E não é que depois que eu falei de remakes não estadunidenses na resenha de Inseparáveis, parece que a onda está se alastrando? Afinal, poucas semanas depois chega aos nossos cinemas Uma Família de Dois. E adivinha só? Ele também é refilmagem de outro longa e não foi produzido na terra do tio Sam.

Trata-se de uma co-produção entre França e Reino Unido que adapta o filme mexicano Não Aceitamos Devoluções (2013), que veja só você, tem até resenha delfiana! E isso facilita bastante meu trabalho, pois tudo que eu disse nela se aplica também nesta nova produção. Então vai, clica lá no link e leia ou releia a dita cuja.

Mas calma, esta resenha não terá apenas dois parágrafos. Embora eu não vá repetir o que disse no meu texto da película mexicana, preciso esclarecer alguns pontos. Tipo, por que o outro filme levou quatro Alfredos e este apenas três? Mas antes, falemos das pequenas diferenças.

Óbvio, a principal é a ambientação. Omar Sy é Samuel, um vida-boa do litoral francês que curte a vida adoidado. Um belo dia, um caso do passado aparece com um bebê a tiracolo e o larga com ele, dando no pé de volta para Londres. Samuel vai atrás, mas não consegue encontrar a mãe da criança. Daí, ele acaba ficando por lá para criar a menina com um trabalho de dublê de cenas perigosas numa série de televisão local.

Assim, sai a trama passada entre México e EUA do original, substituída por França e Inglaterra. O dramalhão mais pesado típico da terra do Chaves também é acentuado para algo menos exagerado, ainda que continue havendo momentos bastante pesados e deprês.

De resto, é absolutamente tudo igual, a mesma condução, o mesmo desenvolvimento, até mesmo alguns cenários são bastante similares. É, sem tirar nem pôr, o mesmo filme, apenas passado em outro país, trocando o espanhol pelo francês, ainda que ambos também tenham algumas partes em inglês.

Talvez a vantagem deste seja a presença de Omar Sy, que é puro carisma e sustenta este filme praticamente sozinho. E veja só que curioso: ele estrelou Intocáveis, o original que rendeu a versão argentina Inseparáveis, e agora muda de lado estando na refilmagem e não no original. O que isso quer dizer? Absolutamente nada!

Contudo, diferente de Inseparáveis, que para mim foi um remake tão bom quanto o original, não tive a mesma sensação neste caso, mesmo sendo ele praticamente igual à fonte. Simplesmente não gostei dele tanto quanto do mexicano. Talvez seja o tipo de história que não sustenta uma reassistida, não tendo o mesmo impacto da primeira vez. Talvez aí o fator surpresa faça alguma diferença. Sinceramente, não sei.

Só sei que ainda assim Uma Família de Dois é legalzinho e pode ser visto numa boa, principalmente por aqueles que não assistiram ao original ou pelo cinéfilo que gosta de fazer comparações entre a adaptação e o original. Só não vale dizer que você já viu este filme antes!

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
uma-familia-de-dois-mostra-uma-diferente-relacao-entre-pai-e-filhaTítulo original: Demain Tout Commence<br> País: França/Reino Unido<br> Ano: 2016<br> Gênero: Dramédia<br> Duração: 118 minutos<br> Distribuidora: Paris Filmes<br> Direção: Hugo Gélin<br> Roteiro: Hugo Gélin, Mathieu Oullion e Jean-André Yerles<br> Elenco: Omar Sy, Clémence Poésy e Antoine Bertrand.