Dexter é Delicioso coloca o serial killer contra canibais

Com um limãozinho e uma pitada de sal, fica melhor ainda.

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Delfos, Dexter é Delicioso

Dando seguimento a nossas resenhas da série literária dexteriana, chegamos ao quinto volume, o qual tinha a importante missão de desfazer a má impressão causada pelo tomo anterior, o fraquíssimo Dexter – Design de um Assassino.

Pois este Dexter é Delicioso até que cumpre a missão, embora apenas devolva a série ao patamar geral do apenas razoável, que o autor Jeff Lindsey parece ser completamente incapaz de ultrapassar. Literatura rápida como um fast food, mas plenamente esquecível.

Mas verdade seja dita, é preciso reconhecer que aqui ao menos ele parece ter ouvido uma de minhas principais reclamações, e neste volume desenvolve muito mais a trama, o que já dá para perceber de cara no considerável aumento no número de páginas deste livro para os anteriores.

Toda aquela correria desnecessária que eu tanto reclamava nos outros romances, neste desaparece. Sobretudo o desfecho a jato, que sempre parecia ficar para um número limitado de páginas. Desta vez ele é explorado de maneira bastante orgânica, num ritmo decente, sem pressa. Finalmente!

Delfos, Dexter é Delicioso

Legal também que ele apresenta a sinopse mais exagerada até o momento, o que acaba por combinar muito bem com o humor negro e sarcástico da série, que é também sua maior qualidade. Tal como na série de TV, Dexter virou pai. A diferença é que no livro ele tem uma menina, Lily Anne. E a criança desperta sentimentos verdadeiros no serial killer, o que aplaca seu Passageiro das Trevas e o deixa sem a ânsia de matar.

Desta forma, ele está tentando se adaptar às novas sensações genuínas que experimenta, bem como à mera vida de pai de família, sem apresuntar ninguém à noite. Mas o desaparecimento de uma adolescente vai colocá-lo na rota de uma bizarra turma de canibais metidos a vampiros (sim, é isso mesmo) numa trama tão nonsense que é surpreendente que ela acabe funcionando bem. Como eu disse no parágrafo acima, o negócio é tão absurdo que encaixou bem com o clima humorístico de Jeff Lindsay.

Outra boa novidade é a inclusão de uma trama paralela, que agrega à principal. No caso, o retorno do irmão de Dexter, o temido Assassino do Caminhão Frigorífico, que agora parece apenas querer fazer as pazes com o irmão caçula e ser parte da vida dele e de sua família. Ou não, afinal, ele não segue o Código de Harry. Isso é algo que com certeza deverá ser explorado nos próximos livros e tem potencial para render uma ótima história.

Por finalmente corrigir alguns dos erros de longa data, apostar em uma subtrama para ser desenvolvida aos poucos em volumes posteriores e investir no absurdo, tirando qualquer resquício possível de seriedade, Dexter é Delicioso acaba se provando um dos livros mais divertidos e uma das melhores leituras da série. Mas ainda é uma leitura pouco memorável.

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