Os filmes baseados em jogos de videogame têm uma merecida fama de serem uma porcaria. Teve uma época que isso acontecia com filmes baseados em quadrinhos. Para quem vai ao cinema hoje assistir a um tremendo blockbuster como Capitão América: Guerra Civil, pode parecer estranho, mas antes de Chris Evans assumir o escudo, tivemos um filme do herói de baixíssimo orçamento. O mesmo pode ser dito do Quarteto Fantástico e do Justiceiro.
Eu não esperava que Ratchet e Clank, adaptação da longeva série de Playstation, fosse assumir um papel importante para os filmes de games como o X-Men de 2000, fez com os de quadrinhos. Porém, a julgar por quão absurdamente engraçados os games são, e pelo fato de este longa ser uma animação que mantinha os designs, dubladores e parte do time criativo, colocava fé de que seria, no mínimo, um longa divertido. Afinal, se é feito pelos próprios criadores, o material será tratado com mais carinho, vide os filmes feitos pela Marvel Studios.
Infelizmente, Heróis da Galáxia: Ratchet e Clank conta a mesma história sem graça do jogo que resenhei dias atrás, mas tira muito do humor que o torna tão prazeroso.
Várias das cenas do filme estão no jogo em formato de cutscenes, mas o jogo tem muita história, cenas e piadas que não aparecem no cinema. A história do filme é mais redondinha, mais direta ao ponto. Por exemplo, após encontrar Clank no jogo, Ratchet tem a missão de avisar os Galactic Rangers, mas ele também pode ir a outros planetas fazer outras coisas. O filme é mais focado e mais desenvolvido na história que conta. Obviamente, Ratchet e Clank não ficam passeando pelo universo enquanto o mesmo é ameaçado por uma vilanesca corporação.
O filme até tem suas piadas, mas são em menor quantidade e qualidade do que nos jogos da série. O personagem Mr. Zurkon, por exemplo, até aparece no filme, mas quem assiste não vai entender porque o robozinho é tão querido pelos fãs no jogo. Basicamente, são piadas pontuais que parecem estar lá mais para bater o ponto do que por terem sido escritas por pessoas realmente engraçadas.
Sobra a história, que coloca Ratchet como um mecânico que sonha em ser um herói da galáxia. Após receber um fora do seu ídolo Capitão Qwark, ele conhece Clank, que o alerta de um perigo iminente, e agora a dupla deve ir ao encontro dos heróis e salvar o universo.
Assim como nos jogos, Qwark rouba a cena, com seu jeitão de super-herói convencido. Ele aparece bastante, talvez até tanto quanto os protagonistas, e responde pelas melhores piadas.
Já Clank, que no jogo tem todo aquele charme de um robozinho nerd, é relegado ao papel de um sidekick pouco desenvolvido e sequer fica junto com Ratchet na maior parte das cenas de ação.
Ratchet & Clank não é um jogo tão conhecido quanto outros que viraram filme, como Street Fighter ou Prince of Persia, então não duvido que tenha gente que vá assistir sem nem saber que veio originalmente dos games.
Para crianças pequenas, funciona. É um historinha de ficção científica bem básica e bonitinha, divertida e emocionante o suficiente. Para os pais ou para os fãs da série nos Playstations, é melhor mesmo ficar em casa jogando.
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