Wii

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Revolucionar o mercado de videogames através de uma jogabilidade inovadora e uma interface acessível. Esta foi a premissa da Nintendo ao lançar o Wii, o console de quinta geração da empresa, que chega para “concorrer” com o Xbox 360 (e, se você ainda não leu a detalhada resenha do Corrales para o console, clique aqui e redima-se) e o PlayStation 3. Claro que todo esse papo pomposo foi arruinado pelas ocorrências de pessoas que pareciam não ter controle sobre a própria estupidez e começavam a fazer Wiimotes (abreviação de Wii Remote, o nome do controle do Wii) voarem para tudo quanto é lado, o que surpreendeu a própria fabricante e fez com que a Big N oferecesse uma troca gratuita das pulserinhas de segurança que fazem o controle ficar preso à sua mão.

O Wii, na verdade, é uma tentativa bastante inteligente da Nintendo de voltar ao topo quando o assunto é videogame. Provavelmente muitos delfonautas se lembram que, nos tempos áureos das primeiras gerações de videogames, havia praticamente um monopólio da empresa nesta indústria. Nintendo era sinônimo de videogame, mais ou menos como acontece hoje em dia, em menor escala, com a marca PlayStation. Com a entrada de novas concorrentes no mercado, entretanto, a supremacia da casa do Mario foi abalada e ela chegou a ser empurrada para um distante terceiro lugar na última geração de videogames.

Justamente por ser uma empresa que não tem o poder de compra de duas gigantes da tecnologia – como acontece com a Sony e a Microsoft nos mercados de hardware e software, respectivamente -, era óbvio que a abordagem da Nintendo precisava mudar de alguma forma. Bater de frente não estava dando certo, e a fatia de mercado da companhia diminuía cada vez mais. O que fazer? Comer pelas beiradas, parece ter sido a resposta encontrada.

Esse é o Wii. Ao invés de tentar conquistar aquele jogador hardcore, com o perfil masculino típico da casa dos 20 aos 30 anos, o console veio para popularizar o videogame, atingindo pessoas que nunca pensaram em jogar na vida e instigando aquelas que deixaram de fazê-lo há muito tempo. Para isso, a Nintendo trabalhou em um console pequeno, silencioso, barato (pelo menos em todo o resto do mundo – quem se importa com o Brasil, senão os próprios brasileiros?), simples, fácil de usar e, é claro, sem fio.

“Ok, mas o que diabos o novo Zelda está fazendo em um console que tem como objetivo atrair pessoas que nunca jogaram videogame?”, você pergunta. Ora, essa é mole. A Nintendo é, de longe, a fabricante de consoles de videogame que mais possui fãs ao redor do globo. Basta olhar pela Internet afora. Então fica claro que a companhia também não pode abrir mão do nicho de pessoas que compraram cerca de 20 milhões de GameCubes na última geração. Como fazer com que o console também venda para o gamer assíduo e assim garantir um lançamento bem sucedido sem a necessidade de gastar muito dinheiro em divulgação e propagandas na TV? Põe o novo Zelda nele. E Twilight Princess estava lá, quase pronto para ser lançado e ficar rapidamente esquecido no já obsoleto GameCube. E o fato do jogo passar a ser um título de lançamento do novo console deixa a estratégia da Nintendo clara: conquistar novos jogadores, mas sem perder aquela base instalada de fãs que colocaram a marca da empresa no patamar onde ela se encontra nos dias atuais.

ABRINDO A CAIXA

Tudo bem, palmas para os engravatados da companhia de Kyoto. Mas sem um videogame bacana, nada disso daria certo, não é? Claro. E foi esse console bacana que eu importei algumas semanas depois do lançamento norte-americano, em 19 de novembro. Sem problemas para chegar aqui em casa e para passar na alfândega, o que foi ótimo. E, ao contrário do Corrales com o seu Xbox 360, não tive problemas ou hesitações na hora de adquirir o Wii. Nada de medo de luzes vermelhas, nem preciso me preocupar em pagar nada ou esconder meu cartão de crédito. No Wii, tudo é de graça, tudo é simples, tudo é feito para que a sua mãe consiga instalar o console. Desde que ela saiba falar inglês, é claro.

