Embora eu não seja nenhum patriota, eu sempre acho muito legal receber um material de uma banda nacional. E acho mais legal ainda quando recebo material de uma banda perto de onde eu moro. É o caso do Lusferus, uma banda de black metal de Ribeirão Preto, uma das maiores cidades do interior paulista e que fica pertinho do meu local de moradia. Então confesso que já senti uma simpatia por eles logo de cara.
Apesar desta simpatia, eu também estava um tanto receoso ao colocar o disco para tocar. O black metal é um gênero bastante abrangente e embora bandas como Immortal e Summoning estejam entre as minhas preferidas de todos os tempos, as que optam por um som mais cru não me agradam tanto. Como eu nunca tinha ouvido nada do Lusferus antes, não sabia para qual dos dois lados ia ser. Felizmente, meus receios eram infundados.
Desolation’s Theme é um álbum bastante complexo. Assim como todo bom disco de black metal, suas composições são pesadas e agressivas, com vocais que parecem saídos de uma caverna gelada da Escandinávia, mas o álbum também é incrivelmente limpo, e bem produzido. Apesar da velocidade raivosa, dá pra ouvir cada nota, cada riff e cada palavra com grande clareza e em perfeita harmonia, mas sem acabar descambando para o lado mais sinfônico do gênero (aquele cheio de teclados sintetizados).
Outra coisa que dá para perceber é que os caras não tiveram medo de incrementar sua música com elementos pouco ortodoxos. A faixa Luciférico Hino, por exemplo, possui um pequeno interlúdio acústico, que depois continua sendo tocado em parceria com a guitarra por mais um tempo, até o vocalista soltar um grito gélido e a canção continuar em seu todo o seu nevasco esplendor. Já The Throne possui um coro com vocais limpos muito legal.
Outra faixa que vale destacar é Apostasy, a faixa que encerra o disco e que tem participação de Paolo Bruno, vocalista e guitarrista do Desdominous. Você confere um lyric video dela aí embaixo.
Desolation’s Theme é realmente um álbum muito caprichado e muito bem trabalhado, com uma qualidade difícil de ser ver em várias bandas de black metal por aí. Às vezes acho difícil acreditar que este é apenas o terceiro álbum do Lusferus, pois parece que eles já fizeram centenas deles até se tornarem mestres na arte de fazer discos.
Se você gosta de black metal, com certeza não vai se arrepender de ir atrás dele. E se você não gosta, recomendo ouvir mesmo assim. Quem sabe ele não abre seus horizontes?
CURIOSIDADES:
– A maravilhosa capa do disco foi desenhada pelo ilustrador brasileiro Rafael Tavares. Você pode vê-la em toda a sua glória aí embaixo, na galeria.
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