Neste ano, a Nintendo propôs uma mudança muito interessante para Pokémon. Ela anunciou a Expansion Pass para Pokémon Sword e Shield, os jogos mais recentes da franquia. The Isle of Armor é a primeira parte deles. A segunda, The Crown Tundra, chega em novembro.
Quem acompanha Pokémon, sabe que isso é inédito. Esta é a primeira vez que Pokémon recebe um pacote de expansão. Antes, era comum a Nintendo lançar uma nova versão dos jogos mais recentes, com conteúdos extras, no ano seguinte ao lançamento. São os casos de Black II e White II e Ultra Sun e Ultra Moon, por exemplo.
Esta mudança é mais um passo certíssimo para a Nintendo e a desenvolvedora Game Freak, que trouxe muitas novidades em Pokémon Sword e Shield. No entanto, esta primeira parte, The Isle of Armor, não alcança todo o potencial que expandir a aventura principal pode ter.
Análise The Isle of Armor: é bom demais rever meu time de Pokémon Sword!
Antes de começar a falar de The Isle of Armor, preciso dizer: é simplesmente muito legal retornar a Pokémon Sword. Hoje provavelmente o meu jogo favorito da série, Pokémon Sword imediatamente me deixou com sorriso largo ao rever os Pokémon que treinei durante horas na aventura principal.
Outros jogos Pokémon já foram lançados com aventuras “extras”, como o clássico Pokémon Gold e Silver (ao final da Liga, você pode explorar Kanto, dos jogos originais). Porém, retornar ao mesmo jogo após um certo tempo é uma sensação diferente.
É com este misto de nostalgia e empolgação que comecei a nova aventura em The Isle of Armor. Ao carregar o jogo, Sword exibe uma mensagem que explica como acessar a nova área, na Wedgehurst Station. Yay!
Mesmo que você ainda não tenha finalizado o jogo base, o Armor Pass dá acesso imediato à The Isle of Armor assim que você chega à Wild Area. Além disso, ele libera novas roupinhas para você adquirir em todas as lojas do mundo e quatro novos cortes de cabelo.
Para chegar a The Isle of Armor, você só precisar ir à estação e vencer uma nova variante de Slowpoke de Galar, exclusiva a essa DLC.
The Isle of Armor: nossa, esta ilha é um pequeno mundo aberto!
Tão logo você chega à The Isle of Armor, uma surpresa: a ilha é totalmente aberta desde o início. Você pode ir para qualquer lugar que quiser e, inclusive, usar sua bicicleta adaptada para navegar pelos mares e acessar ilhas menores ao redor. Este é um recurso pouco usado na aventura principal.
A ilha é basicamente uma Wild Area um pouco menor. Você encontra todos os mais de 200 Pokémon adicionados nesta parte da expansão. Fora isso, tem alguns pontos de Max Raid Battles (onde ocorrem as lutas com os Pokémon gigantes) e alguns NPCs que trocam Pokémon, ou cavam (!) o cenário para encontrar itens.
A nova personagem rival, Klara (ou Avery, em Pokémon Shield), percebe a sua habilidade como treinador e diz para você não acessar o Dojo, visível do ponto onde você chega na ilha. É claro que é para lá que você deve ir. Então, você pode escolher explorar a ilha livremente, ou ir ao Dojo e progredir a história. No meu caso, escolhi explorar e após um tempo, retornei ao Dojo.
Como a expansão foi pensada também para quem não concluiu o jogo, na ilha, você é um completo desconhecido. Ninguém te reconhece como o campeão da Liga e sabe que você capturou o lendário da capa. O mestre do Dojo, Master Mustard, então, entende você como um aspira de aluno que precisa cumprir fetch quests!
The Isle of Armor: ilha das fetch quests!
A sua primeira Trial como aprendiz é vencer três Slowpoke rápidos, soltos pelo Mestre Mostarda. Depois, deve encontrar alguns cogumelos na floresta. Por fim, você terá uma batalha com a rival no Dojo. Ao vencer, provará ser digno de receber a “armadura” da ilha, que na verdade é um novo Pokémon lutador, chamado Kubfu.
A forma como a Game Freak decidiu estruturar as coisas que você pode fazer na ilha The Isle of Armor é curiosa. Mais do que em qualquer outro momento de Sword e Shield, você é estimulado a encontrar e coletar coisas. Agora que o mapa é “uma Wild Area inteira”, eles não podem contar com o mapa para uma experiência linear. A conclusão que tirei é que eles não parecem ter muita certeza do que fazer com isso.
O exemplo mais significativo são os 150 Diglett que você pode encontrar, espalhados pela ilha. Esta é uma missão secundária e opcional, mas é marcante o quanto os Diglett são o que você mais encontra e mais interage na ilha. O mais parecido com isso que cito são os Koroks em The Legend of Zelda: Breath of the Wild.
Veja, não é necessariamente um problema ter esse tipo de conteúdo no jogo. O problema é que não tem muito além disso. Claro, tem os novos Pokémon e vê-los andando pelo mapa e capturá-los, deve agradar qualquer fã, como me agradou. Mas isso é pouco.
