Revisiting Creedence é sinal de um efeito fascinante. A banda anterior desses caras, o Creedence Clearwater Revisited vinha a toda hora ao Brasil, e fazia shows bem cheios. Porém, quando o próprio John Fogerty veio em 2011, para tocar as mesmas músicas, estava vazio. E ele nunca mais voltou.
Minha teoria é que poucos conhecem a banda original pelo seu nome completo, Creedence Clearwater Revival. Eles são o Creedence. Daí, quando povo vê Creedence Clearwater Revisited, não se liga no Revisited, e no fato de ser uma banda cover de respeito, que tinha membros originais, mas não o compositor. Galerinha acha que é o Revival.
O que é o Revisiting Creedence?
Revisiting Creedence é uma banda cover formada por Dan McGuinness e Kurt Griffey. Eles são os dois membros não originais que tocaram no Creedence Clearwater Revisited.
Então se a gente costuma se referir aqui no DELFOS a essas bandas como “cover de respeito”, o Revisiting Creedence está ainda abaixo. É, de fato, um novo patamar e a própria tagline da turnê diz “eles excursionaram com membros originais do Creedence“. Isso não diz nada sobre sua qualidade, no entanto. Tanto em setlist quanto em performance, o show do Revisiting Creedence é excelente.
Revisiting Creedence, o início
Com cerca de 15 minutos de atraso, o show iniciou com os músicos entrando no palco e calmamente pegando seus instrumentos. Eles abriram com Travellin’ Band, um excelente e empolgante rock and roll, perfeito para iniciar a apresentação.
Imediatamente me chamou a atenção que cada músico tinha na sua frente um ventilador. Sem dúvida uma estratégia de conforto, mas também ajuda a fazer os cabelos se moverem ao vento, como em um bom comercial de shampoo.
Hey Tonite e Green River vieram a seguir, marcando um excelente início de show. Só depois disso o cantor Dan falou com o público, em português. “Olá, São Paulo! Falo muito mal português, me perdoa!”, disse, na nossa língua. Tá perdoado, Dan.
Creedence é muito gostoso de ouvir
O show continuou com Lodi e Green River, músicas muito gostosas que me fizeram lembrar o quanto gosto de Creedence.
Susie Q foi a próxima e está é uma das que menos gosto da banda. Esta versão teve um solo estendido que amei, no entanto. Não o tempo todo, talvez tenha se estendido demais.
Depois de Born on the Bayou, o cantor perguntou, em inglês, se éramos fãs de Creedence e completou, brincando: “se não forem, o resto da noite vai ser um saco pra vocês.
E a chuva?
O Creedence tem duas músicas sobre chuva e eu amo ambas. Who’ll Stop the Rain veio primeiro. Foi seguida de Long as I See the Light, dedicada às moças bonitas da plateia. Run Through the Jungle veio depois. I Heard It Through the Grapevine e seus longos solos de guitarra encerrou o trecho.
Nesta hora a qualidade da banda estava me chamando a atenção. Havia apenas quatro pessoas no palco, a mesma formação do Creedence. No show do John Fogerty, em 2011, o som também estava excelente, mas a banda de apoio era enorme.
Bem enquanto pensava isso, Dan disse que era hora de conhecer a banda. Ele apresentou todos um a um, falando um pouco de suas experiências e é realmente impressionante.
Revisiting Creedence é uma super banda
Embora seus nomes não sejam tão conhecidos, os músicos já tocaram com uma galera muito grande. Gente do porte de Paul McCartney, Santana e outros. Fiquei com a sensação de que o Revisiting Creedence é um quem é quem dos músicos de apoio. Não é à toa que eles são tão bons.
Midnight Special, Bad Moon Rising, Proud Mary e Fortunate Son foi um combo de clássicos que começou a dar gosto de fim de show. Mas estávamos longe disso.
Depois de Fortunate Son, Dan lembrou as eleições dos EUA que acabaram de acontecer. Bem apropriado depois de uma das canções de protesto mais contundentes da história.
With great sorrow comes great art
Até agora o show foi um greatest hits, mas era hora das surpresas. Bootleg definitivamente não é uma canção que imaginava que ouviria ao vivo um dia. Cotton Fields também não. Ô, delícia!
Dan então falou que a próxima música foi composta quando o Creedence estava a ponto de terminar. “Com grandes tristezas vem grande arte”, disse. E emendou a linda Have You Ever Seen The Rain?. Com Up Around the Bend, saem do palco.
Tu tu turu
Voltam para o bis com outra menos conhecida, Molina. O desfile de hits continua com Lookin’ Out My Back Door e Locomotion.
A apresentação encerrou com uma música que admito que não conhecia e cujo nome não consegui descobrir. Curioso que um show com tantos hits tenha encerrado assim, mas eu gostei muito da canção, mesmo não sabendo seu nome.
Eu saí do Vibra São Paulo bem feliz. Feliz com o setlist, com a performance e com o show em geral. Foi uma combinação de hits e músicas mais inesperadas que foi simplesmente um prazer ver ao vivo. O Revisiting Creedence pode ser uma banda cover, mas são de fato um cover de respeito.
Curiosidade:
Eu qubrei o braço pouco depois de solicitar esta credencial. Então este texto foi escrito no celular com uma única mão. Espero que tenha ficado digno do DELFOS e da banda representada. Curta mais fotos clicadas por Cinthia Saito abaixo.