Super Smash Bros. for Wii U

0

Super Smash Bros. for Wii U é o game que mais gerou expectativa em 2014 para os fãs da Nintendo. Quem pôde acompanhar, sabe que a estratégia de marketing da empresa foi agressiva. Antes, com Brawl, de 2009, o antecessor da franquia, a empresa não contava com tantos recursos diferentes para nos informar sobre Smash Bros. Para o Smash do Wii U, ela abusou de anúncios pela Nintendo Direct, que é um streaming de vídeo ao vivo com informações novas sobre os jogos, sempre com novos personagens. Ela também usou diversas mensagens nos seus videogames para informar os jogadores. E, para completar o hype, a versão do jogo para 3DS saiu antes, e todo mundo queria saber quais seriam os diferenciais do Wii U.

Super Smash Bros. se tornou ao longo dos anos uma franquia competitiva que tem uma enorme comunidade de jogadores que deseja muitas coisas. Mesmo eu, que nunca tentei participar de campeonatos ou coisas assim, venho jogando desde os nove anos de idade. Meus melhores amigos de infância jogavam isso aqui. Nós nos reuníamos durante finais de semana inteiros só para jogar Smash. Um amigo, tão fanático pelo jogo quanto eu, troca informações e joga comigo de vez em quando. Nós nos formamos em faculdades diferentes, entramos de cara na vida adulta (ele até está noivo agora!), mas Super Smash Bros. é uma constante em nossas vidas.

Para mim, no entanto, Smash Bros. foi perdendo a sua diversão ao longo dos anos, por alguns motivos. O principal foi que o jogo começou a ter mais informações do que é humanamente possível de entender. Itens adicionais como Final Smash e Assist Trophies, somadas aos estádios que mudam de formas constantemente, tornaram a jogatina mais aleatória, mas também bem difícil de acompanhar. Além disso, o Smash Bros. original contava com diversos gritos da plateia, como o nome do seu personagem quando você fazia algo muito legal ou idiota. Nas sequências (Melee e Brawl), isso continuou, mas sem tanto destaque – a diversão proporcionada pela smash party ficou um pouco diferente. E, para completar, antes, os efeitos de ataque e explosões eram mais exagerados, gerando um “game feel” mais divertido e descompromissado, necessários à temática.

Pensando nisso tudo, Super Smash Bros. for Wii U é muitas coisas. Para começar, ele parece ter um equilíbrio bacana entre o que os jogadores hardcore querem e o que os “jogadores casuais” poderiam gostar. A jogabilidade está muito melhor do que Brawl: é mais fácil acertar os oponentes, os controles fluem melhor, o método de segurar nas pontas dos estádios mudou e personagens antes chatos, como Pit, sofreram alterações que os tornaram melhores. O apelo “casual” está em modos como o Smash Tour, que claramente é voltado para sessões entre amigos, namoradas, até família, bem como o 8-player-smash, que como o nome diz traz a possibilidade de oito pessoas (com ou sem bots) jogarem ao mesmo tempo.

Já os estádios desenvolvidos para este jogo e os que voltam dos anteriores (Brawl, Melee e o original do Nintendo 64) mostram que há uma predominância por aqueles que são “menos homicidas” com os jogadores. Porém, há ainda uma quantidade de estádios suficiente para irritar o jogador que quer lutar com os oponentes sem ter de se preocupar em sobreviver à fase, como é o caso do estádio em que Ridley, o dragão arqui-inimigo da série Metroid, aparece. O problema é que essas fases não apetecem nem aos jogadores hardcore, que desejam colocar em prática todas as técnicas e táticas que conhecem, nem aos casuais, que se já tem dificuldade em encontrarem seu personagem na tela, terão mais ainda enquanto levam ataques aleatórios de um dragão gigante. Ridley era um dos personagens que os fãs queriam, e a forma que Sakurai e sua equipe encontraram de representá-lo no jogo foi, infelizmente, indesejada.

DOIS EXTREMOS

O tradicional modo competitivo 1×1, sem itens, da maneira como é jogado em torneios, contrasta bastante com o caótico 8-player-smash (seja com ou sem itens), que aparece pela primeira vez em Super Smash Bros.. Os dois são muito divertidos e há enormes possibilidades e variações para cada um. A série sempre foi conhecida por ter opções customizáveis ao extremo, mas ninguém poderia imaginar quão longe o produtor Sakurai e a desenvolvedora Namco Bandai iriam chegar neste jogo do Wii U. É impossível jogar sequer uma partida que ofereça experiência igual à anterior, seja de uma maneira mais competitiva ou “bagunçada”, cheia de itens e personagens na tela.

Neste jogo e na versão do 3DS, é possível customizar os ataques dos personagens, além de equipá-los com itens que dão mais velocidade a eles, o que dá mais possibilidades estratégicas e nuances interessantes na forma como se joga com cada um deles. Particularmente, gostei bastante de como isso foi feito para a criação de personagens Mii, que já têm todas as habilidades liberadas logo de início (para os personagens tradicionais, com exceção da Palutena, é preciso habilitar os custom specials conforme seu progresso nos diversos modos do jogo).

