Confesso que desde a minha infância, nunca fui de pagar ingresso para ver animações no cinema. Poucas foram as vezes que isso aconteceu. Não tenho explicação para isso, porque sempre gostei de desenhos, mas acho que era uma questão de hábito mesmo. Costumava alugar esses desenhos em vídeo porque gostava de vê-los no aconchego do meu lar e sozinho, sem a presença de outras crianças chatas do meu lado (eu já disse que odeio pessoas que sentam do meu lado no cinema, né? Pois então, faz tempo que esse meu ódio existe).
Todavia, esse meu preconceito contra pagar ingresso pra ver animações em tela grande mudou muito até os dias de hoje e isso talvez se explique pelo fato de eu assistir esses desenhos com legenda (e não mais dublados, como no passado) o que restringe o acesso de boa parte das crianças às salas que eu freqüento (deixando claro que eu não odeio crianças, mas costumo evitá-las no cinema só para não ser incomodado mesmo). O fato é que nunca antes uma animação me deixara tão otimista com o gênero como este A Casa Monstro, um filme que, além de divertir as crianças, traz aos adultos uma grande nostalgia da cabeça que todos nós tínhamos quando ainda éramos pirralhos.
A história é muito simples: DJ Walters é um garoto de 12 anos que está desconfiado que a casa do outro lado da rua onde ele mora, que pertence a um velho chamado Nebbercracker (traduzido como Epaminondas, na versão brasileira) tem algo estranho, pois costumam desaparecer todos os brinquedos que caem no jardim da mesma. Na véspera do Halloween, a casa tenta devorar Jenny, uma menina pela qual DJ e seu amigo gordinho Chowder se apaixonaram à primeira vista. Eles salvam a garota e então os três tentam elaborar um plano para destruir a casa antes que ela engula todas as crianças que vão passar por sua porta na noite do dia das Bruxas.
Quando disse que A Casa Monstro traz aos adultos a recordação da cabeça que todos tiveram quando crianças, estava me referindo à proporção das coisas. As crianças, quando tem medo de algo, geralmente contam com a ajuda de sua criatividade para deixar aquilo que os amedronta mais terrível ainda, de modo que, quando existe algum suspense ou história de terror, tudo adquire uma proporção enormemente devastadora na cabeça delas. A ingenuidade das crianças é que acaba tornando horríveis essas histórias que, talvez, nem sempre sejam tão tenebrosas assim.
É justamente essa enorme proporção com que a tal casa se mostra perante o garoto Walters que traz a lembrança dos tempos de criança e que faz o filme ser tão agradável e engraçado para nós, os grandes e chatos. Para os pequenos, então, A Casa Monstro não é nada menos que espetacular: um visual de encher os olhos, uma trama que prende a atenção até o fim e uma duração na medida certa para que todos saiam satisfeitos da sala com seus saquinhos de pipoca vazios, se perguntando se dali o papai e a mamãe vão levá-los ao McDonald’s.