A proposta diferente do Wii é percebida já ao abrir a embalagem. Você se depara com duas “sub-caixas” diferentes, com os números 1 e 2. Numa delas, fica o console em si e as fontes; na outra, o Wii Remote, o nunchuck e os demais acessórios. Por sinal, acabo de me dar conta de algo extremamente importante: passei uns cinco parágrafos falando sobre o Wii, mas mal toquei no bendito controle revolucionário. Onde estava com a cabeça? Aperte o pause do seu teclado (seu teclado não tem pause? Em que mundo você vive?) e deixe-me explicar o que diabos é o Wii Remote. É claro que, a não ser que você seja bem alienado (e, se for, deve estar no site errado), provavelmente já viu fotos do dito cujo pela internet e já sabe do que se trata (e neste caso, sinta-se à vontade para pressionar o skip do seu teclado durante os dois próximos parágrafos).

Que a Nintendo quer que o Wii atraia pessoas que nunca jogaram videogame eu já falei. Também já citei que a estratégia para conquistar novas pessoas para o fabuloso mundo dos videogames inclui preços mais baixos, facilidade de uso e acessibilidade. Mas a verdade é que tudo isso (até mesmo o console em si, se bobear) serve de segundo plano perante o maior trunfo do Wii: o seu controle.

O Wii Remote (o nome faz alusão ao seu formato semelhante a controles remotos convencionais) é possivelmente o controle com o menor número de botões desde o NES (Nintendinho, para os mais íntimos), mas é o mais revolucionário desde que inventaram aquela famosa cruzinha digital ou a alavanca analógica. Ele possui sensores de movimento que detectam praticamente qualquer coisa que você faça com o controle em mãos. Literalmente. Pode ser movimento para cima, para baixo, para os lados, profundidade, em diagonal, tudo. O céu (ou a criatividade das produtoras) é o limite. E ainda, com o auxílio de uma barra sensorial que acompanha o console, ainda é possível mirar (quase) diretamente na sua televisão, de forma a ser praticamente um “mouse em 3D”. Isso abre um leque enorme de possibilidades, como apontar a arma diretamente para o seu alvo em um jogo de ação em primeira pessoa, ou selecionar muito mais intuitivamente as opções e configurações em um jogo de estratégia ou RPG. Mas isso fica para um outro parágrafo.

Assim que abri a caixa, logo notei que tudo era tão bonito quanto parecia em fotos. De fato, nem mais, nem menos. Não foi bem como quando comprei meu GameCube e percebi que ele, afinal, tinha o seu charme; muito menos quando coloquei, algum tempo depois, o meu PS2 Slim ao lado do console roxo e percebi que o contraste não poderia ser mais diferente: a dupla parecia uma paródia nerd ao clássico “O Gordo e o Magro”. O Wii é um bom meio termo entre estes dois anteriores, juntando um estilo visual único e futurista com linhas sérias e elegantes. Se o GC é ridículo de tão chamativo e o PS2 insosso de tão apagado, o Wii acerta na mosca. Só é preciso notar que o console foi designado para ficar na vertical, usando o suporte prateado inclinado que dá todo o toque estético. Sem ele, o videogame é, de longe, o mais feio de todos os tempos (parece um leitor de CD-ROM de PC). Mas acredito que você não sofrerá de falta de espaço, afinal, o console é bem pequeno.

O Wii Remote também é bastante elegante e confortável, se encaixa bem tanto em mãos pequenas quanto grandes. Ele é bastante diferente dos controles tradicionais e, como já disse, tem a forma de um controle remoto. Você o segura com apenas uma mão, deixando a outra livre para a extensão nunchuck (que falo em breve). Não há como se confundir com botões: basicamente só há o A para o seu dedão se preocupar, e o gatilho B para a felicidade do seu indicador. Isso acaba limitando as possibilidades em alguns jogos, mas é bom lembrar que o controle capta movimentos reais. Quem precisa de botões, afinal? E, em último caso, há também o direcional digital (a cruz), que pode “emular” quatro botões diferentes.

Mas isso não é tudo. Há ainda os botões de navegação: +, – e Home Button. Os dois primeiros servem para navegar nos menus dos sistema operacional do console e para realizar funções distintas nos games (geralmente para dar pause ou alguma função secundária, já que para acessá-los você precisa mudar o Wiimote de posição na sua mão). Já o Home Button pausa o jogo independentemente da parte em que você esteja e abre um menu próprio do console, perguntando se você deseja resetar o software, ir para o menu do Wii ou mudar as configurações do controle.

