Metamorphosis é um jogo que é mais interessante em sua história e proposta do que como jogo em si. E você vai saber o porquê na nossa análise Metamorphosis.
KAFKAESQUE
Metamorphosis é uma aventura em primeira pessoa inspirada pela famosa história de Franz Kafka. Você controla Gregor, um caboclo que, do nada, vira uma barata. Ele logo encontra uma carta dizendo que precisa ir para uma tal de Torre. É lá que você pode recuperar a sua forma humana, ou arranjar um trabalho como inseto.
Seu primeiro instinto, no entanto, é encontrar seu amigo Joseph. Porém, Joseph tem seus próprios problemas. Ele acorda com um policial na sua cama, e não do jeito legal. O policial diz que Joseph está preso, mas não revela qual é a acusação, nem a pena, nem qualquer outra informação à qual ele teria direito. De alguma forma, os predicados de Gregor e Joseph parecem relacionados.
Gregor, então, se divide entre descobrir como chegar na Torre, e como ajudar Joseph. Para isso, ele vai encontrar vários personagens coloridos, pular, escalar e solucionar puzzles dignos de uma repartição pública.
ANÁLISE METAMORPHOSIS
Metamorphosis é um puzzle plataforma, mas sua identidade vem da história e dos personagens, mais do que do gameplay. Isso porque ele parece atirar para todos os lados, e não se dá especialmente bem em nenhum deles. Nesse aspecto, ele me lembrou bastante Psychonauts, jogo que eu sei que é muito querido, mas cuja força vem mais da ambientação do que do seu confuso e esquizofrênico gameplay.
Tem fases em Metamorphosis que você simplesmente precisa navegar entre plataformas, pulando e escalando. Outras envolvem resolver puzzles. Outras, ainda, são típicas de um point and click, em que você deve andar de um lado para o outro cumprindo objetivos passados por uma miríade de NPCs. Não há combate ou inimigos, mas é possível morrer caindo em buracos, sendo esmagado, etc.
FILOSOFIA PRECISA DE UMA APLICAÇÃO PRÁTICA
O bacana é que Metamorphosis realmente tem muito a dizer. Chegar à Torre, por exemplo, envolve navegar por um mar de burocracia. Ao longo de sua jornada, você vai ter que consultar um advogado, evitar uma greve de trabalhadores, conseguir documentos. Porém, apesar de a história e suas ideias serem interessantes, cumprir esses objetivos é tão entediante quanto você imagina. E, assim como no primeiro Dead Space, a coisa é frustrante, porque sempre que você acha que está chegando perto, algo acontece que te impede de chegar lá.
Os puzzles não são especialmente inventivos ou divertidos também. É comum você ficar sem saber o que fazer, mesmo quando isso não deveria ser um desafio. Por exemplo, próximo ao final do jogo, você deve assinar um documento. Um personagem fala “assine usando a máquina atrás”. Eu passei um bom tempo nessa parte, usando a máquina em questão de todas as formas que conseguia pensar. Só depois de quase desistir, percebi que, em outro ponto do cenário, tinha um botão quase invisível no qual deveria pisar para prosseguir.
Isso não era um puzzle. Imagino que o povo que fez o jogo sequer pensou que alguém poderia travar aí, e isso mostra como o design da coisa toda deixa a dever. E isso se estende também aos gráficos, que são bem feios.
É claro, todo mundo sabe que Metamorphosis não é um jogo de alto orçamento, ou mesmo um AA. Porém, é possível fazer jogos bonitos com um visual mais simples. Ele carece de estilo e habilidade mesmo, mais do que de dinheiro.
INTERATIVIDADE NEM SEMPRE É BOM
A verdade é que eu definitivamente não me diverti jogando Metamorphosis. Mas eu gostei de sua história e suas ideias. É comum vermos jogos fazendo referências a cultura pop, mas é bem mais raro vermos coisas mais político-filosóficas, focados na parte mais acadêmica da obra humana. E isso me agrada.
Porém, o gameplay fraco e entediante tornou sofrível navegar pelo jogo. Fiquei o tempo todo pensando que ele funcionaria bem melhor como uma história não interativa. Talvez como uma animação, ou uma graphic novel mais densa estilo Maus. Assim, Metamorphosis vale por suas ideias, mas como jogo definitivamente não é bom o suficiente.