Quando Me Apaixono

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Quanto mais Hollywood é tomado por filmes de produtor e mais eu vou aprendendo sobre cinema e roteiro, mais meu gosto vai mudando. Embora eu ainda goste de explosões e super-heróis, faz muito tempo que algo do gênero realmente não me empolga e cada vez mais eu vou gostando de histórias mais humanas, sobre seres humanos sem superpoderes e sem barraquinhas de cachorro-quente explodindo.

Sim, amigo delfonauta besuntado em óleo, eu sei que isso é um choque para você. Afinal de contas, eu nunca demonstrei aqui gostar de filmes de amor, ou sobre seres humanos e jamais coloquei algo assim na minha lista de melhores do ano, certo? Portanto, deixa de ser mariquinha e se recupere do choque. E pare de fazer pipi na minha foto, caramba!

Agora falemos de Quando Me Apaixono, a estreia de Helen Hunt, da sitcom Mad About You, na direção, que chega aos nossos cinemas com dois anos de atraso.

A protagonista aqui é uma professora de 39 anos (embora Helena Caçada pareça consideravelmente mais velha) que acabou de ser abandonada pelo marido (Matthew Broderick, o Ferris Bueller). Para piorar as coisas, sua mãe adotiva morre no dia seguinte. Logo em seguida, no entanto, sua mãe biológica (Bette Midler) a encontra e parece ansiosa em perder o tempo perdido. Aliás, é à mamãe que o título original Then She Found Me (“Daí Ela Me Encontrou”, em idioma lusitano) se refere. No meio de tudo isso, ela acaba conhecendo o pai de um de seus alunos e eles começam a sair.

Sim, amigo delfonauta, eu sei que pela sinopse não parece grande coisa. Afinal, poucas coisas ficam mais interessantes em uma única frase do que “turminha do barulho em altas confusões” ou “eles mataram seu cachorro e ele quer vingança”. Mas é justamente nos filmes que não se encaixam nessas sinopses que temos atualmente o lado realmente criativo de Hollywood, com personagens bastante desenvolvidos e, sobretudo, humanos.

Todos os personagens de Quando Me Apaixono cometem erros. Ora, não cometemos todos nós? E todos eles têm também seus momentos de “óun”. A mãe, por exemplo, é uma tremenda patetona, mas não da forma vazia de uma comédia tradicional, apenas como uma pessoa que tenta ser boa e carinhosa sem ter muita noção de como fazer isso. E é justamente esse tipo de tratamento que dá ao longa tamanha qualidade.

Histórias de amor não são algo que pode ser fabricado em linhas de montagem industriais, como costuma acontecer com as comédias românticas. É preciso ter mais sentimento e ser uma história pessoal. E quando isso acontece, o filme fica realmente especial. E, amigo delfonauta, temos aqui um filme realmente especial, que aborda o amor não da forma idealizada comum aos longas direcionados a menininhas de 13 anos, mas de forma madura e realista, com a qual todos nós poderemos nos identificar.

Eu sei que a maioria de vocês, delfonautas – especialmente os delfonautos – gostam de sair por aí de cueca e besuntados em óleo, mas às vezes vale a pena tomar um banho para tirar o óleo, vestir um jeans e uma camiseta e assistir a um bom filme realista. Você sabe, só para variar um pouco. =)