O Terceiro Olho

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Comecemos pela pergunta mais importante: este filme vale o ingresso? Se você procura apenas algo para passar o tempo, que prenda a atenção e dê algumas emoções, a resposta é talvez. Isso porque temos aqui um exemplo claro de um filme tremendão que é jogado no lixo ao final, com um desfecho nada original que, além disso, tenta se desculpar pelos fatos estranhos que foram acontecendo ao longo da trama. A premissa tem lá suas semelhanças com Efeito Borboleta, por causa das instantâneas viagens no tempo que o protagonista sofre, mas existem alguns pontos que não convencem no roteiro de O Terceiro Olho. Aliás, essa é outra tradução mal feita, pois o nome original é The I Inside, algo como “o eu interior” e não “the eye inside” (Nota do Carlos: Na língua inglesa, é comum vermos a palavra eye abreviada apenas pela letra “I”, já que a pronúncia é a mesma. Já qual é o sentido disso no filme, apenas o Rezek pode dizer).

Vamos à história: Ryan Phillippe é Simon Cable, em uma interpretação que não passa do medíocre, um homem que acorda em um hospital no ano 2002 e, com a ajuda do médico Newman (Stephen Rea), tenta se recordar dos dois anos que sua memória apagou, pois a última lembrança que tem situa-se no ano 2000. Na medida em que suas recordações vão surgindo, Simon fica sabendo que é casado com Anna (Piper Perabo), tem um caso com Clair (Sarah Polley) e esteve envolvido, de alguma forma, na morte de seu irmão Peter (Robert Sean Leonard). A partir daí, enquanto passeia pelo hospital, ele fica transitando entre o ano 2000 e o ano 2002, sem a menor noção do porquê. Sim, você leu isso mesmo, a viagem no tempo deste cara é tão simples como tirar o doce de uma criança, de modo que, basta dar uma voltinha pelos corredores do lugar que o cara já volta ao passado, num piscar de olhos.

Apesar de não saber como isto está lhe acontecendo, nessas voltas no tempo, Simon vai colhendo informações cruciais para descobrir o que de fato houve nesses dois anos que “perdera”. Até aí, mesmo sem nenhum dos atores se destacar muito, o longa-metragem vai bem. É quando Simon entende tudo o que lhe ocorrera, como também o espectador, que o filme cai de um bom thriller, até então intrigante e com clima, para mais uma bobagem redundante.

Frustração é a palavra-chave aqui e muitos vão sair da sala com a sensação de que foram enganados, algo que nem sempre incomoda tanto, mas, neste caso, irrita bastante, pois não se trata de um Dogville ou de outro filme profundo, que levanta questões sobre a vida e propositalmente quer incomodar o espectador, ao contrário, o intuito do diretor alemão Roland Suso Richter é entreter e é por isso que o desfecho frustra tanto, terminando da forma menos original possível.

Mesmo se você deseja apenas algo para passar o tempo, que prenda a atenção e dê algumas emoções, há ainda alguma possibilidade de não gostar de O Terceiro Olho, por isso eu disse que talvez valha o ingresso. Se esperar menos deste filme, é bem capaz que valha mesmo pois, como eu disse, do início até a sua resolução meia-boca, é impossível parar de assisti-lo, pois tem clima e intriga. Se você for mais exigente, no entanto, e quiser assistir a um bom thriller que envolva viagens no tempo, fique com Camisa de Força, que tem estréia programada para novembro. Este sim tem um ótimo roteiro maluco que não termina de modo medíocre só para redimir suas maluquices.