Catherine foi lançado em 2011 para PS3 e eu sempre tive muita curiosidade de jogá-lo. Trata-se de um jogo narrativo que intercala sua história com fases de puzzles. Porém, as análises da época são unânimes quando dizem que suas fases são tão difíceis que você pode acabar travando nelas e ficando sem ver o resto da história. Por causa disso, eu acabei sem experimentá-lo. Semana que vem (dia 3 de setembro), no entanto, a Sega e a Atlus vão relançar o jogo para PS4 em uma versão expandida, melhorada e mais acessível. Esta é nossa análise Catherine Full Body.

ANÁLISE CATHERINE: FULL BODY

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Isso não é o que parece. Mesmo!

Catherine conta a história de Vincent, um sujeito de 32 anos que namora há um bom tempo uma moçoila chamada Katherine. Acontece que uma sensual jovem de nome Catherine aparece e começa a mexer com Vincent. Ele acaba dormindo com ela, e daí vemos como ele lida com isso e influenciamos quem ele vai escolher no final.

Esta versão Full Body traz ainda uma terceira rapariga, Qatherine, comumente chamada de Rin. Ela foi tão bem encaixada na história e no gameplay que depois de jogar, eu sinceramente fui procurar o press-release da Sega na minha caixa postal para me certificar de que ela era mesmo uma nova personagem.

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Esta é Katherine, a namorada.

Apesar de Catherine ser um jogo da geração passada lançado oito anos atrás, ele é bonitão. A Sega diz que os gráficos foram repaginados, e como não joguei o original e até o fechamento desta matéria o embargo para esta versão estava ativo, não sei dizer até que ponto. Mas o fato é que Catherine: Full Body é um jogo bonito e estiloso, que não demonstra sua idade, especialmente se você gosta de sua estética animê.

A história é contada em três formas diferentes. Uma delas são animês plenamente realizados, que está no nível de qualidade de um desenho japonês lançado no cinema. Em outras cenas, o visual muda para a computação gráfica tradicional de um videogame. Embora role um estranhamento na mudança da arte, ainda é bonito e estiloso. As cenas menos importantes são contadas com os gráficos do jogo e quase sem animações. Todas elas, no entanto, são totalmente faladas (em inglês ou japonês), e todo o elenco original voltou para gravar as novas cenas, que foram perfeitamente incorporadas na história.

EMPURRANDO QUADRADOS

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O jogo segue uma rotina bem estabelecida. De dia, é história (e vou falar mais de como isso funciona a seguir). De noite, é o que podemos chamar de um game mais tradicional.
Basicamente, envolve empurrar quadrados para fazer escadas e escalar uma enorme torre.

Esta é a parte que no jogo original aparentemente era ridiculamente difícil e que me manteve afastado dele até hoje. Felizmente, esta edição Full Body se preocupa com a acessibilidade e deixa você jogar como quiser. Há várias dificuldades diferentes, inclusive um modo remix que deixa os puzzles ainda mais complicados, criando degraus em formatos diferentes, e não apenas quadrados. Eu joguei no easy e os puzzles ficaram agradáveis e divertidos. Ainda tem uma dificuldade mais baixa (chamada safety) e algumas mais altas.

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O mais legal é que, se você de fato só se importar com a história, é possível pular os puzzles completamente, ou mesmo usar o autoplay, que permite pular obstáculos pontuais na torre, e retormar o controle a seguir. Eu não usei nenhum destes artifícios, mas a simples existência deles me deixou bem mais tranquilo, pois sabia que eu não seria impedido de ver o final da história por causa de um desafio pentelho.

A IRA FEMININA

Esta jogabilidade noturna representa pesadelos mortais que homens infiéis estão sofrendo. Entre as fases (cada noite é dividida em alguns estágios), você pode conversar com outros personagens, que você enxerga como ovelhas, e trocar dicas e ideias em geral com eles.

O mais legal é que isso se encaixa na jogabilidade diurna. Todo dia, Vincent e seus colegas vão a um bar. Lá, você pode conversar não apenas com seus amigos, mas com qualquer pessoa que esteja presente. E vários dos clientes também estão tendo pesadelos, e são identificados por coisas como chapéus ou gravatas. Os personagens não lembram exatamente dos pesadelos, mas têm a sensação de que se conheceram antes.

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No bar com os coleguinhas.

Conversar no bar faz o tempo avançar, e isso faz com que alguns clientes vão embora e outros cheguem. Então não dá para conversar com todo mundo. Você também pode beber, e cada vez que termina um copo, o narrador manda uma trivia da bebida em questão. É bem interessante, especialmente para os admiradores de uma diversão etílica.

RESPONSABILIDADES X DIVERSÃO

Interessante, aliás, é uma boa forma de classificar a história de Catherine. Acredito que a imensa maioria dos homens já passou por algo semelhante ao que ele conta, e o jogo combina bem pérolas filosóficas e aquele humor escrachado tradicional japonês. As caras que o Vincent faz, em especial, são impagáveis.

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Quem nunca fez essa cara de manhã?

Meu principal problema com ele é que o Vincent é um tanto banana demais. Sim, é verdade que homens em geral são um tanto indefesos diante de avanços femininos, mas o nosso herói desde o início não tem interesse na Catherine (a amante), mas parece totalmente incapaz de falar isso para ela.

Ao mesmo tempo, Katherine (a namorada) representa a vida adulta e as responsabilidades de uma forma um tanto exagerada. Ela aparece apenas vomitando regras e limitações, e convenhamos que nenhum relacionamento sobreviveria desta forma.

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Esta é Rin, a nova personagem.

Por fim, suas decisões são representadas por um medidor que tem em suas pontas um anjinho e um diabinho. Uma história como esta não deveria ser dividida em bem e mal. Afinal, nem sempre continuar com a namorada atual é a melhor opção para os envolvidos. Às vezes separar é melhor para todo mundo, e isso não torna ninguém necessariamente malvado. Catherine ganharia em ser um pouco menos moralista.

CATARINA

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As três Catherines aparecem na tela título.

No final das contas, estas minhas últimas críticas podem acabar sendo atribuídas a diferenças culturais. Catherine é, obviamente, uma história japonesa, e a forma como eles lidam com relacionamentos é diferente da nossa. Para nós, Vincent parece um banana, mas se você o compara a protagonistas de filmes românticos japoneses, ele não é tão diferente.

De qualquer forma, fico muito feliz de ter tido esta oportunidade de curtir Catherine sem precisar lidar com a frustração e os bloqueios que acompanhavam o jogo originalmente. Isso mostra como permitir que as pessoas interajam com obras culturais da forma que desejarem não afeta suas intenções artísticas. Se pelo menos outras desenvolvedoras japonesas percebessem isso…

Catherine: Full Body foi analisado através de um código de review de PS4 enviado gratuitamente pela Sega of America.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-catherine-full-body-reviewDisponível: PS4<br> Desenvolvedora: ATLUS<br> Editora: ATLUS<br> Lançamento: 3 de setembro de 2019<br> Preço: ‘Heart’s Desire’ Premium Edition USD$79.99, Standard Edition USD$59.99<br> Gênero: Puzzle narrativo<br>