Se você é um delfonauta que mora sozinho ou tem uma família, sabe que gerenciar uma casa não é um trabalho fácil. Se você ainda mora com seus pais, com certeza já ouviu eles reclamarem que gerenciar uma casa não é fácil.

Agora, se gerenciar um mero lar já é um trabalho árduo, imagine gerenciar toda uma colônia de aliens tentando sobreviver em um ambiente inóspito cheio de feras selvagens e onde o próprio ar é venenoso. Pois esta é a proposta de Hypernova: Escape From Hadea, a interessante mistura de RTS, Sim e Tower Defense da ActaLogic, exclusivo para PC.

REQUIEM AO LUAR

No game nós assumimos o controle dos Scythians, uma simpática raça de seres verdes que está fugindo de seu planeta natal, Hadea, pois o sol daquele mundo está prestes a entrar em hypernova. Para escapar do trágico destino, eles precisam construir uma ponte estelar capaz de transportar seus habitantes a um novo lar.

Como não amar um alien que bebe de canudinho?

O problema é que esta ponte só pode ser construída com materiais encontrados exclusivamente na lua de Hadea, Haya, onde poderosas feras habitam e a própria atmosfera é venenosa. Parece um ótimo lugar para se passar o fim de semana, não? Então antes de começar a coletar os materiais, é necessário estabelecer uma colônia com recursos suficientes para tal.

Após uma breve introdução explicando toda esta trama, assumimos o controle da nave-mãe dos Scythians e precisamos escolher um lugar para pousar em um imenso mapa coberto de névoa roxa. Uma vez escolhido o local de pouso, é hora de arregaçar as mangas e começar a construção. Ou melhor, a impressão, pois a nave-mãe também é uma gigantesca impressora 3D. Maneiro, né?

SIM CITY ESPACIAL

Apesar dos gráficos e da trama simples, Hypernova: Escape From Hadea tem uma estrutura bastante complexa.  Todas as estruturas precisam de duas coisas para funcionar: ar e energia. Então é necessário construir primeiro um purificador de ar para retirar a névoa venenosa do local e então um relay, que suga a energia da nave-mãe e redistribui para as demais construções ao redor. Um não funciona sem o outro e ambos têm um alcance limitado, então você vai construir algumas centenas deles ao longo do game.

Bem-vindo a Haya. Não será uma jornada agradável.

Você também precisa construir cabanas para os cidadãos, que precisam de água e comida, e armas para defender seus construtos dos enxames de feras de Haya. Nada disso vem de graça, então é necessário construir robôs mineradores para extraírem cristais das jazidas espalhadas pelo cenário.

Quanto maior sua população fica, mais upgrades vão sendo liberados e inimigos cada vez mais fortes vão aparecendo, o que requer armas cada vez mais fortes e custosas, então é necessário sempre expandir seu domínio cada vez mais e mais.

Só que você não pode ficar construindo as coisas a bel prazer, pois cada construto consome um pouco de energia da nave, que não é renovável (embora você possa expandi-la, mas apenas a certo ponto). Se esta energia acabar, é Game Over, então você vai precisar pensar e analisar bastante o cenário, precisando tirar o máximo de proveito possível de cada construção.

PER ASPERA, AD ASTRA

Uma coisa sobre Hypernova: Escape From Hadea é que ele é um jogo lento, bastante lento. Os tutoriais são um tanto básico demais, então demora um pouco até você aprender todas as manhas dele. Eu confesso que eu mesmo tive que reiniciar o game algumas vezes até conseguir me engajar completamente.

Os recursos demoram uma eternidade para serem adquiridos, mesmo que você tenha vários mineradores trabalhando ao mesmo tempo. E uma vez que as jazidas drenam, demoram bastante para serem renovadas também.

Assim como em muitos RTSs, você precisa pesquisar primeiro um item para que ele fique disponível para uso, mas muitas dessas pesquisas demandam um tempo absurdo de tempo e de cristais, especialmente para construir a ponte estelar. Várias vezes você vai acabar literalmente zerado de recursos e vai ter que passar um bom tempo acumulando mais.

Para ser sincero, a única coisa rápida no jogo é o poder de destruição dos inimigos. E, meu amigo, quando alguns desses bichinhos conseguem passar por suas defesas, pode ter 90% de certeza que as suas baixas vão ser pesadas.

Falando nos inimigos, eles até que são bastante inteligentes. Em geral, eles seguem uma rota fixa, mas se você resolve deixar algum objeto com pouca proteção, eles podem alterar a rota para tentar destruir seu construto, obrigando você a remanejar a sua linha de defesa, o que obviamente é um tanto demorado.

Essa arma? Ela não durou muito…

É possível destruir as cavernas de onde os enxames saem, porém isso só é possível com um único tipo de arma, que é bastante custosa e lenta. E sempre que você tentar fazer isso, os inimigos vão atacá-lo, então é bom ter estas armas bem protegidas.

Toda essa lentidão somada ao poder dos inimigos e à quantidade grande de itens fazem com que Hypernova: Escape From Hadea seja um game bastante longo e desafiador. Como eu sou um iniciante em RTSs, resolvi jogar o game na dificuldade fácil e ainda assim sofri bastante para terminá-lo. E eu vejo que esta lentidão e dificuldade pode afastar vários jogadores e por isso talvez não seja um jogo para todo mundo. Eu mesmo confesso que se eu não tivesse que terminá-lo para esta resenha, provavelmente teria desistido do jogo depois da primeira meia hora.

Mas se você conseguir passar pelo tédio e frustração iniciais, com certeza vai se divertir bastante explorando um mundo bastante criativo e complexo.