Há alguns anos, quando a animação voltou a produzir longas de qualidade, lembro que fui assistir ao Monstros S.A. sem grandes expectativas. Saí do filme completamente surpreso e maravilhado, pois não ria tanto há muito tempo. Alguns dias depois, me falaram que A Era do Gelo era ainda mais engraçado. Empolgado, lá fui eu com altíssimas expectativas para assistir ao longa da Fox. Gostei, é verdade, mas não acho que ele chegou nem aos pés da história de Mike Wazowski que é, até hoje, um dos meus filmes preferidos.
Justamente por causa disso, nunca encarei A Era do Gelo como uma obra-prima, ao contrário de muita gente que sei que considera uma das melhores animações de todos os tempos. Então, ao entrar na sessão de imprensa de sua segunda edição, esperava ver um filme divertido, mas nada que fosse lembrar alguns dias depois. E veja só, desta vez fui surpreendido pela turminha pré-histórica.
A história é bem clichezona e aí está o grande problema do desenho. Saca só: o aquecimento global está fazendo o gelo derreter, o que vai causar um grande dilúvio. Por isso, todos os animais precisam chegar a uma grande montanha, onde tem um grande tronco que vai servir de balsa para que eles continuem vivos. Para dificultar, eles ainda vão ter que lidar com monstros recém-descongelados e a constante ameaça dos abutres, que ficam só esperando os bichinhos morrerem para comê-los. Aliás, os abutres protagonizam um musical engraçadíssimo e completamente nonsense (Food! Glorious food!), para alegria deste que vos escreve e desespero do Cyrino, cujos pesadelos normalmente envolvem um grupo de pessoas (ou bichos) começando a cantar e dançar sem qualquer motivo aparente.
Como você pode perceber, essa história já foi contada de formas diferentes em dezenas de outros desenhos, como Em Busca do Vale Encantado, por exemplo. Faltou ousadia para inovar e é justamente isso que impediu o desenho de levar o fabuloso, fenomenal e cobiçadíssimo Selo Delfiano Supremo. Sabe aquilo que tornou Shrek deveras especial? É justamente isso que falta em A Era do Gelo 2. Além disso, também acho que Manny é um personagem assaz chato e deveria ser limado da história, já que Sid, Diego e, principalmente Scrat, são muito mais legais.
Mas já cobrimos os defeitos, então vamos para as qualidades. E quase todas elas atendem pelo nome de Scrat, aquele bichinho que não poupa sacrifícios para pegar sua comidinha e que se tornou o verdadeiro símbolo da série, além de ser o personagem que protagoniza todos os trailers. Na verdade, Scrat não faz parte da história oficial. Sua participação é basicamente composta de sketches semi-independentes mostrando sua busca por comida. Manja os pingüins de Madagascar? É por aí. E o tipo de humor também é o mesmo, aquele nonsense total, digno dos Looney Tunes.
Assim como X-Men 2, A Era do Gelo 2 tem no início seus melhores momentos, pois é quando a história não fica focada no trio principal, mas em diversos outros personagens bem mais bonitinhos e divertidos do que Manny e companhia. Tem uma tartaruguinha lá que eu achei muito legal. Queria até um bonequinho dela. 🙂
Novos personagens também se juntam à trupe e esses também são bem engraçados. São dois gambás doidos e divertidos e uma “mamuta” que pensa que é um gambá (!). Aliás, como qualquer delfonauta já deve ter percebido, a tal doidinha vai servir de interesse amoroso para deixar Manny ainda mais chato e o filme ainda mais clichê. Apesar disso, a idéia de uma “mamuta” achando que é gambá é bem engraçada e gera alguns dos melhores e mais engraçados momentos.
No geral, A Era do Gelo 2 é um filme deveras tremendão. Engraçado, bonitinho e divertido. Podia ser melhor caso houvesse maior ousadia dos roteiristas, mas não se pode ter tudo. De qualquer forma, vale o ingresso tranqüilamente e sei que vai ter muito delfonauta por aí doido para comprar o DVD. Enquanto ele não sai, fique com o primeiro filme clicando aqui. O que o DELFOS não faz por você, hein?
