Amor à primeira vista. Assim defino o início da minha relação com Nikoderiko The Magical World. Algumas semanas atrás, eu nem tinha ouvido falar dele. Porém, assim que entrou no meu radar, entrou forte, e eu passei a contar os dias para o seu lançamento. Pelos vídeos de divulgação que assisti, teríamos aqui um plataforma 2D digno da alcunha delicinha.

Nikoderiko, Knights Peak, Plataforma, Delfos
Né?

Porém, ainda na primeira fase, ele me surpreenderia com algo ainda mais delicioso.

A SURPRESA DELICIOSA DE NIKODERIKO

Nikoderiko The Magical World não é apenas um belíssimo plataforma 2.5D. Ele tem trechos em que se transforma em um plataforma totalmente 3D. Sim, em trechos de quase todas as fases você pode se movimentar em qualquer direção, às vezes apenas para coletar breguetes, mas muitas vezes para progredir na fase.

Nikoderiko, Knights Peak, Plataforma, Delfos
Plataforma 3D é comigo mesmo!

Nikoderiko se divulga como análogo a Donkey Kong Country (o que é ótimo), e em muitos aspectos ele lembra mesmo o clássico da Rare. Em outros, ele remete a Rayman Legends e outros excelentes games do gênero. Mas daí a movimentação é liberada e você pode explorar em qualquer direção, e ele imediatamente se torna especial, mais Crash do que Donkey Kong. É comum plataformas 3D terem trechos em sidescroller, mas não me lembro de ter visto o contrário. Se tanto, gostaria que Nikoderiko investisse mais nisso, variando mais seus gameplays. No entanto, não dá para negar que é um game em 2D com pedaços em 3D.

TRADICIONAL, MAS BEM TEMPERADO

A verdade é que, tirando a combinação 2D + 3D, Nikoderiko é bastante tradicional. Não há nada aqui que você não tenha visto antes. Você coleta as letras do seu nome e chaves em cada fase. Também há moedinhas, que servem para comprar arte conceitual e músicas que moram numa galeria.

Nikoderiko, Knights Peak, Plataforma, Delfos
Os canhões de Donkey Kong Country em 3D ficam ainda mais legais!

Tem várias fases, dentro de vários biomas, cada um com um chefe no final. Seus movimentos são planar, rastejar e, claro, pular. Seu ataque principal é pular nos inimigos, mas alguns têm chifres na cabeça e devem ser derrotados por outros meios – ou apenas evitados. Você já viu tudo isso antes. Por exemplo, você já viu canhões que se movimentam em Donkey Kong Country, mas aqui isso tem o tempero especial de poder ficar 3D a qualquer momento.

NIKODERIKO É O NICO DO DERICO

Nikoderiko definitivamente não parece um jogo feito a toque de caixa. Ele é lindo, com visual colorido e detalhado. Além disso, roda com framerate destravado no Xbox Series X, flutuando entre 60 e 90 fps. O curioso é que um jogo tão trabalhado tenha alguns problemas de polimento tão claros.

Nikoderiko, Knights Peak, Plataforma, Delfos

Por exemplo, como tradicional nos games de plataforma, você tem um monte de coisinha para coletar em cada fase (quatro letras do nome, um diamante e duas chaves). Porém, não tem como ativar um hud para ver o que já coletou na fase em questão. Apenas no final da fase e no mapa tem essa informação. O jogo também tem um troféu para fazer todas as fases sem morrer e, embora suas mortes sejam contadas, o mapa não mostra este número para quem quiser fazer 100%. As fases de chefes também dizem ter colecionáveis, mas estes não parecem existir ali. Então neste momento parece impossível fazer 100%.

Ainda no campo dos 100%, tem uma conquista que manda você fazer algo numa fase chamada “Toady Trouble“, mas eu terminei o jogo e esta fase simplesmente não existe. Então ou a fase mudou de nome e esqueceram de mudar no troféu, ou é a única fase secreta do jogo (já que não achei mais nenhuma).

MAIS POLIMENTO

Também há alguns bugs incômodos. Por exemplo, eu atravessei uma plataforma quando estava andando sobre ela. Achei que tinha um buraco escondido, mas não, das outras vezes que andei por ali eu não caí. Também não há forma de “pular pra baixo”, então a única explicação é que aconteceu algo que não deveria ter acontecido.

Nikoderiko, Knights Peak, Plataforma, Delfos

Mas talvez o principal incômodo técnico sejam as telas de carregamento. Elas são tantas e tão frequentes que eu entrei na administração do jogo para ver se não estava jogando a versão do Xbox One e se ele estava instalado corretamente no SSD. Não só cada fase fica um tempão carregando, mas mesmo ir do mapa de um mundo a outro ou abrir a lojinha exige vários segundos numa tela dessas. Nikoderiko tem as telas de carregamento mais intrusivas que eu vejo desde que comecei a jogar em SSD, e me pergunto que tanto ele carrega.

UM DOS MELHORES DO ANO

Tendo elaborado estes inconvenientes, quero falar também que apenas por causa deles não pude em sã consciência dar nota máxima a Nikoderiko. Isso porque eu simplesmente adorei o jogo. De fato, talvez não seja tão bom quanto Astro Bot, mas é um dos mais gostosos jogos de plataforma de 2024.

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Talvez Nikoderiko ainda esteja em processo de polimento. Talvez ele fique desta forma para sempre. Seja como for, no estado atual, já o recomendo com muita força para qualquer pessoa que gosta de pular na cabeça dos outros. E quem não gosta?

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
review-nikoderiko-the-magical-world-plataforma-2d-3dDisponível: Switch, PS5, Xbox Series, no futuro Windows<br> Analisada: Xbox Series X<br> Desenvolvedora: Vea Games<br> Editora: Knights Peak<br> Lançamento: 15 de outubro de 2024 (consoles), TBA (Windows) Gênero: Plataforma 2D, Plataforma 3D