Dentro do variado e maravilhoso gênero do cinema de terror, uma das suas subdivisões mais populares sem dúvida é a dos filmes de casas mal-assombradas. Temos muitos clássicos desse tipo, como O Iluminado e Horror em Amityville, além de outros tantos que, se não tão bem avaliados, fazem sucesso de público do mesmo jeito, como a série Atividade Paranormal.
E também existe uma infinidade de tranqueiras derivativas produzidas com o único propósito de faturar uns caraminguás dos muito fãs do gênero. Só mesmo isso para explicar a existência deste A Face do Mal, filminho sem vergonha que amontoa em seus 86 minutos de duração todas as piores características dos filmes de casa mal-assombrada e de terror em geral.
Sério, delfonauta, como pode existir tanta gente nesse mundão aterrorizante que ainda insiste em comprar uma gigantesca casa onde aconteceram mortes horríveis no passado? E ainda por cima de plena posse dessa informação? É óbvio que vai dar chabu, mas como personagens de filmes de terror geralmente têm o QI de uma anêmona, só para eles isso é uma surpresa.
Enfim, a família da vez se muda para o casarão e o filho adolescente faz uma amizade colorida com a vizinha. Juntos, vão tentar desvendar as coisas sinistras que andam acontecendo na nova casa dele, envolvendo os fantasmas da família que morava lá antes. Bocejo.
Temos aqui gente que mexe com o que não devia, os pais que não levam os avisos dos filhos a sério, a menininha que fala sozinha e ninguém se importa, sustos forçados quando nada de relevante acontece e uma historinha manjada e totalmente adivinhável desde os minutos iniciais, conduzida de forma burocrática e completamente entediante.
Um verdadeiro festival de clichês completado pelos personagens tapados e um roteiro imbecil, como não poderia deixar de faltar. Só para dar uma ideia da qualidade do negócio, eis o exemplo que mais me chamou a atenção: em determinado momento o moleque vê uma trilha de água no chão levando até o quarto de sua irmã caçula. Ele a vê falando com uma boneca e a única coisa que pergunta a ela é o tradicional “você está bem?”.
Relevemos o fato dele ter ignorado ela conversando com a boneca como a crença de que ela está apenas conversando com um tradicional amigo imaginário. Afinal, todos sabemos que em filmes desse tipo as crianças possuem mais amigos invisíveis do que de carne e osso. Ainda assim, não entra na minha cabeça que ele não tenha questionado o óbvio, tipo: “ei, irmãzinha, de onde saiu toda essa água ensopando o chão?”. Seriam goteiras? Ela tomou banho e esqueceu de se enxugar? A casa está suando? Mas aparentemente isso não tinha relevância para a trama e a resposta fica a cargo do seu imaginário.
A Face do Mal é ruim de doer e nada se salva. É mais um filme de terror bem sem-vergonha que nada acrescenta ao gênero já saturado de produções mequetrefes. Passe longe e, se quiser realmente ver um bom longa recente de casa mal-assombrada, eu recomendo Invocação do Mal. Os títulos são parecidos, já a qualidade… Quanta diferença!