou gargalhadas quando vi.
Isso tudo faz com que Blazing Chrome represente o ápice da tecnologia gráfica… de 1992! E isso o diferencia de tantos outros jogos pixelados que vemos toda semana. Artisticamente, verdade, este não é um jogo tão bonito quanto os fliperamas da época que ele emula. Sunsetriders, também da Konami, por exemplo, é muito mais bonito. Blazing Chrome parece um jogo de Mega Drive. Aliás, ele literalmente parece com o Contra de Mega Drive.
O que deixa Blazing Chrome mais legal, no entanto, é a forma como animações, sons e efeitos combinam para dar ao jogo um sabor especial. Tudo aqui explode, e explode de formas muito satisfatórias. Seus inimigos são máquinas, mas ao levar tiros, eles se dividem em pedacinhos explosivos. Os chefes, então, geram explosões enormes, de ocupar a tela inteira.
TRUEZA
Uma das coisas que me afastavam do Contra lá nos anos 80 e 90 era a trueza que o rodeava. Muita gente se sentia machão por terminar o jogo sem o código de 30 vidas. Era quase como a carteirinha gamer de hoje, e igualmente obnóxio.
Eu tinha medo que Blazing Chrome seguisse essa linha. Ou seja, fosse um jogo dificil e frustrante pra caramba. Felizmente, ele se preocupa com acessibilidade, ainda que não seja tão acessível quanto eu gostaria.
A quantidade de vidas que você terá depende da dificuldade escolhida (sete no fácil, cinco no médio, etc). Morrer volta do mesmo lugar. Porém, quando as vidas acabam, é necessário usar um continue. Há continues infinitos, felizmente, mas eles voltam para o início da tela. Cada fase tem várias telas, então elas servem como checkpoints.
Porém, não é tão generoso assim. Algumas telas têm três chefes, por exemplo, e morrer no último exige lutar contra todos de novo. A coisa é muito menos frustrante do que era num jogo realmente lançado nos anos 90, mas cá entre nós, eu gostaria de jogar Blazing Chrome como um fliperama mesmo.
Sabe como funcionam estes arcades relançados recentemente, tipo o Capcom Beat’em Up Bundle? Tipo, ao perder todas as vidas, você simplesmente aperta start e continua jogando de onde parou. Isso, a meu ver, deixaria Blazing Chrome uma experiência low stress e altamente divertida, o que faria com que eu o jogasse dezenas de vezes.
Isso também faria com que ele parecesse mais curto. Minha primeira campanha, no easy, durou duas horas, mas se você tirar a repetição, acredito que duraria uns 40 minutos. É mais ou menos a duração de um fliperama, e tudo bem. Mas sei que o mercado poderia ter problemas com isso. Tem gente que prefere ficar entediada por 20 horas do que ter uma hora de diversão intensa hoje em dia.
Depois de terminar a campanha pela primeira vez, você destrava dois personagens que não atiram. Isso modifica completamente o jogo, tornando-o mais próximo de um Ninja Gaiden (em especial a versão mais rápida do Game Gear). Tem também um modo espelho, que faz você andar para a esquerda, e um boss rush.
PROBLEMAS GRAVES
Apesar de eu ter sido só elogios até aqui, há tambem alguns problemas graves. Entrar nas leaderboards, por exemplo, faz o jogo travar e voltar para o painel do PS4. Além disso, apesar de ser um jogo brasileiro, os textos em português estão tão absurdamente ruins que deixa mais fácil de entender jogando em inglês.
O mais grave, no entanto, é o som, que é absurdamente baixo. Para você ter uma ideia, eu costumo jogar no volume 25. Em Blazing Chrome, eu precisei aumentar até o 55 para conseguir ouvir algo (o máximo do meu sistema de som é 60). E é uma pena, porque as músicas e as vozes são muito legais.
Não dá para saber se isso foi uma decisão da JoyMasher ou se é um bug. Acredito que é este último caso, e espero que seja corrigido, pois eu gostaria de ouvir melhor o jogo.
Por fim, os troféus do jogo não podem ser sincronizados – ou mesmo acessados – quando você está online. Isso é algo comum em período pré-lançamento para evitar spoilers, mas isso ainda está acontecendo hoje, em 15 de julho. E isso significa que mesmo quando quero acessar os troféus de outros jogos, tenho que esperar a tela de sincronia por uns cinco minutos até o PS4 me deixar ver minha coleção.
LET’S BLAZE SOME CHROME
É possível que os problemas que encontrei sejam resolvidos com patches e, se for o caso, minha única crítica que se manterá ativa é a ausência de um modo “vidas infinitas”. Mesmo com os continues voltando um pouco na fase, no entanto, Blazing Chrome é um daqueles raros casos de uma homenagem que superou o homenageado. Se você gosta de um run and gun old school, não deixe de jogar.
