Just Dance 2016 e a aventura de um nerd tentando dançar

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Minha relação com jogos musicais é bem longa e frutífera. Na época de outrora, eu era um craque nos jogos de dança antigos, tipo Dance Dance Revolution, aqueles que usavam um tapete, sabe? Afinal, eles eram bem próximos de um game rítmico tradicional e não exigiam uma coordenação motora tão diferente de outros games.

Daí veio o rock de plástico. Como o grande fã de rock que sou, logo abracei estes games, e provavelmente passei mais tempo da minha vida curtindo Rock Band sozinho e com amigos do que com qualquer outro jogo.

O rock de plástico deu um tempo, e os jogos de dança voltaram alguns anos atrás, liderados pela frutífera série Just Dance, que usava as câmeras dos consoles para obrigar os jogadores a chacoalharem o esqueleto de forma bem mais exigente do que os clássicos de tapete da Konami.

Eu não tenho uma câmera nem no PS4 nem no Xbox One e não tenho planos de adquirir uma, então a franquia passou desapercebida pelo DELFOS nos últimos anos. Porém, eis que a Ubisoft, em uma jogada de mestre, disponibiliza o app Just Dance Controller, que possibilita que todo mundo com um celular curta os sucessos da molecada. Agora não tinha mais desculpa e era hora de falar sobre Just Dance por aqui.

UMA CRÔNICA DANÇÁVEL

Porém, como já ficou claro muitas vezes por aqui, eu sou um patetão descoordenado de 1,90 m que mal consegue andar e respirar ao mesmo tempo sem causar acidentes. Como eu iria analisar um jogo de dança com a mesma profundidade que os delfonautas esperam da gente?

A resposta logo se apresentou: eu não faria uma resenha tradicional, mas uma crônica, e para experimentar o jogo chamaria um grupo de amigos, incluindo algumas moças que gostam de dançar e analisaria o quanto eles se divertiriam e como seria a experiência.

Antes disso, no entanto, testei o jogo e o app sozinho para saber o que estava fazendo quando a balada rolasse. Dancei algumas músicas all by myself, e inclusive ganhei o divertido troféu Forever Alone, que é dado para quem dançar sozinho uma música planejada para grupo.

Experimentei todos os modos de jogo e tive uma performance embaraçosa na maioria das músicas, conseguindo um máximo de quatro estrelas. Há o modo tradicional, de escolha uma música e dance, há um modo “quest”, que tem algumas playlists e se assemelha a um modo história, e há também a possibilidade de jogar contra vídeos de jogadores de outras partes do mundo. Eu experimentei jogar contra uma menina europeia e obviamente a moçoila me arrasou.

Por fim, há uma modalidade para queimar calorias, no qual você escolhe uma playlist pré-montada ou faz a sua e ele te diz o tempo de treino e quantas calorias você vai perder.

AS MÚSICAS

Quando dei uma olhada na capa do jogo, percebi que, ao contrário de Guitar Hero e Rock Band, eu conheceria pouquíssimas músicas aqui. Felizmente, além de sucessos de dance e do pop atual, rolam também algumas coisas mais criativas, como músicas de filmes. Temos Under The Sea, de A Pequena Sereia e até algumas que reproduzem fielmente a coreografia dos filmes, como faixas extraídas de Pulp Fiction e Grease, mostrando que a turminha da Ubisoft realmente curte o John Travolta.

Essas foram as que eu mais gostei, mas também gostei muito de uma chamada Spectronizer, que usa referências diretas dos clássicos Tokusatsus que a gente tanto gosta aqui no DELFOS.

Uma outra que chamou a atenção foi um remix do tema de Angry Birds em uma formação para quarteto. Há também um monte de músicas de nomes famosos como Katy Perry, Demi Lovato, Kelly Clarkson, Britney Spears e Lady Gaga, mas admito que conhecia a maioria dessas cantoras apenas pelo nome ou, em alguns casos, pelos alimentos que as acompanhariam bem, como hambúrguer gourmet no caso da Katy Perry.

