Kvark é uma senhora prova de que não é necessário mais dinheiro do que Deus para fazer um jogo excelente. Temos aqui um game que parece ter sido criado por poucas pessoas e com baixo orçamento. Mas a diversão está longe de ser baixa. Muito pelo contrário, o visual, o design e o gameplay combinam para uma experiência altamente recomendável.
Review Kvark
Kvark é um FPS retrô, mas não tanto. Apesar de ter algumas influências do estilo Doom, especialmente na sua divisão por fases e episódios, sua principal experiência é Half-Life. Dá ate para turbinar consideravelmente sua chave inglesa, a ponto de se tornar um perigo em combate corpo a corpo.
As fases, detalhes e até alguns puzzles têm muito de jogos da Valve. Eu não joguei Half-Life (eu sei, vergonha), mas vejo muitas piadinhas que remetem a Portal, como pixações com mensagens dentro de encanamentos. E o jogo tem até humor, ainda que não seja uma comédia de gargalhar, como Portal.
O humor de Kvark
O jogo se passa em uma Tchecoslováquia fictícia, em uma empresa bem estilo Aperture, que vem fazendo umas coisas absurdas em segredo. Você começa na prisão e seu objetivo é escapar. Não há muita história propriamente dita, mas os documentos que você encontra no caminho sempre têm piadinhas que desenvolvem a lore e quão opressora é a empresa e o país.
Eu joguei Kvark próximo ao Natal e, como você pode ver nas imagens, todo inimigo, até mesmo chefes, usavam chapeuzinhos de Papai Noel. Eu achei curioso que isso seja obrigatório, não pode ser desligado nas opções. Chamou minha atenção quando comecei a jogar, mas depois simplesmente parei de perceber.
Level design
Kvark é um jogo de fases mais lineares do que os boomer shooters clássicos. Neste aspecto, está mais para Doom 3 do que para Doom. É comum você encontrar uma porta fechada e precisar interagir com botões espalhados em vários caminhos para abrir a porta central, mas isso é o máximo de complicação.
Apesar de ter gostado muito dos gráficos, Kvark peca na falta de variação de cenários. Eles variam um pouquinho, mas tenho a sensação de que você sempre acaba voltando para cenários muito parecidos. Por exemplo, há apenas uma fase que acontece num espaço externo.
Performance
Como sempre, eu joguei o Kvark no meu notebook com uma RTX 3070 e a performance, como era de se esperar para seu visual, foi ótima. Ótima, mas inconsistente. Jogando a 1440p (o máximo do meu monitor), com tudo no Ultra, Kvark chegou a atingir 240 fps.
Porém, naquelas coisas de computador que não fazem sentido, quanto mais tempo eu jogo pior fica a performance. Na fase externa o jogo chegou a beirar 60 fps. Em geral, apesar de inconsistente, jogá-lo era uma delícia e os únicos pontos em que eu sentia engasgos era quando salvava.
E falando em salvar
Ao contrário da maioria dos FPS de computador, Kvark não tem quick save. Ele autossalva quando você passa na frente de uma máquina e apenas uma vez. Isso é algo que cansa um pouco, pois é comum voltar muito quando morre. E morrer parece um desafio frequente no começo, quando você tem pouca vida, armas e munições. Curiosamente, Kvark começa mais difícil e vai ficando mais sossegado conforme você avança, se equipa e compra upgrades.
A dificuldade inicial me pareceu tão alta que eu quase desisti na primeira fase. Mas fico feliz de não ter desistido, pois terminei a campanha bem feliz, após ter aproveitado bastante o jogo. Kvark é altamente recomendado, e um excelente exemplo de que um bom jogo não precisa de dinheiro infinito para ser feito.