Explosões a rodo, mulheres espetacularmente bonitas e cenas de ação exageradameente estilosas. Do que mais um filme de ação precisa? Se você é como eu, a resposta seria: mais nada. Porém, alguma coisa está faltando em G.I. Joe: A Origem de Cobra.
Um fabricante de armas quer que seu mais novo artefato de destruição seja roubado pelo seu exército para assim colocar a culpa na organização militar secreta e internacional G. I. Joe. Porém, ele não contava com a astúcia dessa turminha do barulho, e agora todos vão brincar de gato e rato e explodir meio mundo (inclusive pontos turísticos) na melhor tradição America – Fuck Yeah!
Eu mesmo sou um grande defensor de que filmes de ação não precisam de história para serem legais. Veja Mandando Bala, por exemplo. O que acontece nele? Ora, o caboclo mata uns 200 sacripantas enquanto pula de pára-quedas. Por quê? Quem se importa? Ele matou 200 sacripantas enquanto pulava de pára-quedas, pô! *-*
Porém, G. I. Joe nos ensina que pior do que uma história ausente é uma história ruim. E o roteiro aqui constrói sua narrativa de forma tão óbvia que acaba estragando as (várias) qualidades do longa. Pense em qualquer clichê de filmes de ação e ele certamente estará aqui. E não se trata de uma sátira ao gênero, como O Último Grande Herói. Comandos em Ação: A Cobra que Sobe se leva a sério. Mesmo com um título como esse. Só faltava mesmo ter um herói chamado Solid Snake para completar as nomenclaturas de filme pornô.
Ok, até existe algum humor por aqui, mas é de forma bem moderada e, o pior de tudo, está nas mãos escatológicas de Marlon Wayans, que você deve conhecer de algumas das maiores obras de arte do cinema, como As Branquelas, por exemplo. Mas pior que a culpa nem é dele, pois seu personagem é o típico token black guy, aquele fulano mezzo-cafajeste, mezzo-atrapalhado, manja? O troço já é tão desgastado que não seria interessante nem se estivesse nas mãos de um comediante que conhecesse as noções básicas de timing. E todos nós sabemos que ninguém da família Wayans tem a menor capacidade de fazer sorrir alguém que não ache fluidos corporais engraçados.
Apesar disso tudo, G. I. Joe tem muitas outras coisas legais. A direção de Stephen Sommers continua estilosa e só é prejudicada pela existência de uma história. Afinal, é por ela existir que a gente pode reclamar dela. Se não existisse, este filme seria apenas um apanhado de cenas de ação e, portanto, melhor. Veja só como ele se deu bem dirigindo desculpas para porradaria, como A Múmia e Van Helsing. Ninguém duvida que o maninho realmente sabe como filmar ação e a cena de perseguição em Paris é empolgante, emocionante e repleta de momentos hell, yeah! Na verdade, ela é tão legal que vale o ingresso por si só.
Outras cenas dignas de destaque são os flashbacks que mostram a pancadaria entre os dois meninos ninjas. Posso estar sendo traído pela minha memória, mas não me lembro de ter visto uma cena de luta pintudona entre duas crianças antes.
Tudo funcionaria melhor se fosse menos story-oriented ou, pelo menos, se tivesse uma história suficientemente desenvolvida para fazer você se importar com algum dos personagens. Cacildis, até mesmo um protagonista carismático poderia já ser suficiente para salvar o filme. E nem isso rola por aqui.
Da forma que está, infelizmente, sou obrigado a conceder à Cobra que Sobe o posto de primeiro Testosterona Total nada da história. Ei, pelo menos por algum motivo ele há de ser lembrado. Aprendendo a Mentir que o diga.
Curiosidades:
– Alguém me explica como o personagem de Dennis Quaid não morreu depois de ter sua garganta cortada com uma espada?
– Ou eu estou alucinando ou Brendan Fraser faz uma ponta não creditada aqui. Assista e me diga se você o viu também ou se eu estou ficando louco. Ou ambos, é claro.