Normalmente quando se fala dos adventures de outrora, a gente costuma lembrar imediatamente dos clássicos cheios de humor da Lucasarts, como Monkey Island e Day of the Tentacle.
Nas raras vezes que lembramos da Sierra, vêm à mente jogos filmados como Phantasmagoria e The Beast Within, mas a verdade é que bem antes da tecnologia permitir games em live-action, a Sierra também fez um monte de adventures pixelados que, se não se mantiveram tão populares com o passar do tempo, agradaram bastante na época, e inclusive fizeram a Lucasarts suar em suas roupinhas de pirata.
Pois sabe quem nunca esqueceu da Sierra? Benjamin Rivers, a principal mente por trás de Alone With You.
SOZINHO, MAS COM QUEM?
Alone With You tem a mesma cara e sons dos adventures da Sierra. Seu gameplay pega mais leve nos puzzles obtusos tradicionais do gênero, mas em compensação se aprofunda bem mais na história.
Aqui você é um sujeito (ou uma sujeita, já que o design é intencionalmente assexual) preso em uma estação espacial que aparentemente não tem mais sobreviventes. A AI que comanda o lugar cria um plano para que você e ela escapem do planeta, e para isso precisa que você escaneie itens espalhados por toda a estação.
Cada dia você visita uma parte da estação, que consiste principalmente de quatro prédios chefiados por quatro personagens. Toda noite, você vai ter a oportunidade de conversar com uma “cópia holográfica” do chefe do setor que visitou. Manja no Soma, que eles fazem as cópias digitais das consciências das pessoas até aquele momento e transferem para robôs? É tipo isso, mas ao invés de robôs, são hologramas.
Isso significa que os chefes de setor têm memória apenas até o ponto em que seu original foi copiado, e obviamente nutrem uma não tão saudável curiosidade em saber o que aconteceu com sua versão de carne e osso.
Você passa toda noite conversando com os hologramas, com opções do que dizer, e os dias explorando a estação acompanhado da IA, com quem você também vai desenvolver uma relação.
GAMEPLAY
A exploração tem um gameplay bem simples. Você vai encontrar portas trancadas que devem ser destrancadas em outro lugar, ou então com senhas que você deve deduzir através das dicas fornecidas. Se você travar em algum lugar, provavelmente vai ser porque não sacou a lógica de uma das senhas, mas não tem nenhuma que seja tão difícil de deduzir botando os miolos pra trabalhar.
Em geral, quando você ganha acesso à última sala trancada, a IA considera o dever cumprido e avisa para você voltar à colônia. Não demora para as coisas caírem numa rotina. Explore, destranque portas, volte para a colônia, converse com um holograma.
Isso é uma descrição bem factual de como é jogar Alone With You. Não dá para negar que eu fiquei entediado em parte do meu tempo com ele, especialmente porque ele é bem mais longo do que deveria ser. No final, no entanto, parece que tudo compensa – e inclusive explica o nome do jogo em alguns dos troféus da PSN mais emocionais que já recebi.
No final, você tem claramente duas opções, mas a julgar pela quantidade de troféus secretos que ficaram na minha lista, há bem mais do que dois finais, mostrando que as coisas que você fala e como você desenvolve a relação com cada um dos personagens realmente faz diferença.
Temos aqui um jogo que dá aquele clique, que realmente mostra a que veio, quando você o termina. Inclusive, a nota que acabei dando no final foi pelo menos 0,5 mais alta graças à conclusão da história.
Obviamente, não posso falar muito do final em um review, até porque prefiro que você descubra tudo por conta própria. Encerro dizendo que, se Alone With You não parece tão especial enquanto você o joga, ele realmente sai de seu casulo quando você o termina, causando emoções que vão ficar com você muito tempo depois dos créditos rolarem.