“Ok, mas como eu jogo Zelda?”, você me pergunta. Nunchuck é a solução. Trata-se de uma expansão que vem junto com o console (mas é vendido separadamente do Wii Remote nas lojas) e que você deve ligar ao Wiimote para jogar alguns títulos mais “complexos”. Ele também é sensível ao movimento, apesar de não ter toda a autonomia do Wii Remote, já que ele não possui pointer ou algumas das cordenadas mais avançadas do controle principal. Nele, você tem acesso a uma alavanca analógica (semelhante à do GameCube, mas com textura diferente e um pouco mais confortável) e dois botões superiores (como os Ls e Rs da vida), chamados de Z e C.

Aqui, fica um porém: estes dois botões são digitais. Isso significa que não são sensíveis a pressão, como no controle do GameCube, o que não deixa de ser um retrocesso considerável, principalmente em um esquema de controles que deseja revolucionar alguma coisa. Como se não bastasse, o material é de baixa qualidade e o “click” que você ouve ao pressioná-los não é muito natural. Só é melhor que o botão Z do GC e os botões superiores do Dualshock.

Ainda na caixa, temos a sensor bar. Este pequeno acessório deve ser colocado acima ou na frente do seu televisor, para que sirva como um “ponto de referência” quando você estiver apontando em menus ou em jogos em primeira pessoa. Ao contrário do controle, entretanto, ela é ligada ao console por um fino fio, algo que tem gerado reclamações do público. Como a tecnologia é simples, várias produtoras terceirizadas estão fabricando soluções sem fio para substituí-la. Pessoalmente, ela não me atrapalhou em nada. Pelo contrário, até me surpreendi pelo tamanho do fio. Pena que seja leve demais, o que exige um pouco de cuidado ao manusear qualquer coisa perto de sua TV.

A HORA DA VERDADE

Tudo tirado da caixa, mãos tremendo de excitação, é hora de montar o nosso simpático brinquedinho. Olhadela rápida no manual (para quê tantas línguas diferentes?), conecto facilmente todas as conexões necessárias, e ligo o console. As configurações não são, nem de longe, tão sofisticadas quanto as do Xbox 360, mas para quem está louco para começar a jogar, isso não deixa de ser uma vantagem. Logo tenho acesso ao menu principal do console. Há um cursor na tela que é controlado pela função de pointer do Wii Remote, e isso funciona muito bem, apesar da precisão ainda não superar a do mouse. Uma curiosidade: conforme a inclinação do controle muda, a posição do cursor (uma mãozinha) também muda, podendo ficar inclinado, em pé ou deitado.

O menu compreende vários “quadrados”, cada um com um “Wii Channel”. Este foi um modo que a Nintendo usou para tornar a interface do console amigável para qualquer pessoa, dando acesso imediato a qualquer recurso do sistema. Inicialmente, estão disponíveis os seguintes canais:

– Disc Channel: Aqui será exibida uma imagem relacionada ao disco que está inserido no drive do Wii. Além de jogos convencionais feitos para o aparelho, você também pode usar qualquer jogo de GameCube. Não vou gastar muito tempo falando da retrocompatibilidade porque, afinal, o hardware do Wii é praticamente o mesmo utilizado no console anterior da Nintendo, portanto todos os jogos funcionam perfeitamente. Nada de se estressar com atualizações ou incompatibilidades. Rodou no Cube, rodou no Wii. Simples como essas coisas sempre deveriam ter sido.

– Mii Channel: Um recurso bastante inovador e simples, que com certeza vai chamar a atenção de qualquer um da sua família ou mesmo do seu círculo de amigos que não gostam de videogames (sinceramente, por que ser amigo de pessoas assim?). Aqui você monta caricaturas de qualquer pessoa, podendo armazenar centenas de “bonequinhos” de uma vez só. O mais legal é que eles podem ser usados em alguns games compatíveis com o recurso, como WiiSports, WiiPlay e WarioWare: Smooth Moves. Além disso, você pode armazená-los no seu Wiimote e levá-los para a casa de outras pessoas, conectando o seu Wiimote a qualquer outro Wii e usando a sua própria caricatura quando for jogar em outros lugares. Mas se você não conhece mais ninguém com o Wii nas proximidades, não se preocupe: os Miis também podem ser compartilhados com os seus amigos pela rede online do Wii.

