Sabe que eu adoro jogos isométricos? Tem algo nesta câmera fixa meio inclinada que deixa o visual dos jogos muito legal. E Ruiner, jogo da Reikon Games e da Devolver Digital do qual vamos falar hoje, tem um dos visuais mais impressionantes e estilosos dentre os jogos isométricos. Saca só que coisa linda!
Apesar de ser um jogo indie e de orçamento limitado (o que fica claro em alguns aspectos), a turma da Reikon realmente se esforçou em criar ótimos gráficos e um estilo todo especial. Verdade, se você tirar todo o apelo audiovisual do jogo, ele perderia bastante. Felizmente você não precisa fazer isso.
A ARRUINADORA
Ruiner é um jogo de ação bem simples, apesar de você ter uma grande quantidade de habilidades e uma árvore de upgrades bem complexa e customizável. Basicamente, você sempre carrega uma arma de ataque corpo a corpo e uma de fogo (ativados respectivamente com os botões R1 e R2).
Sua arma de fogo padrão é a tal Ruiner. Curiosamente, apesar de ela dar nome ao jogo, você quase não vai utilizá-la. Tirando as armas básicas, todas as outras têm munição ou durabilidade limitada, então você estará sempre trocando. Acontece que durante os tiroteios, seus inimigos vão deixando dezenas de armas no chão, então serão bem poucos os momentos que você se verá limitado às arminhas mais fracas.
O que começa com metralhadoras e escopetas logo evolui para raios laser, lança-chamas e outras máquinas de morte igualmente divertidas e criativas. Uma coisa bacana é que depois de cada cena de ação grandiosa, uma máquina aparece que é capaz de desintegrar as dezenas de armas no chão e transformá-las em experiência e, quase sempre, em uma arma mais forte e com mais munição. Isso é muito legal considerando que você só vai poder levar uma mesmo, e o chão sempre estará cheio de itens.
UPGRADES
Além dos tirinhos e dos golpinhos, basicamente cada botão do controle será ligado a uma ação customizável. O botão bola, por exemplo, pode servir para sacrificar energia para recuperar saúde, ou então para hipnotizar inimigos e fazê-los lutar por você. A escolha é sua, e cada uma dessas habilidades tem quatro ou cinco upgrades que as tornam ainda melhores.
No final do jogo, você estará consideravelmente poderoso. Os especiais consomem energia, mas combine, por exemplo, um upgrade que faz com que você recupere energia enquanto atira com um que deixa o personagem vitaminado (mais rápido e poderoso) e outro que ativa câmera lenta. Você será uma máquina de matar.
Tamanho poder é essencial, considerando que na dificuldade padrão, Ruiner é bem difícil. Felizmente, você pode mudar a dificuldade a qualquer momento. Depois de bater a cabeça um bocado no modo normal, eu mudei para o easy. O jogo não ficou fácil não, mas ficou muito mais agradável. Devo dizer que, se não houvesse esta opção, eu provavelmente teria me divertido bem menos e fatalmente daria uma nota mais baixa ao jogo como um todo. High five para jogos que deixam você adaptar a experiência ao seu jeito de jogar e o tempo que tem disponível.
Ainda sobre customização, Ruiner permite que você troque seus upgrades à vontade. Você pode investir em desenvolver totalmente uma habilidade, mas logo em seguida pegar todos os skill points de volta e colocar tudo em outra, sem penalidade alguma. Isso é ótimo, pois permite que você brinque com o jogo do seu jeito, tendo sempre os ataques que deseja ter naquele momento.
MUNDO ABERTO
Uma coisa que me chamou a atenção em Ruiner é que ele tem um hub que lembra bastante um jogo de mundo aberto simplificado. Trata-se de uma cidade bem movimentada e com um clima bem legal, onde você poderá falar com uma miríade de personagens interessantes e pegar algumas sidemissions que envolvem hackear gatos (!) e coletar moedinhas para um oráculo dizer sua sorte. Tudo isso dando uma pausa no combate.
O legal é que os NPCs ao redor seguem com suas vidinhas inúteis, conversando entre si e tendo histórias próprias. As falas em balõezinhos dão um clima de HQ muito bem-vindo e que combina bastante com a estética cyberpunk do bagulho. Ainda me lembrou o clássico Comix Zone de Mega Drive. Foi uma excelente e estilosa forma de transformar a falta de orçamento em contratar atores em algo que deixa o jogo ainda melhor.
Você sabe que eu normalmente não gosto muito de mundo aberto, mas neste caso realmente acrescenta ao jogo. O hub não é grande demais e os diálogos que você pode ter nele são bem legais. Como você passa pelo hub apenas algumas vezes, e normalmente depois de uma sequência de missões mais lineares, a coisa nunca chega a encher o saco. E, se você realmente não estiver a fim, dá para terminar tudo que você tem que fazer lá para progredir a história em menos de cinco minutos.
MAS…
Lembra que eu falei, lááá no início, do orçamento limitado que fica claro em alguns aspectos? Pois é, chegou a hora de falar disso. Apesar do visual lindo e estiloso, os cenários variam muito pouco durante toda a campanha, e o foco em cores avermelhadas incomoda um bocado. Parece que todas as lâmpadas no mundo de Ruiner são vermelhas.
Mais importante do que isso, no entanto, é que o gameplay deixa um pouco a dever. Não me entenda mal, o jogo é muito divertido, mas a mira e a movimentação do personagem não são exatamente como deveriam ser. É bem difícil acertar tiros com as armas mais precisas, por exemplo, tornando bem mais agradável usar as que causam dano de área.
Também há uma certa falta de polimento. Os diálogos têm erros de digitação, por exemplo. Há uma missão “secundária” de caçar inimigos mais poderosos nas fases, e no menu você consegue ver onde cada chefinho se encontra. Acontece que, dos oito disponíveis, dois têm a localização errada, dizendo que estão em fases diferentes das que realmente estão.
Por fim, há uma habilidade que possibilita que você use uma sequência de dashs, que parece interessante e estilosa no papel, mas na prática você vai acabar não usando, pois ela exige um tempo para ser ativada que você simplesmente não tem no meio dos intensos tiroteios do jogo.
RUINER
Apesar dos problemas, Ruiner merece um dos maiores elogios que posso dar: ele acabou antes do que eu queria.
Como eu jogo muitas coisas para escrever aqui, e nem sempre as coisas que eu queria jogar, acabei começando a valorizar bastante jogos que podem ser terminados em uma tarde. Ruiner foi um pouco mais longo que isso, mas eu estava me divertindo tanto que simplesmente queria jogá-lo por mais alguns dias.
Assim, se você gosta de ação intensa e estilosa, twin-stick shooters e visual isométrico, não deixe passar, pois temos aqui diversão garantida.