Jogo testado, voltei para os meus games de menino enquanto esperava a hora da balada nervosa começar.

UMA BALADA CASEIRA

Convidamos três casais de amigos para uma noite regada a muita dança e a hambúrgueres caseiros (o hambúrguer que nós fazemos aqui em casa é modéstia à parte digno de hamburgueria). Empurramos o sofá da sala, viramos o tapete, conectamos o celular de todo mundo no Wi-fi aqui de casa e agora era hora de balançar o bumbum.

É possível dançar em até seis pessoas ao mesmo tempo, mas as coreografias são criadas para um, dois, três ou quatro dançarinos. Se houver mais do que o planejado dançando, o que acontece é que algumas pessoas vão fazer os mesmos passos. E dançar uma coreografia feita para quatro em seis é caoticamente divertido.

Acontece que as coreografias grupais envolvem toques e interações entre os dançarinos. Uma dança feita para casal, por exemplo, pode exigir que a moçoila pule nos braços do rapaz e que ele gire enquanto carrega ela. E é muito engraçado ver e fazer isso.

Em determinado momento, estávamos dançando uma coreografia para quatro mulheres em quatro caras, e a minha dançarina teve que deitar no chão e levantar as perninhas enquanto outra jogava o peso nos pés da deitada. Isso já seria engraçado com quatro mulheres, como foi originalmente planejado. Com quatro caras então, fica ridículo. Mas um ridículo muito divertido.

Este é um dos raros casos que é tão divertido jogar quanto assistir aos outros jogando. É muito engraçado quando os dançarinos trocam de lugar e as pessoas que estão jogando ficam todas confusas e perdidas. Admito que ri mais nessa noite do que há muito tempo não ria.

Fizemos danças de todas as formas que conseguimos pensar. Competições entre casais, caras dançando coreografias de mulheres e vice-versa e até danças individuais em seis pessoas. É consideravelmente mais legal jogar as músicas para grupo do que as individuais. Afinal, se todo mundo faz os mesmos passos, não há a interação entre os dançarinos que é o que normalmente leva todo mundo às gargalhadas. Um momento especialmente bonitinho foi quando todas as meninas dançaram juntas Under The Sea.

Também é possível conectar um microfone para alguém cantar, e assim ganhar pontos bônus. Testamos a função com o microfone do Guitar Hero para alguém que não estivesse dançando cantar, e também com um headset, para as pessoas dançarem e cantarem, o que as moças que tentaram disseram que era bem difícil.

Eu tentei cantar no microfone do Guitar Hero mesmo uma música do One Direction que nunca tinha ouvido antes e, tirando o fato de que não conhecia a música, achei a experiência bem parecida com a de cantar em um Rock Band ou, claro, em um karaokê qualquer.

SÓ DANÇA

Admito que eu me diverti mais nesta baladinha caseira do que achava que me divertiria e pelo que percebi, todo mundo que compareceu saiu feliz, tendo rido e se divertido muito. Just Dance 2016 não é algo que eu vou jogar com muita frequência. Ele não conecta comigo como um Rock Band ou Guitar Hero fazem.

Além disso, o rock de plástico já é extremamente divertido sozinho e fica mais divertido em grupo. Just Dance já é um típico party game, que faz mais sentido ser jogado com a maior quantidade de pessoas possível e simplesmente curtir a bagunça e rir dos seus amigos.

Assim, se você recebe pessoas com frequência na sua casa, é uma recomendação fácil, mesmo se for um gamer mais tradicional, como eu. Se eu, que nunca gostei de baladas, danças e muita gente no mesmo lugar, curti a noite com Just Dance 2016, quem curte essas coisas pode ter alguns dos momentos mais divertidos do ano.

Agradecimento aos amigos que participaram da nossa baladinha: Tarso Liang, Lydia Gibbons, Ione Higashi, Rafael Evangelista, Alessandra Uemura Vicentini, Hugo Souza e, claro, Cinthia Saito Corrales.