Cá estou eu, debutando na seção de resenhas de CDs do DELFOS. E, logo de cara, já me deram uma baita tarefa difícil dessas. Bom, antes de mais nada, eu precisei (e acreditem, deu trabalho) esquecer o fato de que, nele, estão duas vozes que, na minha humilde opinião, estão entre as melhores do Heavy Metal mundial na atualidade. Esse fator, por si só, já garantiria alguns Alfredinhos para o CD. Mas isto não seria justo com você, caro delfonauta. Então vamos logo à resenha da bolachinha.
Pra começar, este CD é a continuação do maravilhosamente ótimo (Nuossa!) primeiro trabalho, encabeçado pelo guitarrista sueco Magnus Karlsson, que contava também com os dois rouxinóis da música pesada: Jorn Lande e Russel Allen: The Battle. Daí vem o título deste CD: The Revenge! Ou seja, o primeiro foi uma batalha e este segundo, é a revanche. Entendeu? Hein, hein (mexendo a mãozinha)?
Aliás, cabe aqui um adendo. Como esse tal de Magnus Karlsson tem talento para compor coisa boa! Benzadeus! Acho que nunca peguei um trampo desse cara que não valesse a pena comprar ou, no mínimo, dar uma boa escutada! Isso sem falar na enorme influência que o Zakk Wylde deve ter sobre ele, pois as características presentes nos riffs lembram muito as do fiel escudeiro do titio Ozzy. Claro que isso não deve agradar a todos, mas a mim agrada. E muito!
Falando do CD em si, já vou, logo de cara, dizendo o que eu acho dele e, depois, tentarei explicar o porquê dessa opinião. O CD está entre razoável e bom. Aposto que você, caro delfonauta, deve estar muito surpreso de me ver falando isso, após passar um parágrafo inteiro babando ovo para esses caras. Mas aí é que está o X da questão. Eu esperava muito mais desses senhores nessa segunda reunião. Ainda mais se levar em conta que o primeiro CD dessa parceria é uma obra-prima. Acho que criei uma expectativa muito grande nessa continuação. Talvez até, se eu nunca tivesse ouvido o primeiro, teria achado este muito melhor. =/
Ao contrário do primeiro trabalho, que trazia uma mistura de Heavy Metal Melódico com um Hard Rock mais vigoroso, recheada de riffs pesadíssimos, esse disco, embora não tenha perdido nada em se tratando de peso, definitivamente perdeu nos riffs. Aqui, eles parecem mais ser apenas uma “cama” para os dois vocalistas cantarem do que qualquer outra coisa.
As melodias vocais também, embora ainda bem pegajosas, perderam um pouco da “alegria” do debut, deixando as músicas com uma cara mais séria. Inclusive, há um aumento significativo na quantidade de músicas mais arrastadas, com andamentos que, mesmo estando longe de serem Prog Metal, remetem aos trabalhos feitos anteriormente pelos dois vocalistas em suas respectivas bandas do estilo (Ark e Symphony X).
Obviamente, para muitas pessoas, isso não tem nada de errado. Muito pelo contrário. Uma grande parte vai amar essa mudança. Mas eu simplesmente acho que isso não precisava ter sido feito, afinal de contas, eles já fazem essas coisas em outros projetos. Além do que, nitidamente, você percebe em quase todas as músicas, muitos elementos do Hard ‘n’ Heavy praticado anteriormente, o que demonstra que, aparentemente, a idéia foi apenas adicionar estes outros elementos mais intricados às composições.
Deixando de falar um pouco desses “defeitos”, se é que se pode chamar assim, vou falar das qualidades do disco. E a principal delas, sem a menor sombra de dúvidas, são os vocalistas! Que Torquemada tenha misericórdia! Como esses caras cantam (Olha eu aqui ignorando o que eu disse no começo da resenha)! O trabalho de voz dos dois, se alternando entre as músicas e dobrando os vocais em muitos trechos é simplesmente impecável. Impressiona a facilidade com que ambos mandam ver. E quem aqui já foi em algum show desses dois, sabe que não é truque de estúdio. O destaque vocal fica para a belíssima balada Master of Sorrow. Sensacional!
Existem muitos outros momentos de inspiração (tanto vocal quanto instrumental) e um deles, em especial, é a faixa Will You Follow. Um Hard ‘n’ Heavy furiosíssimo, com um riff de guitarra poderoso e uma linha vocal espetacular. Lembra muito a proposta do CD anterior, embora não possua a mesma alegria. Outros destaques do CD são as faixas Victory, Her Spell e Wake Up Call, cada qual com suas próprias características peculiares. O engraçado é que todas elas são bem diferentes umas das outras, assim como todo o resto do CD. A primeira, por exemplo, tem um andamento bem variado e quebrado, com um refrão poderoso e extremamente grudento. A segunda já cai mais pra linha do Hard ‘n’ Heavy novamente, lembrando bastante o trabalho do Masterplan (outra banda à qual Jorn Lande emprestou seus abençoados berros). Já a terceira possui uma levada bem Hard Rock, principalmente nos versos, culminando em um dos melhores refrões de todo o CD! Ah, apesar de bem diferentes, todas elas possuem uma característica em comum: um refrão maravilhoso!
Por fim, um outro destaque positivo são os solos de guitarra, todos muito bem compostos. Ficou bem clara a preocupação de Magnus com a harmonia dos solos e a interação destes com a música, diferenciando-se, assim, da grande maioria dos guitarristas, que se preocupa apenas em tocar o mais rápido possível, fazendo do solo uma verdadeira cacofonia. Só para que não se diga que fui omisso quanto às linhas de baixo, bateria e teclado, todas foram feitas com muita competência, sem qualquer exagero. Apenas o que cada música pedia.
Trocando em miúdos, o CD tem suas qualidades, mas toda vez que uma música empolga e você acha que a coisa vai, finalmente, embalar, aparece uma faixa que acaba quebrando o clima. E é por isso, caro delfonauta, que este CD ganha apenas três Alfredinhos. Deixou aquela sensação de que podia ter sido muito melhor, mas você pode tirar suas próprias conclusões comprando-o aqui.