Quando eu vi os primeiros vídeos de Hidden Dragon Legend: Shadow Trace, eu fiquei empolgado. Quando eu li a descrição da desenvolvedora citando as influências de Devil May Cry e Ninja Gaiden, decidi que daria um jeito de jogá-lo. Afinal, os clássicos da Capcom e da Ninja Theory estão entre os melhores jogos de ação já lançados e, como tal, são ótimos pontos de referência para quem gosta do gênero.
Hidden Dragon Legend: Vamos esquecer este subtítulo, no entanto, é um jogo de ação em 2.5D. Do tipo ande para a direita e encha todo mundo de porrada. Do tipo que eu gosto desde os anos 90.
Por ser em 2.5D, ele constantemente usa truquinhos de câmera para ficar mais impressionante. Prepare-se para ângulos estilosos ao vencer batalhas épicas, zooms e até mesmo horas em que, mesmo andando para a direita, a câmera dará a sensação de estar em um jogo 3D.
No entanto, falta algum polimento geral. Embora haja cenários bonitos por aqui (claro, a simples temática oriental já é bela), os gráficos não são exatamente elaborados. Além disso, as atuações são muito ruins. É curioso ver um jogo com tamanho foco na história (há longas e frequentes cutscenes) não ter investido em atores melhores. É claro que eles não tinham um orçamento sem fim, e resolveram focar no que interessa: na ação. E esta sim é muito boa.
PORRADA COM ESPADINHA
A influência de Devil May Cry e Ninja Gaiden é bastante perceptível. A ação em Hidden Dragon Legend é rápida, estilosa e difícil. E pela temática, devo dizer que mais do que os jogos supracitados, ele me lembrou bastante Nioh.
Os inimigos são durões e perigosos, sendo capazes de quebrar seus combos na maior facilidade. Você não tem um botão de defesa, apenas um para evadir, o que significa que você estará sempre em movimento. Como os inimigos quebram seus combos, você nunca estará confortável surrando alguém. Assim que ele brilhar em dourado – sinal de que vai ignorar seus ataques e te atacar – você vai querer fugir. E, se der sorte e desviar no momento certo, vai ativar uma câmera lenta que possibilita um contra-ataque poderoso.
Há uma quantidade limitada de combos, o que eu particularmente acho ótimo. Em casos como Ninja Gaiden, que há centenas de combinações, eu acabo apertando os botões aleatoriamente. Aqui dá para decorar todos os ataques e usar o mais apropriado para a situação. O que eu mais usei é este da imagem acima, que surra os inimigos em uma leva absurda de ataques.
Outro bacana é este aí embaixo, que possibilita pausar os ataques para carregar o golpe final, que faz com que dezenas de “espíritos da espada” ataquem seus inimigos, acertando dezenas de hits de uma vez só.
Apesar de difícil, os checkpoints são frequentes. Você nunca é obrigado a voltar mais do que uma batalha quando morre, mas vale dizer que algumas dessas batalhas são contra muitas dezenas de inimigos e duram um bom tempo. O jogo também tem uma irritante mania de colocar checkpoints antes de cutscenes. Dá para pular, mas enche o saco ter que pular uma historinha toda vez que você bate as botas.
Além dos combos tradicionais, você também tem ataques especiais que usam umas bolinhas que ficam abaixo da barra de vida. Estes especiais são os seus ataques mais poderosos e ajudam bastante nos combates mais difíceis, embora leve um bom tempo para recarregá-los.
NEM SÓ DE PORRADA VIVE UM DRAGÃO
O jogo não se limita a porrar samurais inimigos. Você também vai ter que correr de cenários desabando, pular de plataforma em plataforma e até mesmo usar um gancho claramente inspirado pelo Batman.
O level design é bastante complexo, com vários caminhos que você pode seguir e, com a ausência de um mapa, é batata que não vai dar para explorar tudo e pegar todos os itens, a não ser que você use um guia.
Há também alguns puzzles, mas eles são bem simples. O único que me deu um pouco de trabalho foi porque eu não sabia que dava para fazer um dash no ar, e assim que descobri isso, passei numa boa.
Quando você morre, sua vida se mantém como ela estava ao passar pelo checkpoint, o que significa que a única forma de recuperar vida é com poções, que você pode encontrar em baús ou comprar pelos menus com seus pontos de experiência quando estiver fora de batalha. A jogada é que cada poção comprada aumenta o preço, mas felizmente a inflação não é tão forte quanto em Devil May Cry e mesmo ao terminar a campanha, as poções ainda estavam a um preço bem acessível.
Você vai morrer bastante por aqui, mas nem sempre a morte vai ser por falta de vida. Seguindo o estilo de level design old-school há, por exemplo, uma fase de elevador, onde você pode jogar os inimigos para fora e assim vencê-los facilmente. O problema é que a recíproca também é verdadeira, e a facilidade com que eu era jogado do elevador fez com que este fosse o checkpoint mais sofrido de toda a campanha.
Curiosamente, ao terminar a história – o que já é bastante difícil – você libera a possibilidade de jogar na dificuldade Normal. Fala sério, aquilo que exigiu tamanha destreza dos dedos era o easy?
Claro, você pode iniciar na dificuldade superior mantendo todos seus upgrades. Admito que se eu tivesse tempo, jogaria mais vezes este jogo. Apesar de ter durado cerca de oito horas, foram oito horas bem divertidas.
HIDDEN DRAGON LEGEND
Eu gosto muito da temática de samurais e de jogos de ação, então apesar da falta de polimento, gostei bastante de Hidden Dragon Legend. Se a ideia de um Nioh em 2D lhe apetece – e fala sério, por que não apeteceria – este vale seu tempo e dinheiro.