A Epidemia

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Sem querer fazer brincadeira com o título, mas remakes são uma epidemia desgraçada. Como existem apenas por motivos comerciais, nunca artísticos, a maioria é feita nas coxas e muitas vezes transformam filmes que eram legais em verdadeiros lixos. Um bom exemplo disso que estou falando é este aqui.

Porém, um dos cineastas que mais teve sua obra refeita, o tremendão George A. Romero, talvez seja a exceção a essa regra. A Noite dos Mortos Vivos de 1990, por exemplo, é muito superior ao original de 1968 em absolutamente todos os quesitos imagináveis. Outros desses remakes, como o Madrugada dos Mortos do Zack Snyder, são bem diferentes do original, inclusive com outra história e outros personagens, mas tão bons quanto. Até o mais recente remake de Dia dos Mortos, com a Mena Suvari, de American Pie e Beleza Americana é legal.

Este A Epidemia é outro remake de um clássico do George A. Romero. O original é de 1973 e aqui no Brasil é conhecido por O Exército do Extermínio. Cá entre nós – e não conte isso para ninguém – eu não tive oportunidade de ver o original, então abster-me-ei de comparações. Porém, seja quase o mesmo filme, como A Noite dos Mortos Vivos, ou uma reimaginação completa, como Madrugada dos Mortos, o fato é que A Epidemia é muito legal. E tem a maior cara de ser de fato um filme do Romerão.

Aqui conhecemos uma pequena cidade, de apenas mil e tantos habitantes. Pouco a pouco, seus cidadãos começam a agir como doidos (daí o título original, The Crazies) e a epidemia parece se alastrar rapidamente, para o desespero daqueles que ainda estão lúcidos. E é justamente a luta pela sobrevivência de um pequeno grupo desses lúcidos que acompanharemos no decorrer de seus 101 minutos.

Como é comum na obra do Romero, logo eles vão se deparar com a crueldade humana e com vários momentos em que parece que as pessoas mais lúcidas são justamente as loucas. Em outras palavras, A Epidemia é um típico filme de zumbis romeriano. Só que sem zumbis.

Fato, o negócio demora um pouco a engrenar, e o começo é bem chatinho. Porém, logo o bicho começa a pegar e o filme fica bem mais emocionante, com algumas cenas que realmente dão medo. Conforme a coisa vai crescendo, claro, o medo vai dando lugar a cenas de ação, mas a partir daí a qualidade se mantém estável – e alta.

Boa parte das cenas de medo ou de ação são potencializadas ao máximo pela excelente direção de Breck Eisner, que consegue alternar muito bem entre planos bonitos e assustadores. E quem não se empolgar com a cena do lava-rápido não deveria estar lendo esse site. =)

Além do começo, o outro ponto negativo está na opção de colocar alguns clichês idiotas do gênero (dos quais o Romero costuma passar longe em seus filmes). Calma, não tem nenhum gato correndo com aumento da trilha sonora, mas tem a obrigatória cena do carro que não liga no pior momento possível, e mesmo a cena em que um personagem amigável aparece do nada tampando a boca da moça em perigo, só para dar um “bu” para a platéia.

Seja como for, A Epidemia é um bom filme de terror/ação, que não vai decepcionar os fãs do George A. Romero. Não está no nível dos melhores filmes do velhinho – e talvez não seja tão bom quanto o original – mas está bem acima da média do cinema de medo estadunidense e vale o ingresso.