Dreams, você sabe, é o mais recente lançamento da Media Molecule. Basicamente, é um programa que possibilita que os jogadores criem seus próprios jogos, especialmente covers de Super Mario. Este texto, no entanto, não vai falar sobre isso. Esta é uma análise Art’s Dream, a campanha feita pela Media Molecule para mostrar o que é possível fazer com seu programa.

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Mas obviamente, o que os jogadores realmente querem é jogar Mario no Playstation. E sim, isso é uma tela de Dreams.

ANÁLISE ART’S DREAM

Art’s Dream é a combinação de três jogos, divididos em algumas dezenas de capítulos, que contam a história de Art, um baixista de jazz que brigou com a sua banda, mas quer voltar e fazer as pazes.

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Are you ready to jazz?

A história e o visual são bastante surreais. E, claro, a gente sabe que de fato o jogo foi feito com as ferramentas de Dreams, mas convenhamos, quantos jogadores que se aventurarem com o programa se darão ao trabalho de contratar músicos, atores, etc? Atores, especialmente, andam super raros em games, só começando a aparecer em jogos de médio para alto orçamento e, todos abaixo disso (e a Nintendo, mesmo em suas superproduções) optando por contar suas histórias em textos.

Por que alguém faria um investimento desse naipe para criar algo que vai ficar preso em outro jogo, sem poder vender – e pior, com uma marca d’água pentelha o tempo todo (repare no canto inferior direito das imagens dessa matéria). A Media Molecule até divulgou um programa que possibilita uso comercial das criações, mas isso será limitado a quem for selecionado pela empresa.

Assim, Art’s Dream invariavelmente é o que de melhor, ou pelo menos de mais elaborado, em Dreams. E até é bacana, mas se compararmos com campanhas como Super Mario MakerLittleBigPlanet, é bem mais um bônus do que um prato principal.

OS JOGOS DE ART’S DREAM

O grosso da campanha se divide em um plataforma 3D tradicional, um puzzle plataforma, e um point and click.

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O plataforma tradicional tem um visual bem estiloso.

No primeiro, você controla dois personagens. Um com ataques à distância e outro corpo a corpo. Apesar de ter combate, este demora bastante para começar a aparecer. Eventualmente, ele flerta com a ação de um twin stick shooter.

No segundo plataforma, o focado em puzzles, você controla um robozinho, e eventualmente dois, com habilidades que devem ser usadas de formas específicas para avançar. Este foi o que mais gostei dos três, especialmente depois de algumas fases, quando os cenários ficam mais coloridos. E a elefantinha é muito simpática.

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Por fim, no point and click, você controla o próprio Art e deve pegar e usar itens nos lugares certos para avançar a história. Este é o menos surreal, mas mesmo assim rolam alguns números musicais ou outras coisas divertidamente absurdas.

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Taí uma péssima forma de acordar.

Todos os jogos têm belos visuais e uma excelente trilha sonora. A história não é especialmente interessante, mas traz aquele tradicional charme da Media Molecule.

O que mais vale a campanha, no entanto, é o clímax.

O CLÍMAX

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O clímax flerta com outros gêneros e tem até um chefe.

Se em quase toda a campanha, os três jogos e seus respectivos personagens se mantiveram separados, no clímax as barreiras são borradas. O jogo alterna entre todos os personagens e gameplays diferentes constantemente, em uma corrida emocionante e com um tremendo apelo visual.

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Tudo regado a muito jazz!

Admito, durante boa parte da campanha, eu estava querendo parar e jogar outra coisa, mas estas últimas fases realmente cementaram a campanha na minha memória. Pena que o jogo não seja bom desse jeito o tempo todo.

Somando tudo, a campanha Art’s Dream dura cerca de duas horas e meia. É bem mais curta e menos interessante do que a que temos no LittleBigPlanet, por exemplo. Porém, como ferramenta criadora de jogos, o negócio é bem mais parrudo.

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Mamma mia, mamma mia, mamma mia let me go!

No final das contas, depende do que você procura. Eu definitivamente não sou alguém que quer trabalhar em meus próprios jogos no PS4, e não gostei tanto da campanha para justificar a compra do pacote inteiro.

Se você quer criar seus jogos, o que dá para fazer em Dreams é impressionante, mas se está a fim de ter todo esse trabalho, talvez valha mais a pena investir de vez em fazer seus jogos de verdade, e poder vendê-los onde quiser, livremente.