Tirando alguns casos específicos de jogos mais retrô, como Hotshot Racing ou Horizon Chase Turbo, fazia um bom tempo que eu não me divertia adoidado com um jogo de corrida. Um de alto orçamento, em que os visuais impressionam. Ultimamente, temos tido muitos simuladores e jogos mais sérios, mas poucos mais focados simplesmente na deliciosa sensação de velocidade através de belos cenários. Entra nossa análise Dirt 5.
ANÁLISE DIRT 5
E eu sinceramente não esperava gostar tanto de Dirt 5. Afinal, Dirt Rally não me divertiu muito. Felizmente, posso dizer com alegria e empolgação que este é o jogo de corrida de alto orçamento que eu mais gostei desde Forza Horizon 4. E tem uma tremenda vantagem sobre o clássico da Microsoft: não é mundo aberto.
Eu costumo definir um game de corrida perfeito para mim com a frase “escolha o carro, escolha a pista e acelere”. E isso define perfeitamente Dirt 5. Sua ausência de complexidade e de enrolação é simplesmente deliciosa.
Ao longo dos anos, os jogos de corrida mais arcade tenderam a ser sempre de mundo aberto. É o caso de Forza Horizon e de Need For Speed, por exemplo. Aliás, eu sempre fui muito fã de Need For Speed, mas os últimos jogos, aqueles desenvolvidos pela Ghost Games, são terríveis. Tinha espaço para mais gente na corrida arcade descompromissada, e Dirt 5 vem para preencher esse vácuo.
ACELERE E BABE
Eu joguei Dirt 5 no PS4 Pro, e mesmo ele sendo um jogo pensado já para a nova geração de consoles, o visual é embasbacante. No Series X e PS5, ele tem até um modo de 120 fps que, claro, não está disponível aqui. No PS4 Pro temos o modo qualidade, que roda a 30 fps, e o performance, de 60 fps. Normalmente em jogos de corrida eu prefiro 60 fps, mas aqui tem um aspecto visual que me incomoda neste modo: as sombras aparecem na tela quando estão muito próximas do carro. Por isso, eu optei por jogar mais no modo qualidade. Apesar de a movimentação não ser tão suave, nesta opção o visual fica praticamente perfeito. A ponto que é difícil imaginar quão melhor pode ficar na próxima geração. Acredito que vai ser um simples caso de maior resolução e taxa de quadros.
Eu gostei muito também da jogabilidade. Eu sou um cara que não gosta de frear. Na verdade, nos jogos antigos, como Need for Speed Carbon, eu acelerava o tempo todo. Daí, quando tinha uma curva fechada, eu usava o freio de mão para derrapar e batia de lado na parede para seguir em frente com penalidade mínima para minha velocidade. Dirt 5 não chega a ser tão leniente para quem gosta de dirigir como um louco, mas admito que eu usei essa minha técnica várias vezes ao longo da campanha.
MODALIDADES
Dirt 5 tem muitas modalidades, mas elas não acrescentam tanta variação como pode parecer. Em geral, são corridas em voltas. Algumas são diferenciadas apenas pelo fato de as pistas terem partes no asfalto ou serem totalmente off-roads. Mas tem modos que são realmente bem diferentes.
Gymkhana, por exemplo, envolve ganhar pontos através de derrapagens, pulos e outras acrobacias. Um dos mais interessantes é o Ice Breaker, no qual você corre em pistas de gelo altamente derrapantes.
Outra que me chamou a atenção é chamada de Sprint, mas não funciona como as sprints de Need For Speed. Aqui, você escolhe carrinhos bem exóticos, que tendem a virar para a esquerda. Essas provas são bem difíceis, especialmente porque a jogabilidade é bastante diferente. Afinal, o carro fica virando para a esquerda mesmo que você puxe a alavanca com força para a direita.
