Todo nerd já sonhou em ser um supervilão. Alguns sonham até durante a idade adulta e chegam até a criar grandes sites de jornalismo parcial reflexivo como parte de seus planos conspiratórios. Meu Malvado Favorito conta uma dessas histórias.
Aqui conhecemos Gru, um dos maiores vilões do mundo. Quando uma das pirâmides é roubada, ele vê seu posto de tremendão do mal ameaçado e decide contra-atacar, roubando nada menos do que a Lua. E uma das fases do seu plano maligno consiste em adotar crianças. Mais especificamente, três menininhas extremamente fofas. Pausa para a risada maligna. Todo mundo junto agora:
Bwa-hahahaha! Bwa-hahahahaha! Bwa-ha… cof! Uhn… Bwa-hahahaha! Hahahahahahaha! Mwa-hahahahahaha! Mió-hahahahahaha! Ahem…
E Meu Malvado Favorito me ganhou logo no início. De cara, ele abre com a tremendona Sweet Home Alabama e você há de concordar que um filme que tem Lynyrd Skynyrd na trilha sonora não pode ser ruim. Mas logo ficaria ainda melhor, especificamente na primeira cena em que o personagem Gru aparece. Ela parecia servir para mostrar que o sujeito não era assim tão mau, mas na verdade a intenção era provar que ele era ainda mais mau do que você podia pensar. Há muito tempo não ria tão alto quanto nessa cena – e foi aí que percebi que os próximos 90 minutos seriam repletos de risadas. E, meu amigo, como foram!
Para você ter uma ideia, temos aqui o filme mais fofo desde Wall-E e o mais engraçado desde Monty Python em Busca do Cálice Sagrado. E fala sério, alguém consegue pensar numa combinação melhor do que essa que não seja ruivas com bacon? Merece destaque a menininha menorzinha, de nome Agnes, que com certeza se junta à Boo, de Mostros S.A., na galeria de personagens mais cuti do cinema.
E o troço tem um humor tão inspirado que as piadas não param nem mesmo na obrigatória (e normalmente pentelha) partezinha triste. E se fosse colocar algum defeito no longa estaria justamente aí: a história segue sempre pelo caminho mais óbvio, mostrando que toda a discussão e capricho foram investidos apenas no humor, não no rumo da coisa toda.
Mas até aí, a história do supracitado clássico do Monty Python mereceria um evil monkey de tão ruim e mesmo assim ele é extremamente recomendável para qualquer um que goste de rir (ou seja, qualquer pessoa da Terra). Dessa forma, Meu Malvado Favorito também não perde o Selo Delfiano Supremo por esse pequeno porém, pois fazia anos que eu não ria tanto. E isso não é um exagero.
Também vale um destaque positivo para a qualidade da animação em si, que muitas vezes é engraçada sem nem precisar de piadas. Repare, por exemplo, nos movimentos das mãozinhas e perninhas dos personagens, especialmente quando eles fazem coisas “malvadas”, e sem dúvida isso também vai desencadear umas risadas.
Já que a Pixar parece cada vez mais focada em nos fazer chorar, é bom ver que ainda existe gente fazendo desenho por aí seguindo os ensinamentos do Roger Rabbit: nos fazer rir. Mas admito que vai ser um jogo duro escolher para o meu top 5 de melhores filmes de 2010 qual vai ficar com a posição mais alta: Toy Story 3 ou Meu Malvado Favorito. Seja como for, é certo que ambos estarão na lista.
CURIOSIDADES:
– Duas cenas valem o ingresso em 3D: um passeio de montanha-russa em primeira pessoa e a cena durante os créditos, cheia de efeitos especialmente planejados para isso. Mas o filme continua engraçado e divertido se visto em 2D, então escolha de acordo com o tamanho do seu bolso.
– O título nacional é uma referência a Meu Marciano Favorito? Alguém mais acha estranho colocar num desenho uma referência a uma série de TV dos anos 60 que está muito longe da popularidade atemporal de um Os Três Patetas? Vai entender…