Lembra quando a briga entre lobisomens e vampiros não era imediatamente ligada a Crepúsculo? Pois é, bons tempos. Ou nem tanto, porque se não eram vampiros fosforescentes, eram os fetichistas de Anjos da Noite, série cuja qualidade variava do esquecível filme nada à mais traumatizante porcaria. Será que O Despertar vai salvar a franquia? Continue lendo, meu amigo.
Se o delfonauta leu o parágrafo acima e pensou “o Corrales deveria ouvir um pagodão suado, Anjos da Noite não precisa ser salvo”, pare de ler essa resenha agora e vá ao cinema, pois o quarto filme dos dentuços é exatamente o que se espera dele: estilo sobre substância. Cenas de ação de mais e história de menos. Câmeras lentas e Kate Beckinsale fazendo boquinha sexy o tempo todo.
O mistério para mim é: como um filme com todas essas características pode ser tão “mé”? Isso aqui deveria ser a melhor coisa já vista na sétima arte, pô! O problema é que não é.
Lembra do Mandando Bala? Ele compartilha do mesmo conceito de Anjos da Noite. Ação exagerada e estilosa, jeitão de videogame, história não importante, mulheres lindas. Tudo que a gente gosta. Mas Mandando Bala tem um diferencial: assim como filmes B, parte da diversão é que ele não se leva a sério, e é fanfarrão do início ao fim.
Em nenhum momento de Mandando Bala você se importa com o destino do nenê, ou com a conspiração que isso envolve. Isso é só desculpa para o tiroteio. Em nenhum momento de Anjos da Noite você se importa com a desvantagem numérica dos vampiros ou fica com medo dos lobisomens super-poderosos. Mas ele não encara isso como desculpa para a ação. A sensação é que ele realmente quer que você se importe com as caras e bocas sensuais de uma vampira que usa um uniforme sadomasoquista.
A ação que temos aqui é legal, quase ininterrupta e bem violenta. A influência de videogame é tamanha que as lutas têm até chefes de fase. Em vários momentos, eu soltava um hell, yeah telepático para mim mesmo, mas o filme constantemente se levando a sério me entediava logo após esses momentos mais tremendões.
Sabe outra influência de videogame que ele absorve? É totalmente monocromático! Você sabe, nos games de hoje é tudo marrom.
Pois Anjos da Noite segue a tradição conforme estabelecida no cinema preguiçoso. Adivinhou, delfonauta, ele segue o maldito contraste azul laranja. Mas ao contrário da maioria dos filmes, que usa esse artifício, mas tem outras cores, este tem apenas duas.
O marrom é laranja. O branco é laranja. O preto e todo o resto é azul. É praticamente um filme em PB, mas, ao invés do P e do B, é LA. E isso não o deixa bonito, apenas monocromático. Sin City, por exemplo, mesmo sendo em preto e branco, tem mais cores e é muito mais bonito.
Anjos da Noite – O Despertar é um filme preguiçoso que tenta ser mais do que realmente é. Tivesse mais humor e fanfarronice, poderia ser bastante divertido, mas simplesmente não dá para levar a sério uma obra em que as cenas de ação têm até chefes de fase. Se você é fã da franquia, provavelmente vai se divertir, pois nada mudou aqui. Justamente por isso, se os filmes anteriores já não lhe apeteciam, gaste seu dinheiro em outra coisa.
CURIOSIDADES:
– O DELFOS tem resenha dos três filmes anteriores. Confira nossas críticas para Anjos da Noite – Underworld, Anjos da Noite – A Evolução e, finalmente, Anjos da Noite – A Rebelião.
– Anjos da Noite – O Despertar estreia nos cinemas brasileiros poucas semanas depois de um outro O Despertar. E dessa vez a culpa nem foi dos tradutores brasileiros, pois ambos têm a palavra awakening no título original.
– O primeiro parágrafo desta resenha e essas três curiosidades foram escritas antes de assistirmos ao filme. =]