Ao mesmo tempo em que os custom specials dão uma longevidade ainda maior a um jogo que já possui 49 personagens (sem contar os Miis), eles também parecem tomar uma grande atenção do jogador, quando o foco poderia ser outro. Para liberar essas habilidades, é inevitável jogar frequentemente nos diversos modos de jogo, vários dos quais eu não poderia estar menos interessado. Desses, o mais sofrível é o Smash Tour, um jogo de tabuleiro no qual você e seus amigos coletam itens e personagens para, ao final, ter uma batalha utilizando tudo o que coletaram. Difícil de entender, excessivamente longo e com pouco foco nas lutas, que é o que faz Super Smash Bros. ser divertido.

Mas não para por aí! O modo clássico sofreu algumas alterações e está bacana, mas ainda assim é uma experiência bem parecida com tudo o que foi oferecido antes: uma sequência de batalhas com as mais variadas condições de jogo. Voltam ainda o All-Star Mode e o Stadium (com os modos Target Blast, Home-Run Contest e Multi-Man Smash), quase todos iguais aos modos de Brawl. Novos modos mesmo são o Master e Crazy Orders, batalhas em condições especiais, as quais você deve apostar em si mesmo pagando um preço em moedas ou tickets que coleta durante o jogo para acessar. Se for bem, habilita diversos prêmios (equipamentos, troféus, custom specials), mas se perder, é punido, perdendo alguns dos itens ou tudo o que conquistou.

É esta a grande sacanagem, em minha opinião. Para aproveitar todo o conteúdo legal e novo desta versão, os custom specials, é necessário jogar muito nos diversos modos de jogo que, particularmente, nunca achei tão divertidos assim. Sempre preferi um bom quebra-pau tradicional com os amigos, seja em 1×1, 2×2, ou agora, com 4×4. Por isso, acho que os custom specials deveriam ter sido liberados logo de início. É legal tentar os diferentes modos de vez em quando, especialmente o Event Mode, que apesar de difícil, oferece desafios legais, mas o jogo força a jogá-los sempre, quando isso deveria ser opcional. Imagine se os custom specials fossem liberados da mesma forma que os personagens secretos, jogando multiplayer. Seria a oportunidade para quem prefere só jogar Smash do jeito tradicional.

Há ainda a possibilidade de testar trechos de jogos clássicos da Nintendo, o que serve para conhecer brevemente a história dessas franquias (tem até uma curta demo de Mega Man 2). Os troféus e os desafios voltam para ocupar o mesmo espaço desnecessário que sempre ocuparam, solicitando que você pratique ações às vezes muito difíceis, ou aleatórias, para conseguir completá-los.

PERSONAGENS

Este Smash Bros. tem o melhor roster de todos os jogos, e está anos-luz à frente de Brawl. Os novos personagens trazem novas possibilidades de gameplay e estratégias bem diferentes para jogar. Alguns já viraram meus favoritos. Além dos óbvios Pac-man e Mega Man, mascotes de third parties que são um sonho realizado no Smash, Rosalina, Little Mac, Villager, Wii Fit Trainer (sério!) e Bowser Jr. são personagens que realmente fazem a diferença neste jogo.

ASPECTOS TÉCNICOS

Em 1080p e 60 frames por segundo, é o jogo mais bonito da franquia e, graças à resolução alta, torna mais fácil visualizar tudo o que acontece na tela. A opção de escolher as músicas que tocam em cada estádio volta, e elas são remixes ou as versões originais de clássicos da Nintendo e das franquias das third parties representadas aqui. Diria que a direção de arte e qualidade visual, de uma maneira geral, me lembra bastante o que Donkey Kong Country: Tropical Freeze alcançou. Ah, o gamepad é usado para criar estádios novos ou para jogar sem usar a TV. Boas opções, que funcionam de maneira adequada e não tentam encaixar um gimmick onde não há espaço.

CONCLUSÃO

Super Smash Bros. for Wii U oferece muito mais conteúdo do que provavelmente você possa (ou queira) absorver, mas isto não tem de ser negativo. Da mesma forma que a enorme quantidade de modos de jogo e opções de customização assustam um pouco de início (é difícil saber por onde começar a jogar), elas também permitem que qualquer pessoa se divirta da maneira que quiser, quando quiser. Não me lembro de rir tanto com amigos jogando um Smash desde o Smash do 64, mas ao mesmo tempo, não jogava tão bem e me interessava em melhorar desde Melee. Porém, é fato que a franquia mudou, e não se mantém mais no alicerce inicial, simples e genial, que era de simplesmente ver seus personagens favoritos lutando na mesma tela.

Smash agora é mais competitivo, mais difícil, em partes, e cheio de coisas para fazer. Só o tempo dirá por quanto tempo ele irá sobreviver nas mãos de jogadores fanáticos pela franquia, mas por ora, temos o lançamento mais divertido de 2014 para Wii U – e um dos mais caprichados também.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorAs melhores séries de 2014
Próximo artigoDying Light
Daniel Villela
Daniel adora heavy metal, rock progressivo e Frank Zappa, jogos de FPS, aventura, plataforma e RPG, é fanático pelo MCU, curte séries de TV como Mad Men, Breaking Bad, Demolidor, 24 Horas, Friends e The IT Crowd. No lado profissional, é formado em Jornalismo, pós-graduado em Comunicação Empresarial e trabalha na área de Marketing.
super-smash-bros-for-wii-uAno: 2014<br> Gênero: Luta/plataforma<br> Preco: U$ 60,00<br> Plataforma: Wii U e 3DS<br> Fabricante: Nintendo EAD; Namco Bandai<br> Versao: Wii U<br> Distribuidor: Nintendo<br>