Faz uns anos que joguei o remaster do primeiro Onimusha, mas minha memória é bem gentil com ele. Eu simplesmente lembro de ter amado. Assim, fui empolgado para jogar o remaster de Onimusha 2: Samurai’s Destiny. E, meu. Eu não gostei nem um pouco.

Até fui reler minha resenha do primeiro para ver se identificava o que tinha mudado. O problema é que a resenha em questão podia ser do segundo jogo. Por que minha experiência desta vez foi tão inferior, então? Bom, o máximo que posso fazer é dividir minha opinião contigo e deixar você decidir. Então bora!

REMASTER ONIMUSHA 2: SAMURAI’S DESTINY

A ideia de um Resident Evil hack and slash ainda me apetece. E Onimusha 2 tem bem o jeitão dos jogos da Capcom naquela época. Você interage com os cenários, pega itens, usa os itens em outro lugar, soluciona quebra-cabeças e tenta descobrir para onde ir. No intervalo de usar a cabeça, você quebra umas cabeças com sua espada, lança, martelo, etc.

Talvez aí esteja a principal diferença que me desmotivou: a falta de clareza de para onde ir, junto com uma enorme quantidade de backtracking necessário, fizeram com que este fosse um daqueles jogos que, quando terminei, pensei “finalmente acabou”, mesmo ele sendo consideravelmente curto.

E sim, apesar de ser curto, é extremamente repetitivo. Você passa várias vezes pelas mesmas fases e os inimigos ressurgem cada vez que você muda de tela e volta. Como o combate normalmente não é necessário para progredir, você vai acabar escolhendo passar reto pelos demônios, já que não há incentivos para ficar lutando – a não ser perder vida.

PRA ONDE IR?

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Ao contrário do anterior, eu fiquei tão perdido em Onimusha 2 que precisei seguir um guia quase o tempo todo. Isso prejudicou muito minha experiência. Eu gosto de explorar, mas odeio ficar perdido. Usar um guia para mim significa que o jogo falhou em me comunicar o que fazer. Onimusha 2 está bem naquele irritante meio termo que passa rapidamente de “tem caminhos demais” para “não tem para onde ir”, sabe?

O combate é bem simples, e um tanto mal realizado. Ele foca em derrubar inimigos e então finalizá-los quando estão no chão. Porém, há um sistema de travamento automático, em que o jogo decide quem você vai atacar. Assim, você pode estar bem em cima de um monstro caído, e o personagem opta por atacar um inimigo distante – e errar. Em um combate tão focado em finalizações, isso é um erro enorme.

ODA NOBUNAGA, DE NOVO?

A história também é fraca. Temos aqui mais um jogo que conta uma história fictícia com os personagens reais mais comuns do videogame. Pois é, Oda Nobunaga e sua patota estão de volta, desta vez como demônios. E estou tão cansado de jogar contra e a favor dessa galera quanto estou de jogar adaptações de Jornada ao Oeste, ou games com o nome de Tom Clancy.

Mas não é apenas minha antipatia que prejudica a narrativa. As atuações são todas muito ruins. Você pode dizer que é um jogo antigo, antes de existirem atores especializados em games. E ok, você tem alguma razão, mas Devil May CryResident EvilGod of War têm atuações muito superiores do que as que vemos aqui.

CÂMERA FIXA

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A vantagem de câmera fixa são os ângulos estilosos. Ocasionalmente, sua luta fica em segundo plano.

E daí tem coisas que eu adoro, mas que são muito mal feitas. No caso, refiro-me à câmera fixa. Isso possibilita os cenários pré-renderizados que são muito mais bonitos e detalhados do que era possível fazer na época. Também possibilita ângulos estilosos e criativos, que simplesmente não acontecem com câmera livre. Por outro lado, a quebra de eixo é um problema constante, a ponto de que, quando o ângulo muda, você simplesmente não consegue identificar onde está na sala.

Sem exagero, era comum o ângulo mudar e eu me ver andando em determinada direção apenas para perceber que voltei para onde saí. Quebra de eixo é um problema constante em jogos da época, mas não me lembro de ter visto um trabalho tão ruim e tão confuso de câmeras fixas quanto em Onimusha 2. As batalhas contra os chefes, então, são extremamente irritantes, pois seu alvo vai da esquerda para a direita, de cima para baixo, toda vez que você se movimenta.

A combinação de tudo isso me faz pensar que Onimusha 2 é um mais do mesmo, mas se torna pior por errar em absolutamente tudo. Por exemplo, o combate até é o esperado, mas o personagem decidir quem atacar é um grande erro. Câmeras fixas são esperadas, mas faltou habilidade na hora de elaborar os ângulos que focariam na ação. Isso faz com que, no papel, Onimusha 2 seja o jogo que você espera se jogou o primeiro, mas a falta de capricho e cuidado o torna um jogo irritante, que deixa feliz quando acaba. Isso se você tiver paciência para ir até o final.

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Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
review-onimusha-2-remaster-resident-evil-hack-and-slashDisponível: PS4, Switch, Xbox One, Windows<br> Analisada: Xbox One (rodando no Series X)<br> Desenvolvedora: Capcom<br> Editora: Capcom<br> Lançamento: 23 de maio de 2025<br> Gênero: Hack and slash<br>