Herege é um filme que estava forte no meu radar. A Diamond Films costuma sempre passar os trailers de seus futuros lançamentos antes das sessões de imprensa, e este sempre me pareceu bem interessante. Quando ele saiu na gringa, a recepção me deixou ainda mais curioso. Finalmente chegou minha vez de ver.

CRÍTICA HEREGE

Em Herege acompanhamos duas missionárias mórmon, daquelas que vão de casa em casa ver se as pessoas conhecem a palavra de Cristo. Infelizmente, a visita de hoje é na residência de Mr. Reed (Hugh Grant). Ele parece ser um senhor educado e amigável, mas se você sabe que este é um filme de terror, já é capaz de deduzir que não é bem assim.

Herege, Hugh Grant, Diamond Films, Delfos

Na verdade o que o Senhor Reed quer é discutir religião. O papel delas, a importância delas. Sua criação e o fato de que elas são iterativas. Herege é um filme de terror claustrofóbico focado em diálogos, e estes são especialmente bem escritos. Seus argumentos, embora não sejam novidades, são bacanas e capazes de fazer pensar.

25 DE DEZEMBRO É UMA DATA HEREGE

Obviamente, se você já fez alguma pesquisa sobre teologia, não vai encontrar muitas novidades aqui. Você provavelmente já sabe que há muitos salvadores nascidos de virgens no dia 25 de dezembro, por exemplo. Ainda assim, acho sempre legal ver isso sendo explicado de forma didática e coerente. Herege é um terror cerebral, e isso é muito minha geleia.

O filme faz um excelente trabalho em misturar o mundano ao medonho. Em mais de uma vez, você acha que algo horrível vai acontecer, e daí o Herege do título pega um tabuleiro de Banco Imobiliário. Em outras, a simpatia e a educação com que tanto o vilão quanto as vítimas se tratam é de trazer lições para alguém tão esquentado como eu. Eles continuam conversando de forma educada mesmo depois que já fica claro que Reed tem intenções maléficas.

PONTO DE VIRADA HERÉTICO

Herege, Hugh Grant, Diamond Films, Delfos

Eu gostei muito de Herege, mas ele não é perfeito. Como é costumeiro em filmes de terror, não gostei do caminho que ele segue no final, quando começa a “revelar”. Além disso, há um momento, que vamos chamar aqui de “Retorno” para evitar spoilers, que é totalmente desnecessário e arrasta o filme todo para baixo.

Herege já estava caminhando para uma conclusão natural, e o tal “Retorno” vem, dá uma patada na sua cara (quase literalmente) e volta a morrer. Não sei se foi alguma alegoria ao retorno de Jesus, mas isso é irrelevante, porque se for, é uma alegoria narrativamente tosca.

Dito isso, recomendo Herege para qualquer pessoa que goste de um pouco mais de cérebro em seus filminhos de medo. Não é perfeito, mas é certamente ótimo, e merece sua visita. Só não venha perguntar se ele já ouviu a palavra de Jesus, pois pode dar ruim.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
critica-herege-a-camisinha-xg-e-a-roupa-intima-magicaTítulo original: Heretic<br> País: EUA, Canadá<br> Ano: 2024<br> Distribuidora: Diamond Films<br> Duração: 1h51m<br> Direção: Scott Beck, Bryan Woods<br> Roteiro: Scott Beck, Bryan Woods<br> Elenco: Hugh Grant, Sophie Thatcher, Chloe East<br>