Se você acompanha o DELFOS, sabe que a coleção Super Mario 3D All-Stars foi um dos jogos que eu mais esperei em 2020. Desde que os rumores começaram, eu esperava ela ser anunciada todo dia, e demorou meses até isso acontecer. Já o objeto desta análise Serious Sam Collection veio de surpresa. Ela foi anunciada dia 10 de novembro, com a informação de que sairia “semana que vem”. Pois escrevo isso em 14 de novembro, a publicação aqui no DELFOS será em 16, e o jogo sai dia 17.
Poucas vezes na minha vida as coisas aconteceram tão rápido, de eu ficar sabendo de algo, decidir que quero, conseguir, e ainda escrever uma matéria sobre. Mas ei, essa é a vida de um jornalista independente. Enquanto a galera apadrinhada por grandes sites está curtindo seus Xbox Series X e PS5, eu estou aqui jogando uma coleção com jogos de quase 20 anos atrás no Switch. E não estou reclamando, eu adoro meu trabalho!
ANÁLISE SERIOUS SAM COLLECTION
Eu joguei os dois primeiros Serious Sam quando ainda jogava no PC. Até cheguei a escrever uma resenha do segundo jogo em 2004, quando o DELFOS não tinha nem um mês de vida.
Depois de jogar os dois, eu sabia que vinha um terceiro. Mas ele não saía nunca. Serious Sam 3 foi lançado em 2011 para PC e em 2012 para Xbox 360. Nessa época, eu tinha apenas o PS3, então não pude jogá-lo. Até me surpreendi ao ver na Wikipedia que ele saiu para PS3. Mas só em 2014, quando eu já estava na geração do PS4.
E sabe o que mais me surpreendeu ao consultar a Wikipedia? Descobrir que existe um Serious Sam 2, que não é o Second Encounter, e que não está incluído aqui. Então vamos entrar logo no assunto: o que está incluído nesta Serious Sam Collection?
A príncipio, a coleção me deixou feliz por incluir dois DLCs que eu não tinha jogado. Agora eu fiquei meio cabreiro de pensar porque incluíram o Serious Sam 3 e não o 2? Até pensei que o 2 fosse um remake ou uma coleção incluindo os dois Encounters, mas de acordo com a Wikipedia, é uma continuação completa, que se passa depois de The Second Encounter.
AÇÃO SEM ENROLAÇÃO
Serious Sam é aquele tipo de história que mostra como a cultura é cíclica e todo mundo influencia todo mundo. Isso porque ele foi claramente influenciado pelo gameplay do Doom de 1993. E, ao mesmo tempo, é possível ver aqui características que o próprio Doom pegaria emprestado em 2016.
Serious Sam é um jogo de ação rápido e cheio de adrenalina, onde há pouco mais a se fazer além de matar monstros. Você pega munição, vida e armadura, mas não existem colecionáveis. Algumas fases são mais abertas, mas boa parte delas é uma sequência de arenas separadas por corredores.
Apesar do gameplay ser chupado de Doom, o humor e o protagonista claramente vêm de Duke Nukem. Então não dá para dizer que Serious Sam é exatamente criativo. Ele é apenas um jogo de ação divertido e descompromissado. E tem um dos inimigos mais marcantes da história dos games.
Em uma época pré-Dead Rising, Serious Sam já se orgulhava de colocar uma quantidade enorme de inimigos na tela.
É MUITA GENTE!
Você pode ver as estatísticas de cada fase, que incluem o tempo estimado para completá-las (o que eu acho uma mão na roda, já que não gosto de parar no meio) e a quantidade de inimigos. E, sem exagero, cada fase tem pra lá de centenas de inimigos. Muitas centenas. Tipo de 700 pra cima!
Algumas batalhas são tão enormes que fica aparecendo munição, vida e armadura no meio do tiroteio. E, sem isso, mesmo com armas capazes de carregar 1000 tiros, você não teria fogo suficiente pra apagar todo mundo.
Assim, se você nunca jogou Serious Sam, mas adorou o Doom de 2016, vale a pena pegar essa coletânea para ver de onde veio a inspiração.
A COLETÂNEA
Eu joguei 16 anos atrás os dois Encounters e, antes de escrever este texto, joguei o primeiro de novo. Os outros incluídos joguei só um pouquinho até agora, mas pretendo fazer todas as campanhas na ordem. Como teve muitos anos entre os Encounters e Serious Sam 3 (além de um jogo no meio), este é o que traz mais novidades. Quer dizer, compare a imagem abaixo com as outras que ilustram esta matéria (que foram capturadas do primeiro jogo).
O jogo traz opções de cooperativo na campanha ou versus em tela dividida ou online. Tem também um survival single player com mapas de cada um dos três jogos incluídos.
Além disso, tem algumas opções surpreendentes. Em especial, você pode escolher se deseja priorizar gráficos ou performance. É a primeira vez que vejo isso no Switch, mas poxa, é realmente necessário, considerando quão antigos são os jogos? O Switch não tem capacidade de rodar um game de 2001 em 60 fps? Pelo jeito não, pois a performance realmente melhora se você escolher esta opção.
Também dá para escolher como o sangue será mostrado, inclusive com opções cômicas, como “hippie” ou “crianças”. Não vou elaborar mais sobre isso para não estragar a piada caso você decida jogar. Ainda assim, não me surpreenderia saber que esta opção já estava incluída no jogo original e eu que não lembro.
UMA COLEÇÃO SÉRIA
Eu me lembrava de ter gostado muito de Serious Sam quando os joguei tanto tempo atrás. Porém, tinha dúvidas se ainda me divertiriam hoje. Essa época do final dos anos 90 ao início dos anos 2000 foi a adolescência desajeitada dos videogames, e muita coisa feita nesse período envelheceu muito mal. Claro, temos os Resident Evil e Symphony of the Night, mas para cada clássico imortal da época temos dezenas, talvez centenas de jogos que hoje são simplesmente não jogáveis.
Eu não diria que Serious Sam está no nível de um Symphony of the Night, mas fico feliz em dizer que ele continua tão divertido quanto era em 2001. E, assim, torna essa coletânea essencial para quem gosta de como os FPS eram antes da onda militar e extremamente sisuda.