Nos idos de 1999, no auge da moda dos tributos, a gravadora alemã Nuclear Blast lançou discretamente um disquinho com o singelo e nada criativo título de A Tribute To Accept. Este disco que trazia, obviamente, covers do fantástico Accept deu muito certo. As bandas que participavam são bandas que até hoje fazem qualquer headbanger salivar. Entre elas estavam nomes como Primal Fear, Hammerfall, Sinner, Dimmu Borgir, Grave Digger, Metalium e Therion, entre outras bandas igualmente populares. As versões (em grande parte inéditas) faziam jus às qualidades das bandas que as tocavam, tornando o sucesso do álbum inevitável e gerando uma verdadeira série de tributos da gravadora.
E a séria deu à luz outros tributos fantásticos para bandas que as mereciam. Saiu um tributo ao Scorpions, ao Iron Maiden e até ao ABBA (que um dia será resenhado aqui no DELFOS já que é, na minha opinião, o melhor tributo já lançado), todos com ótimas bandas fazendo versões empolgantes de clássicos da música.
A série começou a dar sinais de cansaço quando foi lançado o segundo volume do tributo ao Accept e os discos começaram a ser uma coletânea de músicas já lançadas previamente e com qualidade muito inferior. Os encartes refletiam isso, já que não mais traziam comentários das bandas participantes, falando sobre a influência que o conjunto homenageado teve sobre sua música. Com essa qualidade inferior foram lançados tributos ao Metallica (eu já falei que odeio Metallica?), ao Judas Priest, um segundo volume para o Iron Maiden e este para o Kiss cuja resenha você está lendo (embora até agora não pareça ).
E aí eu pergunto? Por que essa diminuição de qualidade? Por que pegar músicas que foram lançadas antes como lados B de singles ou faixas bônus – que, não é segredo para ninguém, costumam apresentar uma qualidade bem inferior ao trabalho de qualquer banda – e simplesmente uni-los em um álbum? Todos sabem que tributos são nada mais do que caça-níqueis, mas essa série da Nuclear Blast costumava apresentar um “algo mais” e realmente parecia que o tributo tinha sido feito com o esmero e a qualidade que qualquer consumidor de música merece receber pelo seu dinheiro. Pois é, “costumava apresentar”, infelizmente.
Enquanto o tributo ao Scorpions se gabava de que 16 de suas 19 músicas eram inéditas, esta homenagem ao Kiss avisa timidamente que apenas 2 de suas 14 músicas nunca foram lançadas antes. E não só a maior parte de suas músicas já é conhecida do headbanger mais antenado como algumas delas já foram lançadas há mais de 10 anos.
O nível do disco é tão irregular que em meio a versões fabulosas como a versão do Hammerfall para Detroit Rock City e a do Helloween para a ótima I Stole Your Love, encontramos versões constrangedoras como Hipocrisy e a sua Strange Ways e Bathory com Black Diamond.
Outros destaques são Pretty Maids com Hard Luck Woman, Maryslim (alguém já ouviu falar dessa banda?) com Comin’ Home e Skid Row com C’Mon And Love Me. Infelizmente a maior parte das bandas presentes estão na turma do “É… mais ou menos” como o Six Feet Under (com War Machine), Doro (com Only You) e Iced Earth (com Creatures Of The Night).
Decepcionante é a melhor palavra para definir este CD. O Kiss é uma banda com muitas músicas legais e que influenciou muitas bandas de indiscutível qualidade. Realmente mereciam um tributo melhor. Quanto aos fãs, fiquem com os primeiros exemplares da série de tributos da Nuclear Blast, as ótimas homenagens ao Accept, ao ABBA e ao Scorpions. Esses são os únicos que valem o investimento.