Vanquish

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Existe algum delfonauta que não gosta de explosões? Acredito que não, certo? A mesmo coisa pode ser dita de cenas de ação exageradas, pintudices variadas e mulheres com pouca roupa. Se tem algo que define o gosto do público e equipe do DELFOS é a combinação destes fatores em uma única obra coesa. E, meu amigo, Vanquish não só tem tudo isso, como faz esse conjunto funcionar fantasticamente bem, sendo, desde já, um dos melhores jogos da história.

PINTUDICE DO PROTAGONISTA

Você controla Sam Gideon, um cientista bombado, pintudo e com voz rouca que criou uma roupa que o deixa ainda mais pintudo. Essa roupa o torna praticamente um super-robô invencível, cujas habilidades, embora não sejam inéditas, funcionam excepcionalmente bem aqui.

Para começar, temos o bom e velho bullet-time, a popular câmera lenta tão comum hoje em dia. Ela pode ser ativada manualmente, para que você crie seus próprios momentos cinemáticos, ou então automaticamente, quando você está próximo à morte, para te dar uma chance de escapar e se recuperar. A roupa também tem um boost que nada mais é do que uma deslizada ultra-rápida e estilosa. Atire durante este boost e a câmera lenta será ativada.

Ambas as habilidades usam a mesma barra de poder, que se recupera sozinha em alguns segundos, mas caso você exagere na pintudice, a roupa superaquece, deixando-o sem essas habilidades por mais tempo.

Outra coisa que a roupa faz é copiar matéria. Viu uma arma que você gostou no chão? Escaneie-a e ela será sua. Isso significa que todas as armas do jogo são praticamente parte da sua roupa e, quando você troca de arma, leva de brinde uma animação legalzuda que mostra a sua arma se transformando em outra. Isso, por si só, já é legal pra burro, mas em alguns momentos é impossível não soltar um hell, yeah. Por exemplo, transforme sua metralhadora em um lança-foguetes, e observe ela crescendo. E crescendo. E crescendo ainda mais. Hell, yeah, big fuckin’ guns!

Dependendo da arma que você terá equipada, também terá um melée attack específico. O padrão da metralhadora, é uma sequência humilhante de golpes que lembra os ultra combos de Street Fighter 4. Outros também lembram os combos da Capcom, então se prepare para distribuir shouryukens e facões como se não houvesse carregamento de dois segundos.

Todos os melées são absurdamente fortes, capazes de matar 90% dos inimigos do jogo com um único golpe. Tanto poder, claro, vem com um preço, e uma única usada de um deles superaquece a roupa, te deixando incapaz de dar um boost ou acionar a câmera lenta por algum tempo.

PINTUDICE DAS CENAS DE AÇÃO

A crítica mais comum a Vanquish é que ele dura pouco. Dizem por aí que a campanha dura apenas cinco horas. A minha durou nove, mas sei que jogo bem mais devagar do que a maior parte das pessoas, então concordo com essa crítica.

Vanquish é um jogo relativamente curto, mas é adrenalina do começo ao fim. A ação não para por um segundo e, quando você acha que não dá para ficar mais pintudo, uma parte do cenário explode e começa a cair em cima de você, ou então aparece um robô gigante transformer te atacando. Acha pouco? Em determinado momento, você vai lutar com DOIS robôs do tamanho de prédios ao mesmo tempo.

A ação é linda o tempo todo, seja pelos seus movimentos estilosos, pelos cenários sci fi coloridos e detalhados ou especialmente pelas explosões que acontecem o TEMPO TODO! Sempre tem alguma coisa explodindo em Vanquish, seja um inimigo derrotado, uma parte do cenário ou você mesmo quando morre. E espere só para ver a escala da explosão de um dos robôs gigantes supracitados. O troço é tão exagerado e brilhante que fica difícil não fechar os olhos quando a sua tela inteira for engalfinhada em uma explosão do tamanho de um prédio!

A ação ainda conta com cenas esquema fatality, em que você tem que apertar os botões de acordo com o que aparece na tela. E, se o jogo inteiro é um absurdo de pintudice, dá para imaginar o naipe disso. Já pensou em escalar um robô de 30 metros e encher a cabeça dele de sopapos na velocidade da luz? Isso é uma das muitas coisas legais que você vai fazer na curta carreira de Vanquish.

Na maior parte dos jogos hoje em dia, as desenvolvedoras colocam um monte de coisas que serve só para aumentar o tempo de jogo, como empurração de caixas, backtracking e coisas assim. Vanquish não tem nada disso. Pode até durar apenas cinco horas para você, mas serão cinco horas da mais pura diversão gamer, sem filler e sem nenhum momento entediante, ou mesmo “tranquilo”.

