Rio tem gerado bastante expectativa entre delfianos e delfonautas. Afinal, é um desenho que se passa no Rio de Janeiro, feito por um cineasta que não só é brasileiro, mas que já dirigiu outros desenhos bem legais. Não tinha como dar errado.
Aqui conhecemos Blu, uma arara azul que é contrabandeada para os States, onde acaba sendo adotada por uma simpática moçoila. Juntos, eles são tão felizes que chega a dar raiva (não é natural ser feliz). Até que recebem a visita de um atrapalhado cientista brasileiro que diz que Blu é o último macho de sua espécie, e que ele está com a última fêmea no Brasil. Assim, o trio viaja junto para o Brasil onde vão arranjar altas confusões.
Lá (aqui), eles vão conhecer vários outros pássaros, macaquinhos e contrabandistas. O legal é o visual brasileiro dos bichinhos. Por exemplo, um dos passarinhos usa uma tampinha na cabeça que, sabe-se lá por qual motivo, realmente parece algo que um sambista usaria. E dá um tremendo charme para ele.
O design é excelente e muitas das piadas vêm diretamente dele, mas outras vêm das situações e dos personagens. Em outras palavras, Rio é um filme visualmente lindo e muito engraçado.
Poderia ser perfeito, mas acaba perdendo força no terceiro ato, graças a um roteiro que se rende a todos os clichês das animações, como partezinha triste/lições de amizade e afins. O mais triste disso é que no último filme do diretor Carlos Saldanha, A Era do Gelo 3, ele não seguiu esse caminho e o filme tem um roteiro criativo e diferente. Dessa forma, Rio, o primeiro filme dele fora da franquia que ajudou a criar, é um tremendo retrocesso criativo na obra do nosso amigo.
Outro ponto que me incomodou aqui é que Rio parece uma obra publicitária encomendada para trazer gringos para a “cidade maravilhosa”. O Rio de Janeiro do filme é reconhecível, sim, e é colorido e romantizado como qualquer boa animação deve ser, mas também apresenta a típica imagem “gringa” da cidade, que nunca seria corroborada por alguém que já a visitou ou tenha morado lá.
Ou alguém diria que o Rio de Janeiro realmente é um lugar pacífico, repleto de pessoas amigáveis? Realmente não é o que vi nas vezes que visitei a cidade. Aliás, minha última visita à cidade já ficou tão lendária aqui no DELFOS que muita gente me pergunta o que diabos aconteceu de tão traumático. Um dia eu conto, mas não hoje. =D
Assim, não é perfeito, e não é o melhor filme de Carlos Saldanha, mas ainda assim temos em Rio um filme divertido, muito engraçado e fofo ao extremo. Mais do que o suficiente para justificar uma passadinha no cinema, não acha?
E se você quer ler mais sobre o diretor, que tal ler nossa entrevista com o próprio Carlos Saldanha?