O Retorno de Mary Poppins não é um remake, nem um reboot. Trata-se de uma sequência. Isso mesmo, uma sequência para Mary Poppins, o clássico da Disney lançado em 1964. Faz tanto tempo que admito que eu usei uma calculadora para descobrir que faz 54 anos. Até a cópia descarada Nanny McPhee ganhou uma continuação em menos tempo.
CRÍTICA O RETORNO DE MARY POPPINS
Esta continuação tardia acontece décadas depois do filme original. Os irmãos Michael e Jane Banks cresceram e ficaram a cara do Ben Wishaw e da Emily Mortimer. Após a morte da esposa de Michael, ele ficou na pindaíba e deixou de pagar um empréstimo. Agora o banco malvado veio cobrar, e quer ficar com a casa dele em troca.
Seus três filhos, felizmente, são uns amores. Responsáveis e bonzinhos, eles quase não dão trabalho. Eles quase não parecem crianças também. Diante deste cenário, a babá quase perfeita Mary Poppins (Emily Blunt) desce dos céus, com a missão de trazer alegria e fantasia para esta família que está passando dificuldades. Ah, e cantar muito no processo.
MINHA PIPA FICOU PRESA EM UMA BABÁ
Em muitos aspectos, nem parece que já se foram 54 anos desde o lançamento do filme original. Isso porque O Retorno de Mary Poppins parece um filme antigo. Não me refiro a efeitos especiais ou algo do tipo, mas à estética geral e às atuações. Tudo é bem exagerado e um tanto brega. Claro, isso é intencional, para remeter à primeira aparição da babá, mas tenho dúvidas se lançar um filme para crianças com jeito de filme antigo é uma boa forma de agradar os pequenos. Parece algo que vai animar mais os cinéfilos e fãs do anterior.
De certa forma, a história me lembrou Hook – A Volta do Capitão Gancho, que mostra o Peter Pan adulto e sem a inocência da juventude. É mais ou menos o que acontece com Michael e Jane, que agora estão tão preocupados em simplesmente sobreviver que não têm mais tempo para brincar.
Outro filme que este me lembrou é Aladdin. Sim, aquele desenho da Disney que vai ganhar uma versão live-action ano que vem. Trata-se de uma obra que fica muito mais legal depois que o Gênio aparece, e o mesmo pode ser dito de O Retorno de Mary Poppins. Tudo que vem antes da aparição da babá mágica é bem chatinho, mas a coisa engrena quando ela surge.
A proposta de Mary Poppins se encaixa muito bem em um musical. Afinal, estamos falando de uma criatura mística que faz coisas fantásticas acontecerem. Ou seja, tem uma justificativa para aquela lógica de musical que incomoda tanto nosso amigo Cyrino.
E os números musicais são realmente espetáculos visuais, cheios de efeitos especiais modernos, um monte de cores vivas e coreografias elaboradas.
LÚDICO E BONITINHO
Por outro lado, O Retorno de Mary Poppins é bem focado em crianças pequenas. Eu até gosto de filmes assim, mas devo admitir que fiquei um pouco entediado ao longo das mais de duas horas de projeção.
Não ajuda o fato de as músicas simplesmente não terem me animado muito. Alguns atores do filme original aparecem por aqui (inclusive com um número musical estrelado pela Julie Andrews, a Mary Poppins original), mas não espere ouvir novamente clássicos como Supercalifragilisticoespialidoso.
Em geral, eu achei as músicas muito calminhas. Mesmo as mais animadas eram quase baladas. Assim, mesmo com o espetáculo visual, elas ficam meio sonolentas. Tem vezes, inclusive, que as músicas nem são músicas, mas apenas os atores falando suas frases de forma cantada.
Isso deixa o aspecto musical de O Retorno de Mary Poppins bem abaixo de outros clássicos do gênero criados pela Disney, como o próprio Aladdin, Mogli ou O Rei Leão. Todos estes têm canções que se tornaram famosas mesmo entre pessoas que não assistiram aos filmes, e duvido que isso aconteça por aqui.
Dito isso, O Retorno de Mary Poppins é um filme lúdico, inocente e bonitinho. Assim como a babá que lhe empresta o nome, tem como objetivo nos fazer lembrar como é bom ser criança. E isso ele consegue alcançar.
CURIOSIDADE:
Hoje Julie Andrews é uma senhora, mas quando gravou o Mary Poppins original, ela era mais jovem do que Emily Blunt é hoje.