Apesar de o grosso do jogo ser corridas em voltas, há uma enorme variedade visual. As pistas acontecem no Brasil, China, Nepal, cada país com cenários e tipos de pista totalmente diferentes. É o tipo de variação que só um jogo de videogame é capaz de apresentar, já que numa turnê da vida real, ninguém vai do Brasil para a China e depois para os EUA e Nepal nessa ordem.
ALÉM DA CAMPANHA
O que eu gosto mesmo em um jogo como esse é fazer a campanha. Esta segue um estilo de colchetes, em que você escolhe uma prova que libera outras, até chegar ao final, mas tem muito mais opções do que o necessário para terminar. Isso possibilita que você pule modalidades que não lhe apetecem, como eu fiz com as Sprints.
Além da campanha, há obviamente competição online e corridas sem compromisso, aqui chamado de arcade. Talvez a principal novidade, e a mais interessante, seja a que atende pelo nome Playground.
O Playground é onde você pode criar suas próprias pistas, e jogar criações de outros jogadores. É o tipo de coisa na qual eu normalmente não mexo muito, mas em um jogo de corrida, convenhamos que acrescenta bastante. Tem algumas pistas criadas pelo público que são uma piração só. Tipo olha essa.
O modo playground não é limitado pela realidade ou leis da física, então é possível ter pistas voadoras, pulos absurdos e outras coisas que não aparecem no jogo “sério” de Dirt 5.
PERDENDO O SAVE
Eu joguei bastante Dirt 5. Estava quase terminando a campanha quando ele pediu uma atualização. Após atualizar, percebi que meu save tinha sido apagado. Falei com meu amigo da Deep Silver e ele disse que isso pode acontecer no acesso antecipado. Como acredito que não vai acontecer com você ou com outras pessoas que joguem após o lançamento, não deixei isso afetar a pontuação ou o tom da resenha em geral.
Apesar de estar quase acabando a campanha, eu estava longe de enjoar de Dirt 5. Na verdade, esse é o tipo de jogo que, tendo tempo livre, eu jogaria por 100 horas ou mais, simplesmente porque sua jogabilidade é deliciosa. Além disso, games de corrida têm naturalmente um fator replay mais alto do que experiências focadas na história.
Dito isso, ao perder o save, eu resolvi parar de jogar, e voltar a investir nele depois que estiver com o PS5. Dirt 5 permite atualização gratuita entre as versões de PS4/PS5 e Xbox One/Xbox Series. Porém, vale um adendo: só a atualização do Xbox mantém seu save. Ao passar do PS4 para PS5, você precisa começar do zero. Mais um motivo para eu resolver esperar, uma vez que já havia jogado bastante antes de perder o save pela primeira vez.
Além disso, estou bem curioso para ver o que Dirt 5 vai fazer com as novas funcionalidades do Dualsense, em especial os gatilhos novos.
EU QUERO MAIS
No momento, eu joguei mais de 10 horas de Dirt 5, mas admito que estou empolgado para jogar mais no PS5. Eu simplesmente estava sentindo muita falta de jogos assim, e o fato de ele apresentar a jogabilidade que me agrada sem trazer junto um mundo aberto cheio de colecionáveis e marcações no mapa me anima a jogá-lo por muito mais tempo. Na verdade, só escrevendo essa análise eu já fiquei com vontade de começar uma nova campanha no meu PS4 mesmo. Vamos ver se eu aguento esperar mais algumas semanas ou se vou acabar jogando por aqui.
Admito que eu não entendo a vantagem de lançar um jogo desse naipe uma semana antes dos novos consoles serem lançados. Particularmente, eu esperaria para que as pessoas pudessem comprá-lo no lançamento já na nova geração. Assim, se você já tem um PS5 ou Xbox Series na sua mira, vale esperar para já começar na versão turbinada. Se você ainda não pretende fazer o upgrade, claro, pegue agora e divirta-se. O que não vale é ficar sem jogar, pois Dirt 5 é muito legal!