Painkiller

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Manézinho morre e faz um pacto com o além para voltar e ver sua amada de novo. Hum… Onde já ouvi isso antes? Ah, já sei, em milhões de jogos, gibis, cinemas, músicas, RPGs e tudo mais que é comumente abordado aqui no DELFOS, dentro os quais o mais conhecido creio ser a epopéia de Al Simmons, vulgo Spawn, a criação máxima de Todd MacFarlane.

Ok, mas é possível um jogo ser divertido sem ser criativo (vide Call Of Duty e Painkiller se sai bem nesse aspecto, pois segue a linha “Atire primeiro, pergunte depois”.

Painkiller é um jogo de tiro em primeira pessoa bem simples. Não existem chaves, nem labirintos, nem tramas mirabolantes. É porrada do início ao fim e é justamente isso que o torna tão divertido. A dinâmica do jogo é a seguinte: você atravessa uma porta, ela fecha assim que você passa por ela, um Heavy Metal começa a tocar, um monte de bicho aparece e começam a brincar de tiro ao alvo – e o alvo é você. Aí você saca sua arma, dá um sorriso de mal bem naquele estilo Wolverine e sai arrancando as tripas dos demônios (e demônios têm tripas?). Carnificina terminada, a música dá um Fade Out, as portas se abrem, você passa por um Checkpoint e recupera sua energia (se tiver escolhido as dificuldades mais fáceis) e segue em frente para fazer tudo de novo.

Além de matar demônios, você também pode coletar suas almas e, a cada 66 almas absorvidas, você se torna um super-hiper-mega demônio destruidor por um curto período de tempo. Também existem cartas de Tarô Negro que fornecem poderes como invencibilidade, super força e outras coisas que conhecemos dos gibis da Marvel/DC. Para pegá-las, você precisa completar um objetivo específico que é informado quando você aperta a tecla TAB. Por exemplo: matar todos os inimigos ou encontrar todos os segredos da fase.

Apesar de o objetivo do jogo ser matar os generais do inferno, inclusive o anjo da luz Lúcifer em carne e osso (ou ectoplasma, sei lá do quê demônios são feitos), as fases do jogo não são o que o jogador esperaria do inferno. Elas, na verdade, são bem variadas, passando por manicômios, castelos, cidades medievais, teatros e tudo mais. Até a última fase, chamada Hell (Inferno), tem um cenário diferente do que esperamos. O cenário do Inferno consiste em uma guerra paralisada, incluindo aviões sendo destruídos em pleno ar e bombas explodindo. Como está tudo imobilizado, um ar de Matrix fica no ar. Os inimigos são bem variados, aparecendo monstros novos em quase todas as fases, o que pode animar os jogadores que acharem a rotina do jogo repetitiva.

Eu, particularmente, acharia o jogo perfeito, se ele fosse tão simples quanto os parágrafos acima nos fazem acreditar. Em alguns momentos, chega a ser bem difícil encontrar o caminho certo e até mesmo descobrir como se mata alguns inimigos. Pois é, a porrada não é tudo, quiseram enfiar uma certa estratégia também, o que piorou o jogo substancialmente, considerando que, quem quer complexidade não se satisfaria com Painkiller.

Os gráficos do jogo são ótimos, mas eu, infelizmente não pude aproveitá-los em todo seu poder de fogo. Não raro, principalmente nos combates com os enormes chefes, a movimentação ficava lenta, parecendo um Bullet Time eterno e deixando o jogo bem chato.

Os sons são legais, principalmente as músicas. O problema é que as músicas se resumem a um Riff por fase que fica sendo repetido até que ninguém mais esteja respirando (demônio respira?). Talvez se fossem músicas de verdade, alternando Riffs diferentes e solos, o jogo seria bem mais legal. A última música (que toca nos créditos), por outro lado, é uma música completa, inclusive com vocais muito semelhantes aos de Ozzy Osbourne (não, não é ele cantando).

Resumindo, Painkiller é um jogo que tem na sua simplicidade seu principal charme e na falta de simplicidade seu principal defeito. Explico, ao optar pelo caminho da simplicidade, os desenvolvedores da People Can Fly deveriam ter seguido apenas nele, se concentrando na ação pura, sem acrescentar caminhos escondidos e macetes para matar inimigos. Contudo, como os jogos estão cada vez mais complicados, se você é como eu e gosta apenas de matar uns bichos feios, vale a pena experimentar Painkiller.

Painkiller é triplo e ocupa 2 Gb de espaço no HD.