TROFÉUS PINTUDOS

O clima de diversão descompromissada é passado até mesmo para os troféus. Esqueça grinding, farming e todas as coisas pentelhas que todo jogador da geração atual já viu.

Os troféus aqui são pequenos desafios específicos para cada arma ou cada fase. Por exemplo, na fase em que você luta com os dois Transformers, você precisa permitir que ambos virem robôs gigantes antes de destruí-los. Um exemplo dos de armas é matar três inimigos com um só lança-foguetes. Outros que vale a pena citar: o “desejo de morrer”, que exige que você mate três inimigos quando a câmera lenta for ativada porque seu personagem está perto da morte. Um último que eu achei bem legal é usar o boost até o último momento possível sem superaquecer a roupa.

Os troféus são tão divertidos que, enquanto jogava, assim que conseguia um, imediatamente abria a lista para ver qual seria o próximo em que me concentraria. E fazia cada um deles com um sorriso no rosto, sentindo que, pela primeira vez, os troféus não estavam sendo uma “obrigação” chata, mas turbinando a diversão, como realmente deveria ser.

Nenhum deles é daquele tipo “faça determinada ação 50 vezes”, o que impede que o tédio e o grinding tomem conta da diversão. A única exceção que pode exigir algum tipo de farming é um que diz para matar 100 inimigos com o melée. Só que usar o melée é tão legal que eu acabei ganhando esse sem nem mesmo forçar o uso dele, e o destravei muito antes da campanha terminar.

Ok, de fato nem todos são tão divertidos, e pouquíssimas pessoas vão conseguir platinar Vanquish, pois eles acabaram cometendo, em dois únicos troféus, dois dos sete pecados capitais.

Um deles é o popular “pegue um monte de porcaria aleatória”. As porcarias aleatórias aqui são 112 diminutas estátuas. Tão diminutas, e tão escondidas, aliás, que eu devo ter achado menos de 10 durante minha primeira jogada.

O outro pecado é o da frustração, pois Vanquish traz seis challenges longuíssimos, dificílimos e sem checkpoints. O troféu relacionado a estes challenges está sendo considerado internet afora um dos troféus mais difíceis que existem por aí.

De qualquer forma, são apenas dois troféus chatos em um universo de uns 50. Que outro jogo propõe tantos desafios legais, que jamais parecem obrigações? Eu, sinceramente, nunca vi outro. Mesmo que você não se importe com troféus, vale a pena ir atrás dos de Vanquish pela simples diversão de conquistá-los.

HISTÓRIA

A história é um lixo, e justamente por isso é legalzuda pra dedéu. Manja Machete? É naquela linha, de “você precisa entrar na brincadeira pra curtir”.

O troço é bem old-school. Os russos malvadões atacam os estadunidenses bonzinhos. Big mistake, claro, pois ninguém é mais pintudo que os EUA – e os russos vão se arrepender disso. Mais anos 80 impossível. Mais imbecil impossível. Mais divertido impossível.

Da “mulher inútil, porém gostosa” com sua curtíssima saia praticamente na altura do umbigo, ao coronel Burns, que tem tanto músculo que mal parece uma pessoa, o troço é tão ridiculamente macho que eu cheguei a gargalhar alto em várias cenas. Vanquish é o Manowar dos jogos de videogame e, como tal, é imperdível.

Tudo fica ainda mais divertido pelas terríveis interpretações. E, de novo, esse terrível é ótimo, porque tem tudo a ver com o clima “lixo genial à Tropas Estelares” de Vanquish. O protagonista e o coronel Burns, por exemplo, parecem estar numa competição eterna para ver quem fala mais rouco e quem age mais como um troglodita.

CONCLUSÃO

Tivesse saído uns anos atrás, antes de Gears of War, tenho certeza que Vanquish teria levado para si o status de divisor de águas do game estrelado por Marcus Fenix. Isso, claro, não aconteceu, mas mesmo saindo um tempo depois, Vanquish é, em minha opinião, o game de tiro a destronar Gears como o mais divertido já lançado.

Se você gosta de pintudice generalizada, explosões a rodo e jogos de ação sem absolutamente nenhuma enrolação, Vanquish é o melhor jogo a abençoar a geração atual de consoles. É a maior diversão que eu já tive com um controle nas mãos e fico torcendo para que o título vire uma longa e prolífica série de jogos, pois o potencial aqui é ilimitado.

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