Cada um reage à morte de um jeito diferente. Quando se trata do falecimento de um ente querido, isso se torna ainda mais aparente. Não importa sua nacionalidade, cultura, religião ou falta dela. O processo de luto é algo muito peculiar a cada indivíduo, como bem comprova Shivá: Uma Semana e Um Dia.

Eyal, sujeito de meia-idade, acaba de perder o filho. O filme começa no final do (ou seria da?) Shivá, o período de sete dias de luto respeitado pelos judeus quando da morte de uma pessoa próxima.

Sua esposa Vicky quer que eles retomem sua rotina normal imediatamente. Porém Eyal ainda não está legal. Quando ele encontra um pacote de maconha medicinal do finado filho, decide que o melhor a fazer é fumá-la na companhia de Zooler, o filho dos vizinhos (que tem uma idade próxima à do próprio rebento). E por incrível que pareça, isso o colocará no processo de recuperação.

Claro, não se trata só de fumar a erva. O próprio convívio com Zooler, que já foi amigo de seu filho, assim como os pais deste também já foram amigos de Eyal e Vicky (até que alguma coisa deu errado), também ajudará bastante nesse processo.

O filme trata de um tema pesado com bastante delicadeza e bom humor. Há diversos momentos bem engraçados e capazes de arrancar risadas. A maioria deles protagonizado por Zooler, que faz o estilo “jovem bobo e sem noção”.

Delfos, Shivá: Uma Semana e Um Dia, Cartaz

Aliás, este filme me lembrou uma versão mais light e bem humorada do excelente O Quarto do Filho (2001), de Nanni Moretti, que trata exatamente do mesmo tema.

Talvez até mesmo por isso eu tenha simpatizado com o longa, mas também não o tenha achado algo tão especial assim. Afinal, em comparação, O Quarto do Filho é bem melhor. Ainda que, como já disse, a pegada deste seja intencionalmente mais leve, com mais humor.

Ele tem a seu favor o fato de ser uma produção israelense, algo não muito comum a dar as caras em nossos cinemas. Eu mesmo só me lembro de ter assistido a um filme do país antes deste aqui. Daí, se você gosta de prestar atenção em detalhes e diferenças culturais, ele acaba ganhando algo a mais nesse sentido.

Seja como for, Shivá: Uma Semana e Um Dia é um filme bem bacana. E com coração. Se você gosta de uma boa dramédia, que não se furta a fazer graça com um tema difícil, pode assistir que certamente irá gostar.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
shiva-uma-semana-e-um-diaTítulo: Shavua ve Yom<br> País: Israel<br> Ano: 2016<br> Gênero: Dramédia<br> Duração: 98 minutos<br> Distribuidora: Imovision<br> Diretor: Asaph Polonsky<br> Roteiro: Asaph Polonsky<br> Elenco: Sharon Alexander, Shai Avivi e Evgenia Dodina.