Tempestt – Bring ‘Em On

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Uma coisa que eu nunca consegui entender é o gênero Rock nacional. Manja as pessoas que falam que Legião Urbana ou Capital Inicial são bandas de Rock? Pois então, eu não consigo ver absolutamente nada de Rock nelas. Quando muito, um Pop/Rock mais puxado para o lado Pop. Com isso, não estou condenando o estilo, mas apenas constatando que é uma denominação imprecisa, que não representa o que o som realmente é. Afinal, até na Jovem Guarda é possível encontrarmos mais influências roqueiras do que na banda do Renato Russo.

E eu digo isso porque acabo de descobrir mais um gênero impreciso no rocambolesco mundo do Rock nacional. Trata-se do Hard Rock. Bandas como Dr. Sin e mesmo este Tempestt são denominados Hard Rock quando na verdade muito pouco ou nada têm a ver com bandas como Kiss, Van Halen ou Deep Purple. Mas, ao contrário do Rock nacional old-school, esse “Hard Rock nacional” sem dúvida é Rock. E é pesado. Aliás, até mais pesado do que as bandas de Hard supracitadas, pois costuma apresentar flertes bem fortes com o Metal e, principalmente, com o Progressivo.

Esse é justamente o caso do Tempestt. No release dos caras, consta o rótulo Hard/Heavy, gênero que usaria para classificar o Rainbow, por exemplo. Mas o Tempestt não tem aquela alegria tradicional do Hard. Trata-se de um som bem mais sério e que lembra bastante bandas de Metal Progressivo. Na verdade, este álbum me lembrou bastante Dream Theater, tirando o fato de que a maior parte das músicas não passa de seis minutos (e a mais longa tem 7:44). De qualquer forma, se compararmos com o primeiro do Van Halen, por exemplo, a maior música do álbum da banda estadunidense é mais curta que a menor de Bring ‘Em On.

E digo isso apenas para enfatizar que esta não é uma banda de Hard Rock, como vemos por aí, mas sim do que começarei a chamar a partir de hoje de Hard Rock Nacional, ou seja, um estilo bem semelhante ao que conhecemos do Dr. Sin. E, assim como a banda dos irmãos Busic, não é um estilo que costuma agradar muito àqueles mais adeptos do Hard “palminhas, coraizinhos fofos e letras falando de sexo”, onde me incluo.

Isso não significa, contudo, que não tenha gostado do álbum. A maior parte das composições são boas e empolgam, mas não são daquelas que ficam na cabeça ou que você aprende a cantar instantaneamente, sabe?

Gostaria de destacar também a performance do vocalista BJ. A voz do cara é poderosíssima e tem um timbre muito legal. Para dar uma idéia para o delfonauta que não conhece a banda, faria uma comparação com o baixinho Ronnie James Dio. Os dois têm aquela voz ao mesmo tempo bonita e pesada. E BJ se destaca principalmente nos momentos mais pesados, quando está quase gritando, já que nos mais suaves, lembra uma voz mais próxima do Metal Tradicional. Ainda boa, mas não tão especial.

Se você gosta do estilão Dr. Sin, eu diria que essa é uma compra obrigatória, mas é importante que você não espere por palminhas e músicas de festa. Este é um CD sério, com músicas sérias e que em nada lembra a irreverência e a diversão do Hard Rock, a não ser por algumas poucas influências aqui e ali.

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