– Photo Channel: Conectando um SD Card no compartimento frontal no Wii, você pode exibir um slideshow com suas fotos ou mesmo fazer edições simples e brincadeiras com elas. Vídeos também podem ser exibidos, e você pode ainda colocar um arquivo MP3 como música de fundo. Nada tão sofisticado quanto os programas de edição convencionais para PC, é claro, mas não deixa de ser um recurso bastante prático e fácil, uma boa “mão na roda” para quem quer ter acesso rápido às fotos e mostrar para toda a família sem ter que ficar se acumulando ao redor do monitor do PC.

– Wii Shop Channel: Aqui é o canal de compras do Wii, também conhecido como uma versão mais pobre e envelhecida do Xbox Live Marketplace. Você não encontrará muito conteúdo novo; os produtos são basicamente jogos de consoles de gerações passadas. Mas, como já dizia a minha avó, panela velha é que faz comida boa. O Virtual Console permite que você jogue novamente grandes clássicos que marcaram a infância de boa parte dos aficcionados (ou não) por videogames. Será que Ocarina of Time sobrevive ao tempo como a melhor obra do entretenimento interativo? Seria ainda Super Mario 64 o jogo com o melhor level design ever? É aqui que você descobre.

– Forecast Channel: O canal que serve para ver a previsão do tempo em qualquer lugar do mundo. Não é de todo inédito, já que o seu jornal local já apresenta o mesmo “recurso” há pelo menos uns… 50 anos? Ainda assim, a interface é bem polida e ficar girando o globo tridimensional é relaxante – pelo menos para quem está abobalhado com o console novo.

– Internet Channel: Nada mais é do que uma versão adaptada do Opera Browser no Wii. Não deixa de ter alguns, atrativos. Ver os vídeos do YouTube na sua televisão é bem bacana, sem contar nas dezenas de sites feitos especialmente para navegação no Wii, como o WiiCade (jogos em flash feitos para serem jogados com o pointer do Wiimote). Essa ainda é uma vantagem sobre o Xbox 360, que tem seu acesso limitado apenas à sua rede.

– News Channel: Um software que baixa da internet através do WiiConnect24 as principais notícias do mundo. O legal é que tem também um razoável número de notícias do Brasil, que podem ser visualizadas em um menu à parte. Você também pode ler apenas notícias sobre um assunto em específico que seja de seu interesse – tecnologia, esportes, artes e por aí vai (pena que não incluíram “nerdices”).

A interface é intuitiva, mas sem comprometer os recursos. Além de todos esses canais (o número pode aumentar ainda mais, pois a Nintendo diz que vai lançar novos no futuro), há também o Wii Message Board, uma alternativa bastante simpática aos meios de comunicação internéticos tradicionais. Você não achará nenhum recurso especialmente inovador, principalmente graças à demora no registro de amigos. A grande deficiência no serviço é que, ao registrar alguém, essa pessoa não recebe um aviso ou uma mensagem notificando-a de que você a registrou. Ao invés disso, é preciso que você avise o dito cujo pela vida real ou mesmo por outro meio de comunicação manualmente, para que ele o cadastre no console dele também.

A Nintendo diz que este recurso é para proteger os próprios usuários, muitas vezes crianças, mas convenhamos que, em um mundo com orkut, e-mail, messengers e afins, não é o Wii que vai deixar a sua vida privada mais protegida.

O VIRTUAL CONSOLE

Para ser sincero, ainda não tive a oportunidade de experimentar o Virtual Console. Falta-me dinheiro e disposição, afinal sou um sujeito pouco nostálgico, e não faz muito tempo que joguei a maioria dos clássicos disponíveis pela rede online do Wii. O preço também não ajuda: pagar cinco doletas por um jogo de Nintendinho não é bem o meu ideal de dinheiro bem investido. Em um mundo de emuladores, ROMs e programas de compartilhamento de arquivo, esperava que a Nintendo fosse mais pé no chão com relação ao custo dos relançamentos. Até mesmo porque os jogos já estão prontos, somente esperando que seus códigos sejam colados no Wii. Além disso, pelo mesmo preço no 360, você compra arcades bem mais interessantes, como o primeiro jogo de fliperama das Tartarugas Ninja, por exemplo.

