Depois de alguns anos, e muitas conversas nos bastidores com o pessoal da Disney, finalmente voltamos a cobrir os filmes de Star Wars aqui no DELFOS. E o retorno é feito com o lançamento de 2018. Refiro-me, claro, ao spin off estrelado pelo cafajeste preferido dos fãs desta história que aconteceu muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante: Han Solo: Uma História Star Wars.
EU TE AMO. EU SEI.
Imagine um filme do Han Solo. Acredite, a sua imaginação não estará muito longe da realidade. O que deveria ter em um filme do personagem? Primeiro encontro com Chewbacca e com Lando? Millennium Falcon? Uma referência esperta ao clássico diálogo “eu te amo/eu sei”? Han Solo: Uma História Star Wars tem tudo isso e muito mais.
Aliás, a quantidade de fanservice da coisa toda é de um nível absurdo. Chega ao ponto de que este não parece ter sido um filme desenvolvido criativamente, mas construído. A impressão que dá é que a Disney fez um checklist de coisas que a obra deveria ter e contratou o roteirista para amarrar tudo isso em um único produto. E convenhamos, é bem capaz que isso não esteja longe da verdade. Saí da sessão de Han Solo com a impressão de que ele não foi criado por um roteirista, mas por um departamento de marketing.
Permita-me fazer um paralelo com a música. Han Solo: Uma História Star Wars é para Star Wars mais ou menos o que o álbum Painkiller é para o Judas Priest. É tudo – e apenas – o que se espera dele. Algo feito da forma mais segura possível. Isso significa que é ruim? Não, de forma alguma. Ora, vai dizer que você não gosta do Painkiller?
Porém, este fato de ele ter sido um filme construído significa também que não há novidades. Não há criatividade. E isso o torna bem menos especial do que um Star Wars costuma ser.
ESTE VAI SER O ÚLTIMO TRABALHO
Han Solo: Uma História Star Wars mostra o herói anteriormente interpretado por Han Solo mais jovem e menos cafajeste. Ele é apaixonado pela Daenerys (convenhamos, quem não é?) e está iniciando sua carreira de fora da lei. Ele se junta ao grupo do canastrão Woody Harrelson para um trabalho que, se for bem sucedido, vai render muitos créditos. E se não for… bem, vai custar a vida de toda a turminha.
É uma história relativamente comum, mas a graça não está nela. A graça está nas referências às coisas que já sabíamos do passado do personagem. Vai dizer que você nunca quis saber como foi que a Millennium Falcon fez o Percurso de Kessel em 12 Parsecs? Pois chegou a hora.
Apesar do excesso de fanservice, como filme ele deixa um pouco a dever. O diretor Ron Howard é mais famoso por gerar filhas lindas do que por seu trabalho como cineasta, e Han Solo definitivamente é um de seus trabalhos menos inspirados.
Star Wars, mesmo quando estava nas mãos do limitado (como diretor) George Lucas, sempre foi uma série visualmente vibrante. Colorida. Marcante. Han Solo: Uma História Star Wars, por outro lado, é quase preto e branco. Os filmes da DC são muito criticados por serem monocromáticos. Pois, meu amigo, você ainda não viu Han Solo.
Há uma cena, logo no início da projeção, que mostra os heróis em um diálogo com um alienígena que lembra uma minhoca. Esta cena é azul. Não é que ela é azulada. Ela é totalmente azul. A impressão que dá é que algum brincalhão colou um papel celofane azul na lente da câmera e ninguém percebeu.
Se, pelos pôsteres acima, você espera que Han Solo seja um filme vibrante (olha quanto rosa tem nessas imagens!), vai ficar bem decepcionado. Tem mais cores nestes pôsteres do que no filme inteiro.
HAN SOLO: UMA HISTÓRIA STAR WARS
Mas aí que tá. Estamos falando de um personagem que é há décadas um dos mais queridos do cinema. E do seu parceiro, Han Solo.
Este não é um filme para quem simplesmente quer assistir a uma boa aventura no cinema. É uma obra para fãs de Star Wars quase exclusivamente. Por exemplo, próximo ao final, há a aparição de um personagem que foi anteriormente reduzido a um cotoco principal. Fãs da série vão aplaudir. Não fãs farão cara de ponto de interrogação.
Como fã de Star Wars, mas também fã de cinema, eu gostei de Han Solo: Uma História Star Wars, mas ele está bem distante do melhor que a série nos apresentou no passado. Você pode alegar que o personagem merecia mais criatividade. Eu já diria que os fãs mereciam isso.
