Um dia, quando eu estava dando uma olhada em alguns livros em uma loja, encontrei este, sobre o qual já tinha ouvido falar, mas que ainda não tinha sequer folheado. Pois bem, dei uma passada rápida nas páginas e resolvi ler o prefácio. A este se seguiram mais umas vinte e cinco páginas, as quais fui lendo com muito prazer. Fui obrigado a interromper minha leitura por causa de compromissos, mas não hesitei em comprá-lo.
Escrito por Alexandra Robbins e Abby Wilner, estadunidenses que vivem em Washington, o livro trata de uma das melhores fases da vida. Essa fase é também uma época em que os jovens adultos, em sua maioria recém-formados, sofrem uma estranha transição, quase sempre cruel, do mundo infanto-juvenil para o mundo adulto, ou melhor, para o mundo real. A dificuldade existe em boa parte por causa da vida universitária, onde os jovens costumam relaxar daquela pressão estudantil que passaram no 2° grau, para que tivessem êxito no vestibular. Depois de quatro ou cinco anos de uma relativa “boa vida”, preocupados apenas em tirar as notas necessárias para ir levando a faculdade adiante, os meninos e meninas são, de uma hora para outra, jogados em um mercado de trabalho competitivo e para o qual a maioria não foi preparada de forma suficiente em seus respectivos cursos superiores.
As autoras deixam claro, desde o início do livro, que ele não tem o objetivo de curar as pessoas que se encontram nesta fase, mas mostram que elas não estão sozinhas nesta crise e possuem as mesmas preocupações de centenas de outros jovens, envolvendo principalmente a carreira que pretendem seguir e se, para alcançar o tão sonhado objetivo, é de fato preciso enfrentar empregos subalternos, mal remunerados e com os quais geralmente não se aprende nada.
De fato, ao reconhecer que esta crise existe, as autoras, de certa forma, já aliviam bastante o turbilhão de dúvidas existenciais pelas quais passam os recém-formados, depois que deixam o mundo de elevadas expectativas de futuro que a faculdade oferece, pois, ao ficar sabendo de casos parecidos com os seus, o jovem não se sente tão sozinho, o que pode lhe servir de alento. É bem verdade também que cada jovem desta faixa etária costuma ter uma errônea sensação de que apenas ele está passando por isso, diferentemente de outros conhecidos seus, da mesma idade. O que acontece é que, como muitos não têm coragem de falar sobre isso entre si, acabam sofrendo sozinhos sem esta noção de que não são os únicos, porque geralmente acham que os ex-colegas da faculdade estão em melhor posição profissional ou até mesmo pessoal.
O maior mérito do livro, aliás, é justamente unir as opiniões de Robbins e Wilner com diversos depoimentos de pessoas de vinte e poucos anos, não só estadunidenses como também brasileiras (no caso da versão lançada no Brasil), que tentam vencer seus medos e tirar o maior proveito da crise, já que, de uma hora para outra, ela pode ser solucionada, por diversos motivos, que são muito individuais e não podem ditar uma regra geral.
Quase todos os depoimentos que a obra possui são de pessoas que ainda não solucionaram completamente o problema e ainda têm dúvidas sobre o futuro que as espera. Mas a esperança está sempre presente em cada uma delas, o que pode reanimar os jovens pouco otimistas que lerem este livro, como por exemplo, o nosso amigo Carlos Cyrino.
Fica aqui a minha indicação para o rapaz e para todos os adultos recém-formados que têm milhares de dúvidas sobre o futuro profissional e pessoal que pretendem seguir. A Crise dos 25 é um livro de auto-ajuda, mas um dos poucos da categoria que vale a pena ser lido, pelo menos por pessoas que estão nesta fase da vida ou que são pais e parentes de jovens de vinte e poucos anos e querem entender melhor do que tanto eles reclamam. Sim, eles têm a vida inteira pela frente, mas é uma vida completamente diferente da que eles tiveram até agora, portanto, suas preocupações e reclamações merecem ser escutadas e compreendidas.