Ultimamente, todos nós tivemos o prazer de ter a oportunidade de ver excelentes filmes nacionais no cinema. A sensação de “agora vai” foi tão forte que eu realmente comecei a me animar. E estava com uma ótima intuição em relação a este A Casa Verde. Oh, o horror…
Aqui conhecemos um grupo de quatro crianças chamado de “os quatro nerds”. O motivo de serem quatro se apenas uma aparece durante boa parte do filme é algo que é melhor ficar sem explicação. Além disso, tem um cientista que criou um aparelho de reciclagem e um vilão que faz alguma coisa relacionada a lixo que vê a possibilidade de seus lucros serem afetados pela criação do cientista. Como ele é malvadão e não se preocupa com o meio ambiente, rapta o Prof (esse é o nome do cientista) e exige a entrega da máquina.
Claro, todo mundo concorda com a mensagem ecológica, mas claramente o filme foi feito em torno dela, e não o contrário, como deveria ser. Parece, inclusive, que contrataram o diretor Paulo Nascimento para fazer um infomercial para crianças com o objetivo de ensiná-las a cuidar do meio ambiente. Manja aqueles filmes pentelhos e bobos que passavam para a gente no ensino fundamental? É esse naipe. E, se já era chato assistir isso de graça e valendo nota para a prova, por que alguém pagaria para ver no cinema, durante o seu valioso tempo livre?
Os personagens não poderiam ser mais bidimensionais e as atuações tornam tudo ainda mais irritante. Para começar, o texto é péssimo – ninguém fala daquele jeito – e os atores ainda fazem questão de pronunciar tudo perfeitamente, seja cada R no final do verbo ou cada conjugação, por menos natural que ela seja (coisas como “nós resolveremos o problema antes do prazo se esgotarrrr”).
Aliás, as atuações aqui são absolutamente as piores já vistas em uma tela grande ou de qualquer outro tamanho. Sabe como adultos estúpidos falam com as crianças como se elas fossem retardadas, com a voz mais aguda e aquelas melodias irritantes? Absolutamente todo mundo aqui fala desse jeito. Dá uma olhada nas expressões faciais da foto lá em cima para ter uma ideia da sutileza.
A sensação é de estarmos em uma peça infantil feita por atores que nunca atuaram na vida. Como se a atuação de teatro já não fosse ruim o suficiente… Mas acredite, ela pode ser pior. E, se você não tem respeito pelo seu tempo livre, compre um ingresso para isso aqui e comprove por si mesmo.
A história principal do filme é criação de um autor de HQs interpretado por Nicola Siri. E, sabe-se lá por quê, o ator resolveu dar um sotaque argentino para o personagem. Como se isso já não fosse gratuito e sem sentido, o sujeito não conseguiu esconder o sotaque carioca. Já viu um sotaque argentino fajuto e cujo som de S constantemente vira X? Ora, compre um ingresso para essa porcaria e comprove por si mesmo.
Ah, e tem as cenas musicais, todas cantadas por Fernanda Moro. Mas a voz da moça é tão absurdamente fraca que não dá para não estranhar toda vez que a música começa a tocar. Não dá para acreditar que é algo feito profissionalmente e – principalmente – com dinheiro público! Ela cantando parece até algo visto nos primeiros episódios do American Idol. Manja aqueles caras cuja voz mal sai da boca? É por aí! E a atuação dela é a mais irritantemente alto astral. Dá para imaginar até que o texto do filme foi escrito em miguxês. “NOsxA miguxa! Voxe Xabi q Eu Xou a HeruínAki, nheam?”. Desculpe o miguxês errado, mas eu realmente não sou versado nessa língua. Acredite, cada frase da atriz dói tanto no coração quanto um texto escrito dessa forma.
O que mais? Ora, o roteiro. O autor interpretado pelo senhor Siri tem um bloqueio criativo e decide deixar a história acontecer sozinha. Manja como as pessoas dizem que, a partir de um certo ponto, as histórias se escrevem sozinhas? Ora, é óbvio que isso é balela, mas o filme tenta te fazer acreditar nisso.
Antes de sentar para escrever um roteiro, você precisa ter a história inteira na cabeça e o que deve acontecer a cada momento. Só então você roteiriza. Se você não faz isso, sabe o que acontece? Essa porcaria aqui. Um monte de clichês, lições de moral falsas e óbvias e uma história sem sentido nenhum.
Para você ter uma ideia, sabe como eles acham o cativeiro do Prof? Eles encontram a principal dos quatro nerds ajoelhada num lugar, perguntam o que ela está fazendo e ela responde que sentiu que o professor está lá dentro.
Aparentemente, a turminha do barulho que fez isso aqui acha que crianças são retardadas. O roteiro ainda tenta misturar personagens históricos, como o Leonardo da Vinci e alguns assuntos alquímicos, mas faz questão de avisar no final que Leonardo Del Vinci e Nona Lisa nunca existiram e o que existiu é Leonardo Da Vinci e Mona Lisa. Holy. Flying. Fuck.
Como se não bastasse tudo isso, o roteiro ainda mistura algumas palavras em inglês no meio dos diálogos, o que soa fuckin’ ridículo e deixa tudo ainda mais imbecil, don’t you think?
Sabe o que é pior? Este é provavelmente o longa mais curto da história. A distribuidora não informou a duração, mas deve ter pouco mais de 60 minutos. E mesmo assim demorou para passar como se fosse alguma porcaria longa e erótica do Ang Lee.
Acha que essa resenha está mal-humorada? Pois compre um ingresso e comprove por si mesmo. Quero ver assistir a essa porcaria e sair do cinema sem estar transbordando de raiva. Se Deus tem alguma compaixão de mim, este será o pior filme do ano. Mas o ano está só começando, e nós bem sabemos que o passatempo preferido de Deus é fazer Evil Monkey para mim. Tenho até medo do que pode vir por aí. Que Satanás me proteja!