Dar nota para esse filme realmente foi um desafio. Até certo ponto, ele tem várias características que eu teoricamente odiaria, como imagem suja, furos de roteiro e tudo mais que um filme amador tem. Só que aí é que está, o projeto Grindhouse foi concebido para ser exatamente assim. E parte do que me deixava ansioso para assistí-lo era justamente essa proposta de ser um filme trash, cujo único compromisso é com a diversão. E pelas barbas do profeta, eu realmente me diverti neste filme.
Até fazer a sinopse é complicado, já que o roteiro é daqueles que atira para todo lado e é muito mal-amarrado. Temos uma cacetada de personagens um tanto desconexos que estão tendo uma noite terrível, principalmente porque a cidade está sendo atacada por uns troços nojentos, que podem ser chamados de zumbis, embora não sejam tão divertidos quanto aqueles que estamos acostumados a ver na obra de Romero
O principal problema do roteiro é justamente o excesso de personagens, o que dá muito pouco tempo de tela para cada um deles nos reles 90 minutos de projeção. Até a tão falada perna de metralhadora da Rose McGowan só vai aparecer lá no finalzinho. Tudo bem que, quando aparece, uh-lá-lá, mas eu achei que fosse algo muito mais importante e com muito mais destaque. Aliás, Rose, que até outro dia era a “mina feia do Charmed” está com tudo para reinar ao lado da Natalie Portman como musa nerd. Vamos ver se ela consegue administrar seu o reinado tão bem quanto a baixinha fofa. Aproveitando que falamos da Rose, enquanto passam os créditos iniciais, ela fica fazendo uma dança sensual. Pô, todo filme devia ter uma gostosa dançando enquanto passam os créditos, não concorda? Como eu sou muito legal, coloquei aí na galeria algumas das fotos dessa dança para os delfonautas machos mostrarem para a namorada e pedirem para elas imitarem a Rose – e em seguida, é claro, levarem um tapa da moçoila enquanto ela termina o namoro. Ah, como as mulheres são incompreensíveis…
Outro personagem que merece destaque é El Wray, interpretado por Freddy Rodriguez, o irmão da Carla, de Scrubs. O cara é o típico protagonista de um Testosterona Total e aquela cena onde ele vai andando no hospital matando um monte de zumbis de forma estilosa é uma das melhores cenas de ação do cinema recente, e tem o mesmo clima de videogame daquela famosa cena de Oldboy onde o carinha vai andando para a direita e exterminando os vilões.
Mas voltando às gostosas, afinal, tudo acaba levando a elas, não é só de Rose McGowan que Planeta Terror vive. Pelamordedeus, como aquela Marley Shelton é linda. Na verdade, eu passei o filme inteiro achando que se tratava da Heather Graham (com quem eu faria tanta miséria que não precisaria nem de um acompanhamento gastronômico), tamanha a semelhança entre as duas. Aquelas babás gêmeas também são deveras interessantes e são bem mais rechonchudas do que as minas costumam ser nos cinemas estadunidenses. Todos juntos agora: hum… babás gêmeas e carnudas…
Agora deixando as gostosas de lado, pelo menos por alguns parágrafos, falemos do resto do elenco. Em papéis menores, temos aqui também a presença de Bruce Willis, Naveen Andrews (o Sayid, de Lost), Tom Savini (se você não sabe quem é esse cara, Grindhouse não é para você) e até do próprio Quentin Tarantino, que protagoniza uma das cenas mais nojentas que eu já vi no cinema.
E se você é um fã de nojeiras, este é O filme para você. É simplesmente um dos filmes mais gore a que já assisti e não é de se surpreender que não tenha feito sucesso nos EUA. A violência aqui está no mesmo nível de um Fome Animal, ou seja, é tão exagerado, mas tão exagerado, que não dá para não rir. Pô, só para você ter uma idéia, um cara leva um tiro e começa a jorrar litros de sangue, como se tivessem cortado o braço dele. Claro, sangue não e tão nojento assim, mas vai por mim, se você não pensar algo tipo “Iirrgh!”, “Uuurrgh!” ou mesmo o simples, porém sempre eficiente “Eca!”, na cena do Tarantino molhando o biscoito, você realmente é um cara muito macho. Ou muito doente, escolha qual lhe apetecer mais.
Uma coisa engraçada é saber que foram gastos milhões e milhões de dólares para deixá-lo com cara de filme de baixo orçamento, cheio de riscos e cortes feios. Será que se tivessem simplesmente feito ele com menos grana, ele não ficaria naturalmente com esse visual sujo?
Outra curiosidade que já foi plenamente divulgada por aí é a tal cena que tem o rolo faltando. A piada é legal, mas o chato é que, quando a projeção continua, todos os personagens que estavam até então separados, aparecem juntos e você fica sem saber como eles se encontraram. Ok, isso é proposital, mas ainda assim acaba deixando um furo bem feio no roteiro e talvez fosse mais legal se o rolo faltando só cortasse a cena de sexo no meio, não um pedaço importante da história.
Planeta Terror não é perfeito, mas não dá para negar que é uma das coisas mais divertidas a aportar no cinema este ano. Se você curte uma boa dose de humor negro, nojeiras, tripas, zumbis, mulheres gostosas e explosões, esse é o filme para você. E se você não curte essas coisas… pô, tá fazendo o quê no DELFOS?
Curiosidades:
– De todos aqueles trailers fictícios previamente divulgados feitos por diretores famosos, aqui vimos apenas um. O filme em questão, chamado Machete, realmente parece ser muito legal. Bem que podiam fazê-lo de verdade!
– Antes da sessão, assistimos a uma cena de humor nonsense na vida real, quando o assessor da Europa pediu a atenção dos críticos para dizer que o laboratório reclamou que o filme estava todo riscado e que tinha partes faltando. Claro, todos os presentes sabiam que isso fazia parte da proposta, mas não deixa de ser engraçado ver o cara sentindo necessidade de avisar que o filme é assim mesmo caso alguém lá não soubesse.
– No caminho para a sessão, assisti a uma cena de abuso policial, aqui mesmo na rua da minha casa. Dois policiais bateram a cabeça de um bêbado algemado na grade de um prédio e, em seguida, o derrubaram no chão, enquanto este pedia para que eles o matassem. Eu não sei o que o cara fez e até acredito que tenha feito algo de errado, mas ele estava algemado e sem oferecer a menor resistência, portanto, esse tratamento foi completamente desnecessário. Não é à toa que o cidadão paulistano tem mais medo da polícia do que dos ladrões.
– Esse filme deveria ter estreado no dia 2 de novembro. A programação delfiana da semana seguinte normalmente é fechado na quarta ou quinta da semana anterior. A estréia foi adiada por tempo indeterminado depois que este texto já estava agendado no sistema para o dia 2. Daí, no dia 6, a Europa manda um e-mail dizendo que o filme estréia no dia 9. Como ontem e anteontem já estavam ocupados com o debate sobre cotas raciais, tive que reagendá-lo para o dia 10. Um pouco de respeito e de organização ajuda muito, viu, povo da Europa Filmes?