A ausência de sequer um treinador na ilha para enfrentar é especialmente notável. Desde sempre, os treinadores foram um dos melhores elementos de Pokémon. Eles são cheios de personalidade, têm falas engraçadas e até provocativas. No jogo base, por exemplo, há treinadoras de biquíni e elas costumam usar Pokémon de água.
Os treinadores ajudam a construir o mundo, mostrar o que é viver num lugar cheio desses monstrinhos. São os principais desafios e, por isso, vencê-los concede uma boa sensação de progresso, o que é o contraponto perfeito para a exploração mais free form para capturar Pokémon. Não há nada similar que substitua isso em The Isle of Armor.
The Isle of Armor: mas Kubfu vai te acompanhar na jornada
O carro-chefe desta primeira parte da expansão é realmente Kubfu. Ao recebê-lo, você precisa fazer amizade com ele e levá-lo a pontos específicos do mapa, para que ele conheça a ilha. Kubfu (ou o primeiro Pokémon da sua party) começa a te seguir no jogo, o que é adorável.
Não é uma novidade (isso já aconteceu lá atrás em Pokémon Pikachu) e não muda o gameplay. Até a execução é meio estranha (Kubfu às vezes “trava” em cenários, correndo em sua direção, por exemplo). Porém, é o tipo de coisa que esbanja charme e ajuda a tornar a experiência mais fofa e memorável.
O melhor de The Isle of Armor é realmente Kubfu. Para fazê-lo evoluir, arco principal da história da ilha, você precisa vencer cinco desafiadores numa torre. A sacada é que apenas ele será usado na sua equipe. Se escolher a Torre das Trevas, Kubfu vai evoluir para o estilo Lutador/Dark; se escolher a Torre das Águas, ele ficará Lutador/Água. O estilo, principal golpe e até aparência mudam de acordo com essa escolha.
A Torre e as batalhas são o melhor momento e proporcionam algo diferente. Mais do que conteúdo novo, é desse tipo de “limitação” que The Isle of Armor precisa. Criar estratégias para vencer cinco treinadores seguidos, com apenas um Pokémon, é bastante divertido. Perdi algumas vezes até conseguir, mas cada uma delas pareceu um passo para conseguir na próxima vez.
Quando você recebe Kubfu, ele está no nível 10 (mesmo que você tenha terminado a Liga). Portanto, realmente precisa treiná-lo. Seria interessante se a The Isle of Armor estimulasse que você criasse um novo time, só pudesse usar os Pokémon da ilha na sequência de Trials.
The Isle of Armor: o que Pokémon precisa para evoluir
Qualquer mundo aberto precisa estar “vivo”, cheio de coisas realmente distintas, inesperadas para ver e fazer. Não sinto isso com The Isle of Armor. Aqui, é muito difícil ser surpreendido ou desafiado. A maior parte das atividades está relacionada a colecionáveis e fetch quests.
O que acho mais interessante é que a franquia só precisa olhar para trás para encontrar várias respostas do que fazer nesse novo formato da Wild Area e da The Isle of Armor. O Snorlax dorminhoco, que atrapalha seu progresso, dos clássicos Pokémon Blue e Red, é o tipo de situação que poderia ser incluída para grandes efeitos – seja de gameplay, construção de mundo ou roteiro memorável.
Nesta parte da expansão, de conteúdo novo mesmo, temos a história do Dojo, que você consegue terminar entre três e cinco horas. No fim, joguei mais, mas por muito mais por mérito do que foi feito pelo jogo base, que é realmente muito bom, do que por novidades trazidas pela Isle of Armor.
The Isle of Armor: bem, ainda tem The Crown Tundra!
A Nintendo e a Game Freak estão realmente no caminho certo ao criar expansões para jogos Pokémon. É a melhor maneira de vender conteúdo novo, respeitando quem comprou os jogos.
Portanto, caso a maior parte da recepção seja negativa, espero que o feedback seja entendido que não é o formato que está errado, mas que a Game Freak ainda não se encontrou com este estilo da Wild Area, com exploração mais livre e sem câmeras fixas.
Por ora, The Isle of Armor é uma expansão inofensiva de Pokémon Sword e Shield, mas que também não vai ser lembrada com o mesmo carinho que o jogo principal teve. Vamos aguardar a próxima parte, então! The Crown Tundra chega em novembro e vai mostrar mais do que a Game Freak consegue fazer para Sword e Shield. Até lá!
The Isle of Armor: subtítulo bônus
As principais novidades de The Isle of Armor são:
- É possível combinar itens para criar um item melhor aleatório. Eu tentei com cogumelos, mas o preço de venda do novo item não aumentou muito e perdi meu lucro;
- Kubfu ou seu Pokémon principal segue seu personagem, porém, só na Isle of Armor;
- Sua bike e sua roupa para andar de bicicleta têm algumas variações para escolher agora;
- A maravilhosa e cativante trilha sonora do jogo continua. Agora, temos um tema do novo Dojo que também deve ficar na cabeça!