Análise Aritana and the Twin Masks, Aritana, Duaik, Delfos

Aritana and the Twin Masks é um caso quase sem precedentes na história dos games. Até hoje, só grandes e antigas séries fizeram o salto de 2D para o 3D. Coisas do nível de Super MarioZeldaCastlevaniaSonic. E nem todos foram bem sucedidos. Este é continuação de Aritana and the Harpy’s Feather, de 2014, que era um plataforma em 2D. E olha só, aqui estamos falando de um jogo 3D totalmente realizado. E excelente. E o mais legal: é brasileiro e usa a cultura indígena como sua temática. Esta é nossa análise Aritana and the Twin Masks.

ANÁLISE ARITANA AND THE TWIN MASKS

Antes de jogar Aritana and the Twin Masks, eu esperava gostar dele. O que eu não esperava era gostar tanto. Já me diverti muito com alguns games nacionais, como Blazing ChromeHorizon Chase Turbo. Porém, devo dizer que este se tornou meu preferido. E para ajudar em sua diferenciação dos demais, acredito que é o primeiro jogo brasileiro a chegar aos consoles que não seja retrô.

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Bora pular até lá em cima?

Não vou mentir: muito do meu apreço por Aritana and the Twin Masks tem a ver com o fato de que plataforma 3D é meu gênero de games preferido. No entanto, este não é apenas mais um plataforma 3D (gênero que anda raro nos dias de hoje), mas um excelente plataforma 3D.

Comecemos pela sua temática. Embora não seja um jogo especialmente narrativo, ele apresenta uma história relacionada à mitologia indígena brasileira. Assim, prepare-se para ver aqui nomes como Iara ou Tupã e usar para fazer suas poções frutas como guaraná e maracujá.

Eu sinceramente gostei muito disso, que demonstra como a cultura nativa brasileira pode ser utilizada como temática em grandes e épicas histórias. Particularmente, adoraria ver o que o pessoal da Duaik faria com isso caso tivesse um orçamento bombado de AAA. E, ei, considerando que eles foram de um plataforma 2D para um 3D, se continuar nesta evolução, o próximo Aritana vai rivalizar com God of War (ou, para ficar mais próximo do gênero do gameplay, com Ratchet & Clank).

AS DUAS MÁSCARAS

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Olha a Floresta Amazônica, cara!

Aritana and the Twin Masks tem fortes influências de Metroidvania, mas não investe totalmente no gênero. Tem a primeira fase, que é linear e independente, e daí você é transportado para o mapa onde acontece o resto do jogo. Há uma área central com três caminhos, mas você pode seguir apenas um deles. Ao final desta introdução, rola um upgrade que libera acesso ao resto do mapa.

Depois de concluir a primeira área da parte central, dá para ir a qualquer lugar (com exceção da primeira fase, que é separada), inclusive voltar por onde já passou em busca de upgrades. No entanto, backtracking não é necessário. Eu terminei o jogo com quase todos os achievements sem revisitar nenhuma área, por exemplo, apenas explorando bem na minha primeira visita.

Logo no início, você libera alguns upgrades, como pulo duplo e câmera lenta, mas depois disso os upgrades se limitam a novas poções, aumentos de vida e fôlego (usado para a câmera lenta). Então não espere uma evolução considerável do personagem. Depois de uma hora de jogo, você já estará com todas as possibilidades abertas.

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É muito legal ver um upgrade chamado “colar de Raoni”, né?

O grosso do jogo, como em todo plataforma, vem da sua movimentação.

EXPLORAÇÃO

Aritana and the Twin Masks é um jogo simples. Você tem pulo duplo, câmera lenta e atira flechas. E é basicamente isso. No entanto, o level design é excelente e usa ao máximo todas as possibilidades do personagem. Os mapas são bem largos, com áreas abertas e vários segredinhos escondidos. Atirar uma flecha em bolas verdes, por exemplo, o transporta voando para lá.

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Se estiver perdido, procure por bolas verdes.

Este é o movimento mais importante do jogo. Em seus melhores momentos, você usará bolas verdes conectadas, o que vai envolver coisas como surfar sobre a água ou parar o tempo em meio ao pulo enquanto mira na próxima bola. É muito divertido e bastante lúdico, algo difícil de se ver na modinha atual de jogos que odeiam o jogador.

Ao longo da campanha, você usará estas limitadas habilidades para explorar e solucionar puzzles muito bem pensados, mas nunca frustrantes.

COMBATE

Há combate, mas felizmente não é o foco do jogo. Isso porque o combate simplesmente não é muito bom. Todos os inimigos são basicamente iguais, totems com bolinhas que servem como pontos fracos. Você precisa destruir todas as bolinhas para fazer aparecer uma bolona, que destrói o meliante de vez.

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Alguns inimigos têm bolinhas a rodo.

A diferença está na forma em que eles atacam. Alguns têm tiros teleguiados, outros tentam te atropelar, mas a forma de vencê-los é sempre igual. O inimigo acima, que o jogo chama de “tartaruga especial”, por exemplo, foi especialmente chato, pois demora muito tempo até destruir todas suas bolinhas. Em alguns casos, o totem esconde suas bolinhas atrás dele, e não adianta usar a câmera lenta para dar a volta, uma vez que esta habilidade também diminui a sua própria velocidade.

A coisa melhora quando você descobre uma poção que, quando usada, faz sua próxima flecha causar dano de área, o que destrói várias bolinhas com um único tiro.

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Felizmente, a maioria dos inimigos é bem menor.

O bicho também pega no chefe final, que demora tanto para cair que eu comecei a olhar o cenário em minha volta para ver se não tinha algo que não estava vendo. No final das contas, ele é vencido simplesmente com flechas mesmo, mas deve precisar de umas 300 flechas, sem exagero.

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Apesar dos cenários abertos, não espere enxergar muito longe.

O jogo também não é especialmente bonito. Apesar de o visual não ser low-poly, ele é bem simples, com cenários iguais durante todo o jogo e uma neblina forte que impede que você enxergue longe. Essa neblina, claro, tem justificativa técnica, mas acaba dando ao jogo cara de um jogo de Nintendo 64 mais redondinho.

UMA BELA AVENTURA

Aritana and the Twin Masks não é especialmente longo, mas também não é tão curto. Eu precisei de três tardes para vencê-lo e, apesar de não ter curtido a batalha final, gostei tanto da exploração e movimentação que não me importaria se ele durasse algumas horinhas a mais.

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Plataforma 3D é amor.

Tem coisas aqui, como a falta de variação de cenários, que não dá para escrever um review sem abordar. No entanto, é incrível pensar que temos um jogo nacional como este, um plataforma 3D, feito com orçamento limitado, mas bem sucedido em criar um gameplay divertido e satisfatório. Aritana and the Twin Masks é, de longe, o jogo brasileiro mais ambicioso que já joguei. E, também, o que mais gostei. Não vejo a hora de ver o que mais o pessoal da Duaik vai aprontar!