OS JOGOS

A primeira coisa que se nota nos jogos de Wii são seus gráficos. Se você é apaixonado por tecnologias gráficas, efeitos, textura e contagem de polígonos, escolha outro console. Aqui, tudo tem cara de geração passada, principalmente nos primórdios da vida útil do videogame. Uma vez que o hardware do Wii é quase completamente baseado no do GameCube, pouco nota-se de diferença entre o visual dos jogos da geração anterior para o novo console.

Mesmo assim, a jogabilidade não deixa a desejar e, na maioria das vezes, supre aquela vontade por avanços tecnológicos quando um novo videogame é lançado. É claro que se o console tivesse gráficos tão bacanas quanto os de Xbox 360, eu é que não iria reclamar. Mas, como já dizia a minha avó, não se pode ter tudo. Quem sabe daqui a cinco anos, quando o Xbox 720 estiver apresentando hologramas e coisas do tipo, a Big N não alcance a qualidade técnica do 360?

Aqui vão as impressões resumidas de alguns dos jogos que tive a chance de experimentar:

The Legend of Zelda: Twilight Princess
Sem dúvida, um dos melhores jogos de todos os tempos. Eu considero o melhor, na verdade, mas como não posso afirmar com toda certeza que já joguei todos os jogos já lançados até hoje, acho que vou ter que deixar passar. Os gráficos são sensacionais, mesmo dentro das limitações de hardware. A jogabilidade se aproveitou dos controles do Wii para pequenas melhorias que na experiência, como dar uma espadada através de um movimento com o nunchuck ou mirar seu arco com o pointer do Remote. São mais de 40 horas de jogo MUITO intensas e extremamente divertidas, e um final que vai levar qualquer fanboy às lágrimas. Danem-se os jogadores casuais, ora bolas.

Red Steel
O grande foco de Red Steel é o controle. Tudo gira em torno das inovações de jogabilidade. Absolutamente tudo, inclusive o enredo, apresentado de forma um tanto quanto caricata, é deixado de lado para que o jogador preste mais atenção às novidades proporcionados pelo Wiimote. E, no final, ela se mostra limitada pelo prazo de lançamento do jogo e pouco funcional graças à falta de predecessores no gênero. Como primeiro FPS do Wii, o jogo cumpre seu papel, dando espaço a melhorias que com certeza serão atingidas no decorrer da vida útil do sistema.

WiiSports
WiiSports vale muito a pena, até porque ele já vem no pacote do console. Mas não o subestime por vir de graça. Ele pode render muita diversão a toda sua família nas festas de fim de ano ou nos dias de aniversário. Os gráficos são simplísticos, mas funcionais. E a jogabilidade, apesar de precisar de algumas reformas em possíveis seqüencias ou versões mais aprofundadas dos esportes separadamente, é divertida. O sistema de progressão, apesar de não ser tão duradouro, é eficiente por não bagunçar a cabeça dos novatos. E os modos “practicing” (que pode ser jogado com mais de um jogador) e Wii Fitness (uma espécie de “Body Age”) ajudam a aumentar o replay da coletânea.

Todos os jogos têm grande apelo multiplayer, e seria um grande desperdício aproveitá-lo sozinho. Se tiver apenas um controle, jogue golfe e boliche com sua família, mas se tiver oportunidade, não deixe de experimentar também algumas partidas de tênis e de boxe com seus amigos. No meio da bagunça, erros nos controles ou nos gráficos são relevados e a diversão rola solta. Este, afinal, é o verdadeiro objetivo do Wii.

Excite Truck
Uma das coisas mais legais dos videogames é mesclar o real com o irreal. É fazer tudo aquilo que você jamais faria na vida real de forma inconseqüente, sabendo que, depois do Game Over, sempre pode haver um Restart. Excite Truck é assim. É um jogo de corrida radical, com caminhões e outros veículos pesadões, no qual a gravidade é completamente ignorada e o que vale é a velocidade. Não se engane com o nome de filme pornô de quinta categoria – se tiver a oportunidade, jogue. Sem piscar. Até para não sair da pista.

