Com Mouse Trap, finalmente aconteceu! A empresa que mais se beneficiou das leis de domínio público na história da humanidade, a mesma empresa que sugou, sugou, sugou, mas fez de tudo para impedir dar algo de volta, finalmente teve seu principal bem caindo no domínio público. Sim, estamos falando do rato Mickey Mouse. E, com isso, inevitavelmente, começam as paródias de terror. Felizmente, o subtítulo nacional de Mouse Trap já avisa: a diversão agora é outra. E não é este filme.
CRÍTICA MOUSE TRAP
Apesar de oficialmente fazer parte do recente gênero que eu humildemente alcunhei de “paródia de terror“, Mouse Trap é uma comédia. E uma bem ruim, se me permite a sinceridade. É aquela coisa: um monte de jovens bonitos fica preso em um arcade no meio da noite e uma entidade paranormal com uma máscara de Mickey Mouse começa a matá-los um a um.
Veja bem, ao contrário de Pooh: Sangue e Mel, o assassino aqui não é o Mickey literal. Ele apenas pega e coloca uma máscara de Mickey Mouse exposta no arcade. Só isso. Fico pensando se realmente era necessário que o rato estivesse em domínio público para este filme existir, até porque a máscara poderia simplesmente ter um design levemente diferente e cráu, mesmo filme. Inclusive com os jovens chamando o assassino de Mickey por ser um rato.
UMA COMÉDIA NADA ENGRAÇADA
Mouse Trap é uma porcaria sob qualquer tipo de análise. As atuações são terríveis, especialmente a de Callum Sywyk, que ganha o prêmio de pior ator não-brasileiro que já vi no cinema. Caramba, ele é tão ruim que é capaz de dar uma canseira até no principal fazedor de dinheiro da Rede Globo. Na primeira vez que ele aparece, e cumprimenta seu interesse romântico de forma um tanto constrangedora, achei que fosse intencionalmente constrangedor. Depois de ver o filme, deduzi que é apenas assim que o cara sabe atuar mesmo. Vergonha alheia que chama, né?
Porém, o que realmente irrita em Mouse Trap é que ele é uma comédia. Mas todas as suas piadas são literalmente roubadas de filmes melhores. Tem muito de Pânico aqui, inclusive cenas inteiras explicando os clichês de slashers absolutamente com o mesmo texto. A meu ver, isso infringe mais os direitos criativos do que a simples máscara de rato.
Mas não é apenas Pânico e a Disney que são vítimas de suas, digamos, “apropriações”. Tem piadas aqui que você já viu mais de uma vez (ladrão que rouba ladrão, e tal), como a festa surpresa feita antes do aniversário de um personagem, e este exclama “o aniversário de tal pessoa é antes do meu”, enquanto a “tal pessoa” faz cara de triste.
MOUSE TRAP: AUDIENCE TRAP
Curiosamente, o filme até começa bem, com um letreiro copiado de Star Wars que tira sarro da Disney e de suas subsidiárias. A piada é até boa, mas o texto é realmente mal escrito, com erros crassos de inglês. Eu dei o benefício da dúvida e ri das piadas, mas quando o letreiro final, o de créditos, scrollou na tela, tinha sobrado apenas raiva e desprezo. E o final sem resolver nada e nem tentar terminar o filme apenas aumenta isso. A cena pós-créditos consegue a façanha de tornar esta obra uma das mais vergonhosas já feitas.
Mouse Trap dura apenas 80 minutos, mas isso é pelo menos 120 minutos a mais do que deveria durar (incluí aí o tempo de deslocamento até o cinema). Evite, evite, evite com todas as suas forças. E apoie o DELFOS no Apoia.se para que eu possa usar o dinheiro arrecadado para pagar minha terapia e me recuperar de ver tantas “paródias de terror”.