O VEREDICTO FINAL

O Wii é um baita console. Ele pode não ser tão bom tecnicamente quanto os outros consoles de nova geração, mas a verdade é que ele não tenta ser. Ele tem muitos aspectos superiores e muitos aspectos inferiores, graças à proposta diferenciada. O Wii é sobre socialização, mostrar que os videogames não são apenas aquele esmagar de botões sem graça e quebra cabeças intelectuais. Videogames podem ser divertidos para todo mundo, e quando a sua família começar a se reunir e se divertir em volta do console, você vai perdoar a falta de um hardware hiper poderoso. Tudo bem que, quando tiver a chance de ir à casa de um amigo e ver um Gears of War rodando em alta definição você vai morrer de inveja, mas são apenas detalhes.

O console tem seus problemas. A falta de jogos com suporte online nos primeiros meses é sentida, principalmente em jogos que clamam por um multiplayer, como Excite Truck e Red Steel. O sistema pouco prático de friend codes também não ajuda na experiência.

Para falar a verdade, mesmo sendo um apaixonado por videogames, até hoje nunca consegui apreciar de verdade uma partida online. O Wii, que é quase em sua totalidade uma experiência física, sobre movimento, diversão e descontração, com certeza vai perder grande parte de seu apelo nos multiplayers em que você não pode ver seus companheiros jogarem. O que traz a seguinte questão à tona: não seria melhor não ter suporte online do que ter um sistema que deixa a desejar?

Ainda há a escassez de grandes títulos que chamem a atenção. O Xbox 360 tem Gears of War, Mass Effect, Oblivion, Lost Odyssey, Lost Planet e dezenas de outros, que continuam sendo lançados num ritmo bastante acelerado. O PlayStation 3 tem… bem, tem um preço que daria para comprar uns dez jogos… e o Wii tem apenas promessas. Promessas de ótimos jogos que estão por vir, mas que ainda não chegaram e, bem ao estilo Nintendo de ser, não têm sequer uma previsão de lançamento. Tudo bem, há Zelda, o que, pelo menos para mim, já é o suficiente para combater todos esses jogos citados acima, mas depois de completá-lo umas 17 vezes, começarei a sentir falta de algo mais. Espero que até lá a Nintendo já tenha se tocado.

Quanto ao controle, não tenho muitas reclamações. Os jogos ainda têm muito a evoluir e o hardware ainda pode ser muito melhor aproveitado, mas isso é apenas uma questão de tempo. Com a popularidade que o console está atingindo em todo o mundo, podemos esperar grandes jogos para o futuro do Wii.

A sensação de ter seus movimentos transmitidos para a tela em forma de ações em tempo real é única, mesmo que ainda haja muito a ser aprimorado. Em jogos como Zelda: Twilight Princess, o controle acaba “sobrando” um pouco, pois as funções do controle não são totalmente integradas à jogabilidade. Mas, quer saber? Que se dane. A mira do Wiimote ajuda muito no jogo e a sensação de mirar e ouvir o barulhinho da flecha ir do controle à sua televisão é sensacional. Já em Wii Sports, dá para ter um gostinho do que podemos esperar em jogos que sejam designados desde a sua concepção para o Wii. Jogadores profissionais em boliche real irão arrasar no Wii Sports Bowling e, embora eu ainda não tenha experimentado, conforme você melhora no boliche virtual, é possível que faça mais strikes na vida real também. Isso é mágico.

Se você está em dúvida quanto a comprar o Wii, não hesite. Mas se não sabe qual videogame da geração comprar, reflita um pouco. Eu escolhi o Wii porque não tenho tempo nem disposição para ficar jogando horas a fio todo dia, e sou fã de várias séries que serão exclusivas para a plataforma. A diversão casual e as jogatinas familiares vieram de brinde, e, sinceramente, me pegaram de surpresa. Mas se você quiser uma plataforma de nova geração de verdade ou estiver sem nenhum videogame em casa para suprir suas necessidades de matança de alienígenas e destruição de carros alheios, é melhor pensar duas vezes. Se já decidiu, você pode importar seu Wii clicando aqui ou, se você quiser ele na sua casa amanhã, e estiver disposto a pagar mais por isso, é só clicar aqui.

Nota do Corrales: Agora só falta uma resenha do PS3 para fecharmos a série. Quem se habilita a escrevê-la?

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
wiiAno: 2006<br> Gênero: Console<br> Preco: R$ 2.399 por aqui ou US$ 249 nos EUA.<br> Plataforma: Wii<br> Fabricante: Nintendo<br> Versao: Adivinha?<br> Distribuidor: Nintendo<br>